terça-feira, 3 de novembro de 2020

2º Ano - PET 6 - 1ª Semana - A queda do muro de Berlim

 

Queda do Muro de Berlim

A queda do Muro de Berlim foi um acontecimento marcante que ocorreu em novembro de 1989, deu início à reunificação da Alemanha e evidenciou o fracasso do bloco comunista.

A queda do Muro de Berlim deu-se na passagem do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1989. Esse acontecimento é marcante, pois foi o prenúncio da queda da República Democrática Alemã, a Alemanha Oriental, e da reunificação da Alemanha, separada em duas nações desde o final da Segunda Guerra Mundial. A queda do muro também foi parte do processo de queda do bloco comunista na Europa Oriental, que se iniciou a partir do final da década de 1980.

 

Mapa de Berlim durante o período da Guerra Fria. De azul, está Berlim Ocidental; de vermelho, está Berlim Oriental.

Antecedentes históricos

O Muro de Berlim foi um dos grandes símbolos da Guerra Fria, conflito político-ideológico que dividiu o mundo em dois blocos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o comunista, liderado pela União Soviética. A Alemanha foi um dos grandes palcos da Guerra Fria, uma vez que o país foi dividido em duas nações.

Ao final da Segunda Guerra, a Alemanha, derrotada, foi dividida em quatro zonas de influência: uma britânica, uma francesa, uma norte-americana e uma soviética. Essa divisão em zonas de influência também aconteceu em Berlim, capital da Alemanha. Com o avanço das tensões resultantes da Guerra Fria, a Alemanha acabou dividindo-se em duas nações.

A Alemanha Ocidental (República Federal Alemã) e a Alemanha Oriental (República Democrática Alemã) foram as duas nações surgidas dessa disputa político-ideológica da Guerra Fria. Berlim, por ser uma grande cidade e por ter grande importância estratégica, foi disputada pelos dois blocos, o que resultou também na sua divisão. Começava, na década de 1940, uma disputa que se estendeu por cinco décadas.

Com a configuração desse quadro e a formação do bloco comunista no Leste Europeu, os Estados Unidos logo criaram uma estratégia para barrar o avanço desse bloco pela Europa e, assim, surgiu o Plano Marshall. Esse plano tinha como objetivo financiar a reconstrução dos países da Europa Ocidental que sofreram com a destruição causada pela guerra.

O resultado disso é que logo a cidade de Berlim Ocidental (lado capitalista) desenvolveu-se. A população da porção oriental de Berlim, insatisfeita política e economicamente, começou a se mudar em grande número para o lado ocidental. Só em 1953, 331 mil pessoas da Alemanha Oriental abandonaram o país|1| e entre 1948 e 1961, cerca de 2,7 milhões de pessoas haviam deixado o país|2|.

Para conter o êxodo de habitantes, os governos da Alemanha Oriental, governada na época por Walter Ulbricht, e da União Soviética, governada na época por Nikita Kruschev, decidiram construir um muro que isolasse Berlim Ocidental. O Muro de Berlim foi construído na passagem do dia 12 para o dia 13 de agosto de 1961. Durante 28 anos, o muro foi o símbolo da divisão do mundo por causa da Guerra Fria.

Queda do muro de Berlim

O bloco comunista entrou em uma forte crise durante a década de 1980 e a situação não foi diferente na Alemanha Oriental. A crise da economia da Alemanha Oriental era evidenciada pelo aumento da dívida externa do país, crescimento do deficit comercial, a falta de mercadorias etc. Além disso, a indústria e a infraestrutura do país estavam à beira do colapso.

A insatisfação da população da Alemanha Oriental com a falência econômica de seu país era agravada pelo autoritarismo do governo. O governo da Alemanha Oriental não aceitava críticas, perseguia opositores, além de censurar a cultura e a opinião das pessoas que era intensa. A polícia secreta, chamada Stasi, era o símbolo da repressão do governo.

A crescente insatisfação da população fez com que movimentos de oposição começassem a ser organizados apesar da repressão do governo. A crise política na Alemanha Oriental começou a ser agravada especialmente a partir de 1989 por conta de acontecimentos que se passaram na Hungria e na Polônia, outros dois países do bloco comunista.

Em junho de 1989, a Hungria decretou a abertura de sua fronteira com o oeste, isto é, com as nações capitalistas e isso impactou diretamente a Alemanha, porque, somente no mês seguinte, 25 mil pessoas da Alemanha Oriental decidiram ir para a Hungria e de lá encaminharam-se para a Áustria, de onde solicitavam asilo político na embaixada da Alemanha Ocidental|3|.

Enquanto isso, na Polônia, era eleito o primeiro governo não comunista desde a Segunda Guerra Mundial, e isso também fez com que milhares de pessoas mudassem-se da Alemanha Oriental para a Polônia. Esse fluxo de acontecimentos desembocou em uma série de protestos na Alemanha Oriental, especialmente em Berlim Oriental e Leipzig, as maiores cidades da porção oriental.

O mês de outubro e os primeiros dias de novembro de 1989 ficaram marcados por uma série de acontecimentos que evidenciaram a ruína do governo da Alemanha Oriental. A situação fugia do controle e isso resultava na demissão de milhares de membros do governo. Os protestos também ganhavam uma magnitude que não se via na Alemanha Oriental desde a década de 1950.

No dia 9 de novembro de 1989, o porta-voz da Alemanha Oriental chamado Günter Schabowski realizou o anúncio da nova lei de mobilidade de cidadãos. A lei anunciada pelo porta-voz basicamente acabava com as restrições que existiam na fronteira da Alemanha Oriental. Durante a entrevista, Schabowski afirmou equivocadamente para um jornalista que a lei entraria em vigor em caráter imediato. A lei, na verdade, só seria válida depois de ser aprovada no Parlamento.

O anúncio do porta-voz na imprensa atraiu milhares de pessoas nos postos fronteiriços da Alemanha Oriental. Essas pessoas exigiam o direito de atravessar as fronteiras para entrarem na Alemanha Ocidental e logo cerca de 100 mil pessoas reuniram-se ao redor do Muro de Berlim, forçando as autoridades da Alemanha Oriental a endossar a lei. Na virada da noite de 9 para 10 novembro a multidão, portando pás, picaretas e outras ferramentas, começou a realizar a derrubada do Muro que separava as duas porções de Berlim.

Helmut Kohl, chanceler da Alemanha de 1982 a 1998, foi quem conduziu o processo de reunificação da Alemanha.***
Helmut Kohl, chanceler da Alemanha de 1982 a 1998, foi quem conduziu o processo de reunificação da Alemanha.***

A queda do Muro tinha uma simbologia muito grande e deu força para o processo de reunificação das Alemanhas. O processo político da reunificação da Alemanha foi conduzido por Helmut Kohl, chanceler da Alemanha Ocidental e membro da União Democrata-Cristã, partido de centro-direita da Alemanha.

A reunificação da Alemanha foi formalizada em 3 de outubro de 1990 e o processo de abertura total das fronteiras concluído em 1º de julho de 1991. A derrubada do muro, assim como a reunificação da Alemanha foram acompanhadas de celebrações na rua e festas por toda a Alemanha.

Acesse também: Saiba mais sobre o conflito que foi o responsável pela divisão das Coreias

Consequências

A queda do Muro de Berlim foi um dos grandes acontecimentos recentes da história da humanidade. As suas grandes consequências foram:

  • Contribuiu para a queda do bloco comunista do leste europeu. A ruína do bloco já estava em andamento e a queda do muro foi mais um elemento nesse processo.

  • Contribuiu decisivamente para a reunificação da Alemanha.

    A queda do Muro de Berlim em 1991 e o fim da União Soviética são marcos do término da ordem mundial bipolarizada e o fim da Guerra Fria, que contribuiu para uma nova ordem mundial, multipolarizada, que acelera a globalização e a concentração de capitais.

    Após a queda do Muro de Berlim e do esfacelamento da União Soviética, o mundo passou a conhecer apenas uma grande potência econômica e, principalmente, militar: os EUA. Analistas e cientistas políticos passaram a nomear a então ordem mundial vigente como unipolar. Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns analistas enxergavam que tal soberania pudesse não ser tão notável assim, até porque a ordem mundial deixava de ser medida pelo poderio bélico e espacial de uma nação e passava a ser medida pelo poderio político e econômico.

    É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em Geopolítica e Relações Internacionais, atualmente, nomeia a Nova Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no sentido militar, pois os Estados Unidos é líder incontestável. “Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.

A queda do Muro também representou um grande desafio para os governantes da Alemanha Ocidental que encararam o desafio de realizar a modernização da porção leste da Alemanha. A divisão da Alemanha após tantos anos criou uma espécie de “barreira mental” e mesmo, hoje, passados três décadas desse acontecimento, ainda existem cidadãos alemães que defendem a reconstrução do Muro.

 Resumo

  • O Muro de Berlim foi um dos grandes símbolos da Guerra Fria e cercava Berlim Ocidental, isolando-a.

  • O Muro foi construído em 1961 para conter o êxodo de pessoas que se mudavam para Berlim Ocidental. Foi construído em um dia.

  • Separou as duas porções da cidade de Berlim, durante 29 anos.

  • Na década de 1980, a Alemanha Oriental estava em grave crise econômica que gerava forte insatisfação na população.

  • A falta de liberdade e o autoritarismo do governo da Alemanha Oriental também era um motivo de insatisfação.

  • Inúmeros protestos aconteciam em Berlim Oriental e Leipzig, grandes cidades da Alemanha Oriental.

  • A abertura das fronteiras da Hungria fez milhares de alemães irem para lá para atravessar a fronteira com a Alemanha Ocidental.

  • A queda do Muro aconteceu após o porta-voz do governo da Alemanha Oriental anunciar a abertura das fronteiras do país.

  • Milhares de pessoas reuniram-se ao redor do Muro no dia 9 de novembro de 1989 e, então, começaram a colocar o muro abaixo.

  • Um ano depois da queda do Muro, a Alemanha reunificava-se e tornava-se uma só nação novamente, depois de quase 50 anos de separação.

     01 – Leia o texto abaixo e responda as perguntas. 

    A queda do muro de Berlim 

    A União Soviética (URSS), a partir da década de 1970, passou por uma crise econômica devido ao crescente gasto com a corrida armamentista e espacial disputada com os EUA, a defasagem tecnológica, a baixa produtividade agrícola e industrial, além da lentidão de tomada de decisões com uma rígida burocracia.

     O governo soviético sofre pressões de estudantes e trabalhadores que reivindicam a liberdade política e melhores condições econômicas e sociais, além dos países que compunham a União Soviética reivindicarem ações nacionalistas, lutas por independência e democratização do sistema. 

    O povo estimulado pela Glasnot (abertura política) foram para as ruas com o lema “o povo somos nós” exigindo a derrubada do Muro de Berlim, sendo que a mobilização popular contribuiu para o Estado diminuir o controle sobre a sociedade.

     Em 1989 tivemos a queda do Muro de Berlim e em 1991 o fim da União Soviética que são marcos do término da ordem mundial bipolarizada e o fim da Guerra Fria, que contribuiu para uma nova ordem mundial, multipolarizada, que acelera a globalização e a concentração de capitais.

    1) O que ocorreu com a União Soviética a partir da década de 1970?

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    2) De acordo com o texto, quais eram as reivindicações dos estudantes e trabalhadores ao governo soviético?

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    3) Quais as contribuições da queda do Muro de Berlim para a nova ordem mundial?

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    02 – (URCA 2015/1) - Em 09 de novembro de 1989, os 156 km de extensão, cerca de trezentas torres militares para observação, os cães policiais e as 127 cercas eletrificadas, desapareceram deixando um rastro de cerca de 80 mortos, 12 feridos e milhares de aprisionados nas diversas tentativas de fuga, e dezenas de milhares de famílias berlinenses divididas e sem contato algum.

    1) O texto acima refere-se ao Muro de Berlim, segundo o qual podemos CORRETAMENTE afirmar: 

    A) Foi o maior símbolo da divisão do mundo entre bloco ocidental e oriental. O primeiro, liderado pelos Estados Unidos, e o segundo, encabeçado pela antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas; 

    B) Foi construído, no ano de 1945, por ocasião do término da Segunda Guerra Mundial e o início da polarização entre EUA e URSS, fenômeno conhecido como Guerra Fria; 

    C) Foi construído no ano de 1961 pela Alemanha Oriental, separando-a da Alemanha Ocidental.Além do aspecto ideológico da construção, havia o objetivo de impedir a fuga de cidadãos para a Alemanha Oriental, que recebeu mais de dois milhões de pessoas do lado capitalista entre 1949 e 1961. 

    D) Apesar de simbolizar o começo da Guerra Fria, sua destruição não tem relação com o seu fim, tendo em vista que a URSS, hoje Rússia, apesar de algumas perdas territoriais continua dispu-tando a hegemonia mundial, a exemplo do que ocorreu recentemente na Ucrânia; 

    E) Podemos considerar que sua construção teve os mesmo motivos da construção do atual Muro que separa Israel da Palestina, tendo em vista os aspectos étnicos e culturais.

    3 - (Enem) Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética não foram um período homogêneo único na história do mundo. [...] Dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da União Soviética. HOBSBAWM, Eric J.  era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 

    1) O período citado no texto e conhecido por Guerra Fria pode ser definido como aquele momento histórico em que houve:

    A) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira Guerra Mundial. 

    B) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte.

     C) choque ideológico entre a Alemanha Nazista/União Soviética Stalinista, durante os anos 1930. 

    D) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China e o Japão.

     E) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial.

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