quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

3º Ano - PET 7 - 4ª Semana - Brasil, de Lula a Bolsonaro

 

Era Lula (2003-2010) - Governo foi marcado por melhorias sociais e escândalos políticos 

Ao deixar o cargo de presidente no próximo dia 1º de janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva terá legado, em oito anos de governo, avanços nos setores de economia e inclusão social. Índices históricos de crescimento econômico e redução da pobreza garantiram ao ex-metalúrgico 83% de aprovação popular – o maior patamar entre presidentes desde o fim da ditadura – e a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, uma estreante nas urnas.

Mas o balanço da “era Lula” tem suas tragédias. Escândalos de corrupção abalaram o primeiro mandato (2003-2006), mancharam a imagem do Partido dos Trabalhadores (PT) e contribuíram para que o Congresso seja hoje a instituição de menor credibilidade entre os brasileiros.

Na economia, o maior mérito do governo petista foi a manutenção da política dos governos anteriores. Crítico do Plano Real, Lula, ao chegar ao Planalto, deu continuidade ao programa que controlou a inflação. A medida assegurou a estabilidade econômica e possibilitou que outras questões importantes, como saúde, educação e segurança pública, fossem discutidas.

O PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas de um país, teve um crescimento médio anual de 4,0% nos dois mandatos. O índice é quase o dobro do registrado no período de 1981 a 2002 (2,1%). Assim, o Brasil passou de 12º lugar para 8º no ranking das maiores economias do mundo.

Neste contexto, a redistribuição de renda foi o principal destaque. Programas sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002 para R$ 510, em 2010) permitiram a ascensão de classes mais pobres.

O efeito também foi sentido no setor empresarial: a maior renda do trabalhador converteu-se em compras. A alta no consumo, por sua vez, estimulou investimentos no comércio e na indústria, inclusive em contratações, realimentando o ciclo. O resultado foi a redução em 43% do número de pobres (brasileiros com renda per capital mensal inferior a R$ 140), que caiu de 50 milhões para 29,9 milhões desde 2003.

O pior aspecto do governo petista foram os sucessivos escândalos políticos. O “mensalão”, em 2005, foi um divisor de águas. O esquema envolvia o pagamento de propinas a parlamentares em troca de apoio ao governo em votações no Congresso. As denúncias derrubaram o principal ministro de Lula, José Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT.


 

GOVERNO BOLSONARO

Bolsonaro destrói direitos e é o governo mais entreguista da história

Não é por acaso que, após 100 dias do governo de Jair Bolsonaro, o presidente tem a pior avaliação para eleitos em primeiro mandato desde 1990. O desempenho está diretamente relacionado a inúmeros aspectos em todas as áreas, embora o principal símbolo negativo dos atuais “comandantes” do país seja sua atuação na política externa, pois compromete a soberania nacional de maneira nunca vista.

Para Igor Fuser, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), mesmo em “casos grotescos” de subserviência, como nos governos de Castello Branco, Fernando Collor ou Eurico Gaspar Dutra, “o Brasil não chegou ao ponto da humilhação como no governo Bolsonaro”.

Infelizmente para o país, as mazelas apontadas pelos analistas estão longe de se resumir à política externa. Pelo contrário. Outra área essencial a uma nação soberana, a Educação, é objeto de atos e declarações “abusivos ao extremo”, na opinião de Maria Aparecida de Aquino.

“O ministro da Educação recentemente demitido (Ricardo Velez Rodrigues) disse que ia mudar a história. Como assim? Que coisa absurda é essa, dizer que não foi golpe, que o regime militar foi maravilhoso? Cada dia é uma nova notícia mais absurda do que a outra”, observa a professora. “Demitiram o ministro Vélez, o cavaleiro da triste figura, e colocaram outro cidadão que tem observações tão absurdas quanto ele.”

A professora da USP lembra que, no contexto dos 100 dias de Jair Bolsonaro, uma das principais políticas de destruição diz respeito à “desastrosa proposta de reforma da Previdência“. Os pontos que se pode destacar são muitos “e é difícil dizer o que é pior”, comenta Fuser.

“Direitos do povo sendo destruídos, a violência contra a população pobre. Ao que se faz em política externa há o equivalente em todas as áreas. O Brasil está vivendo o pior momento da sua história. Mesmo no regime militar, quando aconteciam as atrocidades, o Brasil ainda existia como país, havia políticas de desenvolvimento, preocupação com economia, apesar dos crimes e autoritarismo.”

Outro exemplo “muito grave” de abandono da soberania nacional pelo atual governo, apontado pelos analistas, diz respeito à política ambiental e a tentativa de entrega da Amazônia. Em entrevista na segunda-feira (8), Bolsonaro afirmou que existe uma “indústria de demarcação” de terras indígenas e que pretende fazer uma parceria com os Estados Unidos para explorar a Amazônia. “Trata-se de um duplo crime: contra a pátria e contra a natureza”, diz Fuser.

“Não tenho bola de cristal, mas todas essas coisas são tão abusivas e o desgaste do atual governo em apenas 100 dias é tão grande que tenho dúvidas se ele vai conseguir fazer alguma coisa, algumas dessas loucuras que tenta”, afirma Maria Aparecida.

Entretanto, para ela, há uma constatação positiva em meio ao quadro de desalento. “Não dá para pensar em coisas perenes em termos históricos. Mas enquanto não for brecado, o governo tentará todos os absurdos possíveis. Se a sociedade não conseguir resistir ou se pelo menos o Congresso não tiver uma força mais ou menos organizada, a situação pode ficar muito difícil para o país.”

Era Lula (2003-2010) - Governo foi marcado por melhorias sociais e escândalos políticos... - Veja mais em https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/era-lula-2003-2010-governo-foi-marcado-por-melhorias-sociais-e-escandalos-politicos.htm?cmpid=copiaecola
Era Lula (2003-2010) - Governo foi marcado por melhorias sociais e escândalos políticos... - Veja mais em https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/era-lula-2003-2010-governo-foi-marcado-por-melhorias-sociais-e-escandalos-politicos.htm?cmpid=copiaecola

2º Ano - PET 7 - 4ª Semana - Movimento ambientalista e movimento negro no Brasil


O movimento negro começou a surgir no Brasil durante o período da escravidão. Para defender-se das violências e injustiças praticadas pelos senhores, os negros escravizados se uniram para buscar formas de resistência. Ao longo dos anos, o movimento negro se fortaleceu e foi responsável por diversas conquistas desta comunidade, que por séculos foi injustiçada e cujos reflexos das políticas escravocratas ainda são visíveis na sociedade atual.

História do movimento negro

 

O movimento negro no Brasil surge, ainda de forma precária e clandestina, durante o período escravagista. Grandes personagens se insurgiram contra o sistema e impulsionaram o movimento.

Dentre eles, um dos mais conhecidos é Zumbi dos Palmares (líder do Quilombo dos Palmares). Vale lembrar que os escravizados utilizavam-se da quilombagem (fuga para os quilombos e outros tipos de protestos) e do bandoleirismo (guerrilha contra povoados e viajantes) para rebelar-se contra a escravidão.

Ainda no mesmo período, o Movimento Liberal Abolicionista passa a ganhar força, desenvolvendo a ideia de fim da escravidão e comércio de escravos. Como resultado, foi promulgada em 13 de Maio de 1888 a Lei Áurea, encerrando o longo período escravagista. A população negra inicia então um novo desafio: a luta contra o preconceito e desigualdade social.

O movimento negro após a abolição da escravatura

Ao final do século XIX e durante uma grande parte do século XX, circulam jornais e revistas voltados aos negros. Os periódicos são fundados por associações dos mais diversos tipos, desde carnavalescas, até literárias. As publicações começam com o intuito de discutir a vida da população negra em geral e promover assuntos interessantes à época.

Porém, esses periódicos acabaram se tornando meios de denúncia de atos praticados contra os negros, das dificuldades desse grupo no período pós-escravagista, da desigualdade social entre negros e brancos e das restrições sofridas em decorrência do preconceito racial. O agrupamento de todas as publicações passou a ser conhecido como Imprensa Negra Paulista. Dentro deste mesmo período, em 1931, é fundada a Frente Negra Brasileira. Esse movimento viria a se transformar em partido político, extinto com os demais na criação do Estado Novo.

Portal da Imprensa Negra Paulista da Universidade de São Paulo

Portal da Imprensa Negra Paulista da Universidade de São Paulo

Após o Estado Novo, esses grupos começam a se organizar, formando entidades importantes na história pelo direito dos negros, tendo como exemplo a União dos Homens de Cor e o Teatro Experimental do Negro. Já na década de 60, a caminhada dos grupos no Brasil ganha novas influências e referências, como o Movimento dos Direitos Civis nos EUA e a luta africana contra a segregação racial e libertação de colônias. Destacam-se personalidades como Rosa Parks, Martin Luther King, Nelson Mandela e Abdias Nascimento. Assim como influências advindas do movimento conhecido como “Black is Beautiful”. Para entrar no clima, escute a essa interpretação da música que leva o mesmo nome do movimento:

O movimento negro a partir dos anos 70

Alguns anos depois, nas décadas de 70 e 80, vários grupos são formados com o intuito de unir os jovens negros e denunciar o preconceito. Protestos e atos públicos das mais diversas formas passam a ser realizados, chamando a atenção da população e governo para o problema social – como a manifestação no Teatro Municipal de São Paulo, que resultaria na formação do Movimento Negro Unificado.

A Marcha Zumbi, realizada em Brasília em 1995, contou com a presença de 30 mil pessoas, despertando a necessidade de políticas públicas destinadas aos negros, como forma compensatória e de inclusão nos campos socioeducativos. Com dados alarmantes do IBGE e IPEA , um decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População Negra.

Porém, a instauração de medidas práticas passa a ser realizada só após a Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatadas de Intolerância (Durban, África – 2001). A partir desse momento, o governo brasileiro passa a ter interesse em demonstrar, efetivamente, o cumprimento de resoluções determinadas internacionalmente pelos órgãos de Direitos Humanos.

Desse momento em diante, são criados programas de cotas raciais, iniciativas estaduais e municipais, e em 2003, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR).

O que o movimento negro busca hoje?

Após a abolição, os negros passaram a habitar guetos e comunidades, como forma de proteção, e em razão da falta de oportunidades. Entre as reivindicações do movimento negro hoje em dia está a compensação por todos os anos de trabalho forçado e à falta de inclusão social após esse período; a falta de políticas públicas destinadas a maior presença do negro no mercado de trabalho e nos campos educacionais. Também, a efetiva aplicabilidade das leis que buscam a criminalização do racismo e a plena aceitação e respeito à cultura e herança histórica.

Histórico do Movimento Ambientalista

O movimento ambientalista inicialmente foi impresso na história do homem pelos teólogos e filósofos, cujo pensamento se baseava neste sentido, em colocar foco sobre Deus e a natureza. E a primeira notícia específica trata-se de Francisco de Assis (1181 a 1226), que reconhecidamente amava os animais e a natureza, embasando suas ideias na fraternidade e vivência do homem com respeito às outras criaturas da natureza (MIRAMEZ; MAIA, 1997).

Ao século XVI remontam as primeiras questões do homem comum em relação ao contato estreito com a natureza, nas primeiras grandes navegações e ampliações das fronteiras mundiais para os continentes novos (HERCULANO, 1992). Principalmente no choque cultural ocorrido em relação à cultura europeia e costumes com os ritos e relações com o meio ambiente percebido nos habitantes das terras do novo mundo.

No ano de 1500 com a carta de Pero Vaz de Caminha enviada ao rei de Portugal, na qual este relatava a natureza, os animais e a impressão causada pelos habitantes das novas terras recém “descobertas” pelos portugueses, é um marco documental nesta diferença de culturas e costumes (GOLDSCHEIDER, 1971).

Mas foi no século XVIII que a revolução industrial e tecnológica intensificou esta preocupação na relação homem e natureza, pois com o advento das indústrias em grande quantidade começam a haver as manifestações evidentes na natureza e nos animais de que o ser humano estaria modificando os ambientes naturais de forma drástica (SATO, 1996; CAVALCANTI, 1995).

Com a revolução industrial na Inglaterra, temos o exemplo clássico das mariposas Biston betularia que existiam em maior quantidade na forma clara antes do advento da poluição pelas fábricas. E como nos mostra Darwin na seleção natural, estas mariposas foram selecionadas, pois os liquens nas cascas das árvores morreram por causa da poluição, e as mariposas brancas não puderam mais se camuflar nos liquens brancos, sendo vistas pelos pássaros que se alimentavam delas. Então a forma negra da referida mariposa passou a dominar numericamente a forma branca, chegando a representar 90% das mariposas (DARWIN, 2009).

O movimento ambientalista organizado iniciou realmente após a triste ocorrência das duas bombas atômicas lançadas na segunda guerra mundial em 1945 em Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos. Pois foi a partir deste episódio que o ser humano percebeu o imenso potencial destruidor que podemos ter (PAUL, 1981. BLOT, 1978). Destruindo a natureza e todos os seres vivos que nos cercam, inclusive nós mesmos!

O surgimento dos hippies nas décadas de 1960 e 1970 é considerado o movimento ambientalista mais suave e tranquilo de que se têm notícias.

O símbolo da paz foi desenvolvido na Inglaterra como logo para uma campanha pelo desarmamento nuclear, e foi adotado pelos hippies americanos que eram contra a guerra nos anos 60. O lema dos hippies era “paz e amor”! Adotavam um estilo de vida comunitário em comunhão com a natureza e as questões ambientais, que eram ideias respeitadas pela comunidade. Assim, como temas de religiões como o Budismo e o Hinduísmo.

Em 1948 foi fundada na França a UICN, na época conhecida como União Internacional para a Proteção da Natureza (International Union for the Protection of Nature - IUPN). E em 1958 o nome da instituição foi modificado para União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources) com as siglas IUCN (Union internationale pour la conservation de la nature et de ses ressources – UICN, em francês).

Atualmente conhecida como UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza é a primeira organização mundial voltada para ações no sentido da conservação do meio ambiente. Autoridade líder em temas conservacionistas do meio ambiente e desenvolvimento sustentável (Site UICN).

No Brasil o movimento ambientalista teve início na década de 1950 com ações de grupos ambientalistas e preservacionistas. A União Protetora do Ambiente Natural (UPAN) foi fundada em 1955 pelo naturalista Henrique Roessler no Rio Grande do Sul, e a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) é criada em 1958 no Rio de Janeiro concentrando atuações na preservação da fauna e da flora ameaçados de extinção (VIOLA; LEIS, 1992).

Na década de 1970 começam a entrar em vigor no Brasil entidades sem fins lucrativos, denominadas organizações não governamentais (ONGs) como a WWF que na data de sua criação era uma sigla que significava World Wildlife Fund, que em português se traduz como Fundo Mundial para a Natureza, mas atualmente devido ao simbolismo causado pela sigla WWF ao redor do mundo e pelo conhecimento das ações iniciadas em favor da natureza, a entidade é conhecida simplesmente por WWF, não sendo mais traduzida com nenhum significado literal.

A primeira ação da entidade no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro em 1971 com o projeto ‘Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado’, que é um dos projetos do gênero mais bem sucedidos do mundo. E a partir da década de 1980 vêm auxiliando projetos como o ‘Projeto Tamar’ e outros pelo Brasil (Site WWF).

Em 1971 um grupo de ambientalistas e jornalistas sai do porto de Vancouver no Canadá, para protestar contra os testes nucleares realizados pelos Estados Unidos. Nascia o Greenpeace. Organização global e independente que atua para defender o meio ambiente e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos.

O Greenpeace é uma organização sem fins lucrativos que não aceita doações de governos ou partidos políticos. E a atitude de seus membros é pautada na não violência, utilizando-se de métodos criativos de confronto pacíficos para chamar a atenção do público para os problemas ambientais. Defendendo que a mudança de atitudes individuais pode fazer uma grande diferença para o futuro do planeta (Site Greenpeace). No início da década de 1990 o Greenpeace inicia uma série de ações no Brasil, no sentido de proteger o meio ambiente. Dentre as ações do Greenpeace no Brasil podemos destacar as campanhas contra a entrada de lixo radioativo no país, provenientes de usinas nucleares de países desenvolvidos; a investigação sobre a exploração ilegal e predatória de madeira na Amazônia; o “Greenfreeze” que foi a campanha para a troca na utilização dos gases CFC (cloro-flúor-carbono) por outros que não causam danos na camada de ozônio; e a campanha dos transgênicos, exigindo a prova de que os organismos geneticamente modificados não causam danos à saúde humana e nem ao meio ambiente.

Ainda em 1966 a Campanha pela Defesa e Desenvolvimento da Amazônia (CNNDA) é iniciada e em 1971 é criada a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN).

Nesse ínterim começam a acontecer as conferências e encontros ambientalistas ao redor do mundo e a necessidade de normas e leis para assegurar o respeito à natureza e ao meio ambiente começam a se tornar visivelmente necessárias para evitar problemas ambientais.

Coincidindo com os planos nacionais de desenvolvimento e instalação de indústrias poluentes e energético-minerais no Brasil, em 1973 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) com a função de gerir normas para a conservação do meio ambiente e o aproveitamento sustentável dos recursos naturais (CAVALCANTI, 1995).

Com esta ação também são criadas agências ambientais para controle de poluição, como a Fundação de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) no Rio de Janeiro e a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB) no estado de São Paulo (FERREIRA; FERREIRA, 1992).

Entre os anos de 1975 a 1988, Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, foi um ativista ambiental brasileiro, seringueiro e sindicalista. Defendeu a preservação da Amazônia, do meio ambiente e dos seringais amazônicos. Conhecido mundialmente foi agraciado com o prêmio “Global 500”, oferecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) pela sua luta em defesa do meio ambiente e da Amazônia. Foi assassinado a tiros no ano de 1988 por fazendeiros que eram contra as ações ambientais deste que é um símbolo brasileiro na luta pela preservação da floresta amazônica (SOJA, 1993).

 



1º Ano - PET 7 - 4ª Semana - DIVERSIDADE CULTURAL BRASILEIRA

 


Diversidade cultural é o conjunto de diferenças vivenciadas por grandes grupos de pessoas, que estão em uma única cidade ou um mesmo país, mas que ainda mantém suas características, crenças e costumes sociais diferentes uns dos outros.

Toda sociedade humana possui diversidade cultural, pois o ser humano tem a capacidade se inventar, reinventar e construir sua própria identidade todos os dias, sofrendo várias influências ao mesmo tempo com outros membros da sociedade ou de grupos diferentes.

A globalização e a cultura

A globalização é o processo que consiste na intensificação das relações entre os países existentes de todo o mundo, seja no âmbito econômico, social, cultural ou político. Porém, o principal destaque dado pela globalização está na integração de mercado existente entre os países.

O processo de globalização consiste na maneira como os mercados de diferentes países e regiões interagem entre si, aproximando mercadorias e pessoas. Aspectos como costumes, tradições, comidas e produtos típicos de determinado local agora estão presentes em outros lugares completamente distintos. Isso ocorre graças à troca de informações que a globalização pode proporcionar.

Sendo assim, atualmente existem várias discussões sobre como a globalização interfere no conceito de cultura e da identidade de cada indivíduo. Podemos definir como identidade tudo aquilo que constitui o ser humano: o que ele é, sente, vê, deseja, ou seja, tudo o que o indivíduo conhece.

Saiba mais detalhadamente o que é globalização.

A globalização faz com que as preferências dos indivíduos sejam mais pluralizadas, diversas e descentralizadas, ultrapassando os limites geográficos, trazendo para vários países diversas culturas de todo o mundo. A globalização permite ao indivíduo uma liberdade maior para escolher.

O Brasil é um dos países que mais sofre com a influência de outros países, visto que, desde seu descobrimento, diversos colonizadores, escravos e imigrantes de outros países viveram no país. 

Pode-se considerar o Brasil como um ótimo exemplo de diversidade cultural, pois as culturas das cinco regiões são completamente diferentes umas das outras, e até mesmo dentro dos estados podemos encontrar uma vasta diversidade cultural no Brasil. 

Os principais aspectos apontados como responsáveis pela variada e enriquecida cultura são:

  • Colonizações europeias a partir dos anos 1500;
  • Migração européia ocorrida no final do século XIX e início do século XX;
  • Escravos oriundos da África;
  • População indígena nativa.
Podemos apontar inúmeros aspectos da diversidade cultural no Brasil. Nesse artigo falaremos sobre as diferenças culturais das cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).

Apesar do processo de globalização, que busca a mundialização do espaço geográfico – tentando, através dos meios de comunicação, criar uma sociedade homogênea – aspectos locais continuam fortemente presentes. A cultura é um desses aspectos: várias comunidades continuam mantendo seus costumes e tradições.

O Brasil, por apresentar uma grande dimensão territorial, possui uma vasta diversidade cultural. Os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos foram os primeiros responsáveis pela disseminação cultural no Brasil. Em seguida, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, árabes, entre outros, contribuíram para a diversidade cultural do Brasil. Aspectos como a culinária, danças, religião são elementos que integram a cultura de um povo.

As regiões brasileiras apresentam diferentes peculiaridades culturais.
No Nordeste, a cultura é representada através de danças e festas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. A culinária típica é representada pelo sarapatel, buchada de bode, peixes e frutos do mar, arroz doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros. A cultura nordestina também está presente no artesanato de rendas.


Capoeira

O Centro-Oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas cavalhadas e procissão do fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária é de origem indígena e recebe forte influência da culinária mineira e paulista. Os pratos principais são: galinhada com pequi e guariroba, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal – como o pintado, pacu e dourado.


Cavalhadas em Pirenópolis (GO)

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As representações culturais no Norte do Brasil estão nas festas populares como o círio de Nazaré e festival de Parintins, a maior festa do boi-bumbá do país. A culinária apresenta uma grande herança indígena, baseada na mandioca e em peixes. Pratos como otacacá, pirarucu de casaca, pato no tucupi, picadinho de jacaré e mussarela de búfala são muito populares. As frutas típicas são: cupuaçu, bacuri, açaí, taperebá, graviola, buriti.


Festival de Parintins (AM)*

No Sudeste, várias festas populares de cunho religioso são celebradas no interior da região. Festa do divino, festejos da páscoa e dos santos padroeiros, com destaque para a peregrinação a Aparecida (SP), congada, cavalhadas em Minas Gerais, bumba meu boi, carnaval e peão de boiadeiro. A culinária é muito diversificada, os principais pratos são: queijo minas, pão de queijo, feijão tropeiro, tutu de feijão, moqueca capixaba, feijoada, farofa, pirão, etc.


Feijoada

O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. Algumas cidades ainda celebram as tradições dos antepassados em festas típicas, como a festa da uva (cultura italiana) e a oktoberfest (cultura alemã), o fandango de influência portuguesa e espanhola, pau de fita e congada. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne em uma panela de barro) e vinho.


Chimarrão

 



terça-feira, 15 de dezembro de 2020

7º Ano - PET 7 - 4ª Semana - RESISTÊNCIA

 


Escravidão no Brasil: formas de resistência

A resistência dos escravos tinha como grande objetivo a conquista da liberdade, mas também poderia buscar apenas impor limites ao excesso de tirania de feitores e senhores.

A resistência dos escravos foi uma resposta à escravidão que foi uma instituição presente na história do Brasil ao longo de mais de 300 anos. A sociedade brasileira foi construída pela utilização dos trabalhadores escravos, indígenas ou africanos. A escravidão no Brasil foi uma instituição vil e cruel que explorava brutalmente o trabalho de indígenas e africanos.

No caso dos africanos, a escravidão os removeu de sua terra nativa e os enviou a milhares de quilômetros de distância para uma terra distante, com idioma, religião e culturas diferentes das deles. Foi nesse contexto que milhões de africanos foram sequestrados e transportados em péssimas condições para serem escravizados no Brasil. Se quiser saber mais sobre isso, leia o seguinte texto: Tráfico Negreiro.

Os africanos foram utilizados em trabalhos domésticos e urbanos, mas, sobretudo, foram utilizados na lavoura, principalmente, no cultivo da cana-de-açúcar e também nas minas, quando foram descobertos metais e pedras preciosas em Minas Gerais, Cuiabá e Goiás.

Engana-se, porém, quem acredita que os africanos foram escravizados passivamente, pois, apesar da falta de registro, os historiadores sabem que inúmeras formas de resistência dos escravos foram desenvolvidas. Neste texto, o enfoque será nas diversas formas de resistência utilizadas pelos escravos africanos, ao longo dos séculos XVI ao XIX.

Resistência à escravidão

A resistência à escravidão por meio das revoltas, conforme pontua o historiador João José Reis, não visava, exclusivamente, a acabar com o regime de escravidão, mas, dentro do cotidiano dos escravos, poderia ser utilizada como instrumento de barganha. Sendo assim, essas revoltas dos escravos buscavam, muitas vezes, corrigir excessos de tirania dos senhores, diminuir o nível de opressão ou punir feitores excessivamente cruéis.

Muitas pessoas têm uma imagem de que os escravos africanos aceitavam a escravização de maneira passiva, mas os historiadores nos contam que a história foi bem diferente e os escravos organizaram-se de diferentes maneiras para colocar limites à violência a que eram submetidos no seu cotidiano.

Entre as diferentes formas de resistência dos escravos podem ser mencionadas as fugas coletivas, ou individuais, as revoltas contra feitores e seus senhores (que poderia ou não ter o assassinato desses), a recusa em trabalhar, a execução do trabalho de maneira inadequada, criação de quilombos e mocambos etc.

A resistência contra a escravidão já começava no embarque dos africanos nos navios negreiros. O risco de revoltas dos africanos nos navios negreiros era tão alto que os traficantes de escravos diminuíam, deliberadamente, as porções de comida para reduzir as possibilidades de revoltas, que aconteciam, geralmente, quando o navio estava próximo da costa.

As revoltas dos africanos nos navios negreiros eram tão comuns que os traficantes tinham na tripulação do navio intérpretes que falavam os idiomas dos africanos e poderiam alertar em caso de possibilidade de revolta dos aprisionados. As revoltas, porém, não se resumiam apenas aos navios negreiros. Aqui no Brasil, inúmeras revoltas aconteceram, conforme veremos.

Os historiadores costumam apontar que os escravos africanos eram mais combativos que os escravos crioulos (nascidos no Brasil), porque muitos dos africanos vinham de povos que tinham um grande histórico recente de envolvimento com o combate e a guerra. Esse foi o caso de nagôs e haussás. Apesar disso, os escravos crioulos também se rebelavam e, ao longo de nossa história, existem inúmeros exemplos disso.

Revoltas violentas

Entre os exemplos de revoltas violentas que aconteceram, pode ser mencionada uma revolta que aconteceria na Bahia em 1807, mas que foi sufocada antes de se iniciar. Essa revolta foi descoberta em maio de 1807, e os escravos que se rebelariam planejavam dominar a cidade de Salvador. Além disso, entre os planos dos escravos constava o ataque a igrejas católicas e destruição de imagens dos santos.

Essa revolta foi planejada por escravos haussás que também planejavam instaurar um líder muçulmano no poder. Também na Bahia, em 1814, outra revolta violenta foi realizada pelos africanos, na qual os revoltosos reunidos em um quilombo foram para as fazendas na região reunir-se com escravos que estavam os esperando. Depois, passaram a destruir tudo o que encontravam pelo caminho, incluindo uma vila chamada Itapuã. Acabaram sendo reprimidos, posteriormente, e alguns dos envolvidos foram executados.

Outra revolta que estava sendo organizada pelos escravos, mas que acabou sendo descoberta e duramente reprimida, foi a que ocorreu em Campinas, em 1832. Na ocasião, as autoridades descobriram que uma grande revolta de escravos estava para acontecer em 15 grandes propriedades da região. Nessa revolta, os escravos planejavam matar os seus senhores para conquistarem a sua liberdade.  

Fugas

As fugas eram uma outra estratégia utilizada pelos escravos e poderiam ser individuais e coletivas. As fugas individuais eram mais complicadas, porque aquele que a realizasse só conseguiria ter sucesso caso se embrenhasse no mato e lá sobrevivesse.

Muitos procuravam alcançar grandes quilombos estabelecidos. As fugas individuais tornaram-se uma estratégia comum no século XIX, como as fugas dos escravos eram constantes, eles se instalavam em grandes cidades – como Salvador – e passavam-se por libertos.

As fugas foram uma estratégia de resistência muito comum nas décadas de 1870 e 1880, por conta do fortalecimento do movimento abolicionista. Os escravos sentiam-se motivados a fugir e muitas vezes eram de fatos incentivados por outros escravos que haviam fugido ou por integrantes de associações abolicionistas, que davam suporte para escravos que fugiam.

O historiador Walter Fraga afirma que, na década de 1870, intensificaram as fugas com o objetivo de acionar as autoridades para mediar conflitos com seus senhores. Walter Fraga cita que nessas fugas os escravos “recorriam às autoridades policiais para pedir proteção nas disputas judiciais, interditar a venda […] de parentes, mediar conflitos com os senhores e denunciar maus-tratos”

Os escravos que fugiam e mudavam-se para as cidades tinham como objetivo camuflar-se em meio à população negra presente e buscavam encontrar todo tipo de emprego que fosse possível de ser executado. 

Quilombos

Outra forma de resistência dos escravos foi com a formação de quilombos e mocambos. As duas palavras têm origem em idiomas africanos. Mocambo significa “esconderijo”, enquanto que quilombo era utilizado para se referir a um acampamento militarizado. Essa estrutura surgiu no Brasil, em meados do século XVI, e se popularizou depois do Quilombo dos Palmares.

O primeiro quilombo registrado, conforme afirma o historiador Flávio dos Santos Gomes, surgiu em 1575 na Bahia. Na visão dos portugueses e colonos, os quilombos eram basicamente agrupamentos que reuniam escravos fugidos. Os quilombos mantinham relações comerciais importantes com outros quilombos e também com pessoas livres.

Existiam quilombos que sobreviviam do que era cultivado e do que era retirado das matas, enquanto que outros optavam por sobreviver de assaltos e ataques contra a população livre em estradas ou realizando ataque contra engenhos. Os quilombos desenvolviam-se em locais isolados e de difícil acesso, e grande parte dos membros de um quilombo eram escravos fugidos de uma mesma região ou de um mesmo senhor.

Alguns quilombos de destaque na história do Brasil foram o Quilombo dos Palmares, Quilombo do Jabaquara, Quilombo Buraco do Tatu, Quilombo do Leblon. O Quilombo dos Palmares foi o maior quilombo da história da resistência à escravidão no Brasil e chegou a contar com 20 mil habitantes. Foram realizados ataques contra esse quilombo, ao longo de todo o século XVII, e o último ataque, realizado em 1694, colocou fim a esse quilombo.

Os quilombos causavam grande temor nas autoridades coloniais e, por isso, foram duramente reprimidos. O caso do Quilombo dos Palmares, novamente, foi simbólico, porque mobilizou portugueses e holandeses (no período em que se instalaram em Pernambuco), mas resistiu durante décadas. 

Outras formas de resistência

A resistência dos escravos contra sua escravização não se resumia apenas nas formas abordadas no texto, mas também incluíam suicídios, abortos (para impedir que seus filhos fossem escravizados) e a simples desobediência. No caso da desobediência, Walter Fraga menciona dois casos do final do século XIX que valem ser destacados:

  1. No Engenho Benfica, na Bahia, os escravos do conde Subaé recusaram-se a obedecer às ordens do feitor para que realizassem a limpeza da plantação de cana. Os escravos recusaram-se a trabalhar durante três dias seguidos – mesmo sendo punidos com castigos físicos.

  2. No Engenho de São Bento de Inhatá, também na Bahia, os escravos rebelaram-se contra o feitor após ele exigir que trabalhassem no domingo (dia do descanso). Na confusão, um dos escravos e o feitor morreram.