No Brasil colonial (1500-1822) a sociedade que se formou em torno dos engenhos de açúcar era relativamente complexa. Havia os senhores do açúcar, os escravos lavradores de cana e os trabalhadores do engenho. Tempos muito duros. Veja nesta aula.
Um dos traços marcantes da Sociedade Açucareira foi a escravidão e ainda uma hierarquia social muito rígida. Então, vamos conhecer um pouco mais sobre este período histórico. É uma aula com o retrato do Brasil colonial. Olhando assim séculos depois pode ser difícil imaginar o que aconteceu.
Mas, até engenhos movidos pela força muscular de escravos eram comuns em pequenas moendas.
Os senhores de engenho eram o grupo dominante na sociedade açucareira. Eram os donos das terras, das máquinas e até dos homens! Possuíam muita riqueza e prestígio.
Eles tinham poder sobre todos os habitantes do engenho: do padre aos escravos, além dos familiares e dos trabalhadores livres. Na sua falta quem exercia tal poder era o filho mais velho. Por isso, dizemos que a família senhorial no Brasil era patriarcal.
Veja na imagem uma cena de época, dos tempos da Sociedade Açucareira no Brasil Colonial, com a família da Casa Grande seguida pelos escravos da Senzala. O quadro ‘Uma família brasileira’ é de uma gravura de Henry Chamberlain, 1819.
Terras, Escravidão, e Açúcar – No seu dia a dia os senhores ocupavam-se com a aquisição de terras, o comércio do açúcar, sua compra e venda, o controle dos escravos, a administração da propriedade, o pagamento dos salários dos trabalhadores livres, os assuntos relacionados aos rebanhos e à lavoura, os problemas domésticos e familiares e a acomodação de hóspedes.
Como você pôde perceber o poder do senhor de engenho perpassava todos os assuntos relacionados à produção de açúcar e à família. Ele controlava tudo e todos!
Mas, você deve estar se perguntando: – O senhor de engenho só ficava nas fazendas de açúcar?
A resposta é não! Os senhores de engenho não viviam isolados nas suas fazendas de cana. Como a produção de açúcar era destinada ao consumo externo, eles estavam sempre em contato com o meio urbano.
Eles negociavam com financiadores e comerciantes do açúcar e também participavam da vida política e administrativa das vilas e cidades (exerciam cargos nos órgãos locais).
Lavradores de cana – Nesta sociedade havia também os donos de canaviais que não eram senhores de engenho. Como montar um engenho exigia muito dinheiro alguns lavradores moíam a cana de suas terras em engenhos alheios – eram os chamados arrendatários.
Estes arrendatários eram aqueles que obtinham o direito de usar provisoriamente uma propriedade mediante o pagamento ao dono das terras. Em troca entregavam parte do açúcar que produziam ao senhor de engenho. O arrendamento das instalações de engenho foi muito comum no período colonial.
Você sabia que havia na época dois tipos de arrendatários? Não? Então, vamos ver quais eram?
- Lavradores de cana obrigada: eram os arrendatários que só podiam moer a cana em determinado engenho.
- Lavradores de cana livre: eram os arrendatários que tinham a liberdade de escolher o engenho que oferecesse as melhores vantagens para o negócio.
Os trabalhadores do engenho – O quadro de trabalhadores do engenho era bastante complexo. Havia os trabalhadores especializados, que eram os trabalhadores livres, e os escravos. Vamos ver alguns deles?
Os feitores eram responsáveis por diferentes tarefas no engenho. Havia o feitor que cuidava da moenda, o feitor encarregado da plantação, o feitor-mor que administrava o engenho (imagem 1), o feitor de campo que vigiava e castigava os escravos (imagem acima).
O mestre de açúcar (imagem abaixo) controlava o trabalho de beneficiamento do açúcar. O purgador (imagem 4) administrava o processo de clareamento do açúcar. O oficial de açúcar (imagem 5) auxiliava o mestre de açúcar. O caldeireiro (imagem 6) trabalhava nas caldeiras.
Além desses trabalhadores, havia também os artesãos (carpinteiros, pedreiros, ferreiros…). Os mais bem pagos eram os especialistas na produção do açúcar: mestre de açúcar, purgador e caldeireiro. O salário desses trabalhadores era pago anualmente.Principais características da sociedade açucareira:
- Sociedade composta basicamente por três grupos sociais: senhores de engenho (aristocracia), homens livres e escravos.
- Sociedade patriarcal: poder concentrado nas mãos dos homens, principalmente, dos senhores de engenho que controlavam e determinavam a vida dos filhos, esposa e funcionários.
- Uso, nos trabalhos pesados do engenho de açúcar, de mão de obra escrava de origem africana. Os escravos eram comercializados como mercadorias e sofriam com as péssimas condições de vida oferecidas por seus proprietários.
- Posição social determinada pela posse de terras, escravos e poder político.
Etapas da produção de açúcar:
1º - A cana-de-açúcar era plantada, pelos escravos, em extensos canaviais.
2º - Os escravos cortavam a cana-de-açúcar e carregavam em carros de bois até a moenda, que ficava na parte interior do engenho.
3º - Nas moendas (grandes máquinas movidas por moinho d’água, força humana ou por bois), a cana-de-açúcar era esmagada. O caldo de cana era obtido nessa etapa.
4º - O caldo de cana era colocado em grandes caldeiras para passar por um processo de fervura. O resultado, depois de horas, era um caldo bem grosso (pastoso).
5º - O caldo grosso era levado até a casa de purgar, onde era colocado em recipientes de barro, em formato de cone, com um furo na parte inferior. Esse furo possibilitava o escorrimento do restante da água. O caldo ficava nesse local de 3 a 5 dias, até que toda água escorresse.
6º - No final da etapa anterior, o resultado era uma espécie de bloco de açúcar, em formato de cone e de cor amarelada. Esses “pães de açúcar”, como eram chamados, eram transportados para a Europa, local em que seriam clareados (refinados) e vendidos aos comerciantes locais e consumidores finais.
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