segunda-feira, 10 de agosto de 2020

3º Ano - PET 3 - 2ª Semna - (11ª Semana) - A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

 

 

A Alemanha pós- 1ª guerra

Além do sentimento negativo em ter perdido uma guerra e ter de cumprir todas as exigências do Tratado de Versalhes, a Alemanha estava num caos econômico, seu território estava destruído e sua população enfrentava graves problemas. Foi instituída, em 1919, a República de Weimar. A Alemanha era antes um Império – ou seja, uma forma de monarquia – e passava a ser um país republicano. A República de Weimar que visava a resolver esses problemas, dando prioridade à reestruturação política e econômica do país.

A situação da Alemanha no contexto de ascensão do nazismo caracterizou-se pelas tentativas de reorganização política e reestruturação econômica com a chamada República de Weimar. Dessa forma, nos anos 1920, a Alemanha chegou a conseguir uma recuperação econômica que se tornou estável até o ano de 1929, quando o mundo sofreu o grande abalo econômico decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Houve melhora econômica por conta de um acordo entre a Alemanha e os Estados Unidos com a instituição do Plano Dawes, que dava incentivos econômicos para a reconstrução e reestruturação alemã. Mas, por conta da crise de Nova York em 1929, não foi mais possível obter ajuda externa. A Alemanha continuou a passar por enormes dificuldades: a inflação só crescia, o desemprego se alastrava e os comandos políticos eram vistos com descrédito e desconfiança por parte da população.

Nesse entretempo, Hitler já havia dado início às suas articulações dentro do partido nazista, procurando penetrar a estrutura do Parlamento de Weimar via eleições. No entanto, a representação nazista não chegava a 4% das cadeiras ocupadas. No ano de 1923, Hitler tentou tomar o poder no estado da Baviera, em Munique, mas foi preso e condenado. No seu julgamento, suas palavras expressavam o ódio às sanções do Tratado de Versalhes e o ressentimento nacionalista e racista que daria o tom da sua ideologia.

Nos seis meses em que ficou preso, Hitler desenvolveu sua ideologia no livro intitulado Minha Luta (Mein Kampf, em alemão), que se tornou política do Estado totalitário quando os nazistas tomaram o poder em 1933. Entre as ideias defendidas pelos nazistas, estava o antissemitismo, isto é, aversão aos judeus e atribuição da culpa da decadência econômica alemã a esse povo, além da atribuição da “degenerescência moral e física” da população alemã também à presença dos judeus e de outros povos (como poloneses, ciganos, negros etc.) na Europa e, em especial, nos países germânicos (Alemanha e Áustria).

A eugenia (a ideologia da raça superior e perfeita) também era marca do nazismo e estava diretamente associada ao arianismo, isto é, à eleição da raça branca como uma raça superior às demais. A política do “espaço vital”, ou seja, um espaço geográfico que comportasse a expansão da raça ariana, também estava prevista nos planos de Adolf Hitler. A construção dos campos de concentração, onde os trabalhos forçados e o extermínio de povos considerados inferiores eram gerenciados, expressou toda a perversidade dessa proposta política.

Com a crise econômica de 1929, todo o esforço de reestruturação econômica da Alemanha perdeu o estímulo. O partido nazista, nesse período de crise, conseguiu conquistar simpatizantes de todos os nichos da sociedade alemã, desde veteranos de guerra e trabalhadores até intelectuais e grandes industriais, atraídos pela proposta econômica nacionalista e corporativista dos nazistas. Já nas eleições de 31 de julho de 1932, os nazistas conseguiram 37% dos votos, ocupando assim 230 cadeiras no Parlamento. Era o primeiro passo para a dominação total.

 

7 MOTIVOS QUE FIZERAM OS ALEMÃES EMBARCAREM NA LOUCURA DE HITLER 

 

1. Tratado de Versalhes

O acordo de paz que encerrou oficialmente a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) forçou a Alemanha a assumir todos os custos do conflito. Ao assiná-lo, em 1919, o país perdeu 13% de seu território, 75% de suas reservas de ferro e 26% das de carvão, além de todas as colônias. Os alemães não esperavam um acordo tão rigoroso e se sentiram humilhados.

“A incapacidade psicológica alemã para aceitar a derrota e as reparações criou um terreno extremamente fértil para o crescimento de um nacionalismo radical, do qual o nazismo seria a expressão mais extrema”, diz o historiador argentino Andrés Reggiani, especialista em nazismo.

2. Sentimento nacional

Desde o século 19, sucessivos líderes alemães haviam insuflado um ardente nacionalismo entre o povo. O primeiro deles foi o chanceler prussiano Otto von Bismarck, que  inventou a identidade germânica, unificou a Alemanha e fundou o 2º Reich.

Adolf Hitler seguiu sua cartilha, convencendo a massa de que a Alemanha era ameaçada por inimigos internacionais poderosos. “O Führer evocava a figura mística de Frederico Barbarossa, líder do Sacro Império Romano-Germânico [o 1° Reich]”, diz a historiadora alemã Marlis Steinert, biógrafa de Hitler. “Ele queria expandir o território e prometia que o 3º Reich traria de volta o passado de grande potência.”

3. Aversão à democracia

O povo alemão nunca engoliu a República de Weimar (1919-1933), regime democrático que substituiu o império após a 1ª Guerra. Logo de cara, seus representantes foram responsabilizados pelas condições humilhantes impostas à Alemanha no Tratado de Versalhes. O Partido Social-Democrata tentou sustentar a democracia, mas não tinha apoio. “Todas as outras forças políticas eram favoráveis a um Estado autoritário”, diz Steinert.

Os nazistas se aproveitaram disso para convencer a população de que a democracia era desestabilizadora. “Muitos alemães sonhavam com a volta de um líder da estatura de Bismarck”, afirma o historiador canadense Robert Gellarely. “Viram em Hitler um sujeito capaz de tomar as rédeas do país e restabelecer a ordem.”

4. Política econômica

As reparações impostas pelo Tratado de Versalhes e a Grande Depressão criaram um cenário explosivo na Alemanha. O índice de desemprego chegava a quase 30%. Hitler viu nessa situação uma oportunidade. Assim que chegou ao poder, em 1933, adotou uma política de incentivo à indústria baseada na produção de bens de consumo e na melhoria do padrão de vida das classes mais baixas.

Assim surgiu, por exemplo, o Volkswagen (“carro do povo”), mais conhecido por aqui como Fusca. “Quando olhavam para trás, os alemães só viam crise”, diz Gellately. “Hitler lhes devolveu o emprego e fez as coisas voltarem a funcionar.”

5. Carisma de Hitler

O nazismo nunca teria chegado tão longe sem a liderança carismática de Hitler, um sujeito que hipnotizava multidões em seus comícios e tinha um poder de convencimento difícil  e ser igualado. “No palanque, ele encarnava o mito do ‘corpo’ da Alemanha, cujo sistema circulatório era a massa que o aplaudia com devoção”, filosofa o cineasta sueco Peter Cohen no documentário Arquitetura da Destruição.

O caráter messiânico de Hitler foi bem explorado por seu ministro de Propaganda, Joseph Goebbels, que controlava os meios de comunicação alemães. Tudo girava em torno da forte personalidade do Führer.

6. Terror

O medo dos órgãos de repressão ajuda a compreender o silêncio da sociedade alemã diante das atrocidades cometidas pelo regime nazista. Mas o clima de terror nem sempre foi generalizado. “A Gestapo não seria tão eficiente sem a ajuda de cidadãos comuns”. Entre 1933 e 1939, 41% dos processos contra judeus na cidade de Krefeld foram iniciados por denúncias de civis.

“Em outras cidades não foi diferente.” Ou seja: nos primeiros anos, o controle nazista não inspirou medo, mas confiança. Hitler estava preocupado com o apoio popular e construiu uma ditadura baseada no consenso. Tanto que recuou quando a população saiu às ruas para protestar contra a retirada de crucifixos das escolas e contra o programa de eutanásia. O terror só se generalizou com o início da guerra, quando o nazismo assumiu sua face mais cruel.

7. Racismo

Hitler se valeu de um antissemitismo arraigado havia séculos na Europa. A cristandade medieval tinha alentado o mito de que judeus eram aliados do diabo, não tinham pátria e queriam dominar do mundo. Mas essa discriminação foi adaptada aos propósitos do Führer durante a vigência do regime nazista: deixou de ter base religiosa para assumir um caráter racial. Assim, a natureza “degradante” dos judeus passava a ser entendida como imutável, não adiantava tentar convertê-los.

As propagandas do regime ensinavam que confinar e matar judeus, assim como cigano e outras “raças parasitárias”, era uma medida de saneamento, como exterminar ratos e bactérias. A população comprou essa ideia. “Movidos pelo antissemitismo”, diz Daniel J. Goldhagen, “os perpetradores do nazismo acreditavam que acabar com os judeus era justo, correto e necessário”.

A doutrinação nas escolas

 

Durante o governo do Nazismo (1933-1945), pode-se destacar um grande crescimento na valorização dada às crianças e jovens da nação alemã objetivando atrair esses para o movimento nazista, podendo assim aproveitar o seu potencial em prol do nacional-socialismo.

Sendo assim é possível observar que as crianças e jovens do Terceiro Reich foram submetidas a um programa dogmático que não lhes apresentou opção alternativa segura de escolha. Logicamente não é possível dar uma única resposta simples e fechada a essa questão, pois foram muitos fatores que levaram a juventude a seguir o líder nazista, mas procura-se trazer uma breve análise sobre o tema.

A proposta da modificação no sistema educacional foi sem dúvida uma das primeiras ações a serem tomadas pelo Terceiro Reich. A escola se destaca então como o local apropriado para dar início a essa transformação na mentalidade dos mais jovens. De fato, o partido conseguiu colocar em prática sua estratégia, pois primeiramente instituiu a nazificação de todas as escolas.

O trabalho de educação coletiva do Estado nacionalista deve ser coroado com o despertar do sentido e do sentimento da raça, que deve penetrar no coração e no cérebro da juventude que lhe foi confiada. Nenhum rapaz, nenhuma rapariga deve abandonar a escola sem estar convencido da necessidade de manter a pureza da raça(HITLER, 2001, p. 322).

Essa ideia de modificação do sistema escolar foi proposta por Hitler em sua obra Mein Kempf e colocada em prática quando ele alcançou o poder:

Para Hitler não era útil o ensino de diversos conhecimentos, pois as crianças e os jovens não os absorviam totalmente, deixando-os sobrecarregados de conteúdos, porém sem a compreensão dos mesmos. Sua intenção era ensinar aos alunos apenas as coisas que serviriam para seu futuro de maneira prática, ou seja, conhecimentos que fossem usar em suas profissões e que estivessem conectados com a maior preocupação dele, o futuro da nação alemã com jovens úteis para a sociedade. Com a retirada de algumas disciplinas, sobraria mais tempo para outras mais importantes. Sendo assim, pode-se destacar que a finalidade da educação para o líder Alemão e o partido nazista consistia em “transformar as crianças em bons nazistas”(BARTOLETTI, 2006, p. 40).

Na busca por corresponder ao desejo de Hitler, tornava-se essencial, tanto para os alunos quanto para os professores, professar a fé que tinham no sistema racista apresentado por Hitler, auxiliando na luta pela nova Alemanha que deveria ser pura e sem os inimigos da raça ariana. Nisso cada aluno era encorajado a vigiar, assim como também era vigiado, para estar de acordo com os pressupostos nazistas.

Portanto, pode-se observar que as crianças estavam envolvidas por todos os lados da doutrinação nazista, seja para os estudantes de escolas regulares ou ainda os integrantes das novas instituições mais direcionadas a um perfil específico de alemão. Com isso, todas as crianças eram submetidas a um rigoroso programa que contemplava os ideais nazistas para que fossem moldados neles desde cedo. O programa didático-pedagógico nazista foi vinculado totalmente em conformidade com a visão de mundo defendida pelo nacional-socialismo. Para Hitler, a escola era o ambiente ideal para cumprir seu propósito. Destaca Bartoletti (2006, p. 45): “Hitler concordava que o sistema educacional dele era duro, mas fundamental para sua meta. –Eu busco uma juventude profundamente ativa, dominadora, brutal –disse. –A juventude deve ser indiferente à dor. Não pode ter fraqueza, nem carinho”.

Para por em prática esta ideia de transformação dos jovens em bons nazistas através da educação escolar, muitas modificações foram feitas atendendo a ideologia proposta por Hitler: “Assim que os nazistas assumiram o poder, passaram a controlar as escolas públicas, chamada Escolas Nacionais. Jogaram fora os livros (didáticos) e lançaram novos. Mudaram os currículos de alto a baixo, de forma a só ensinar ideias aprovadas pelo nazismo” (BARTOLETTI, 2006, p. 40).

Nas salas de aula e nas atividades da Juventude Hitlerista, a educação era direcionada para produzir alemães racistas, obedientes e preparados para se sacrificar até a morte pelo Führer e pela nação nazista. A devoção a Adolf Hitler era um componente-chave do doutrinamento da Juventude Hitlerista. Os adolescentes alemães juravam lealdade a Hitler e se comprometiam a servir à nação e ao seu líder como soldados no futuro.

As escolas cumpriram uma função de enorme importância na disseminação das ideias nazistas entre os jovens. Enquanto os censores proibiam o uso de livros tradicionais das salas de aula, os educadores nazistas introduziam novos textos e ensinavam aos estudantes o amor a Hitler, a obediência à autoridade do Estado, o militarismo, o racismo e o anti-semitismo.

Desde o primeiro dia na escola, as crianças alemãs eram inculcadas com o culto a Adolf Hitler, e o retrato de seu líder estava sempre pendurado nas paredes de todas as salas de aula. Os textos estudantis frequentemente descreviam a emoção de uma criança ao ver o líder alemão pela primeira vez.

Jogos de tabuleiros e brinquedos infantis serviram também como forma de disseminar a propaganda racial e política nazista para os jovens alemães. Os brinquedos eram utilizados como veículos de propaganda para doutrinar as crianças para aceitar uma doutrina militarista.

Expansionismo alemão e a Conferência de Munique

 

A Conferência de Munique foi um encontro realizado por quatro grandes nações europeias (Reino Unido, França, Itália e Alemanha) em setembro de 1938, com o objetivo de debater os interesses territoriais de Adolf Hitler sobre a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia. Durante essa conferência, Reino Unido e França impuseram a política de apaziguamento, na qual promoveram concessões ao expansionismo da Alemanha a fim de evitar um conflito na Europa.

Expansionismo alemão

 

A Conferência de Munique foi consequência da tensão criada na Europa pela política de expansionismo territorial promovida por Hitler durante a década de 1930. Essa política fazia parte de um elemento da ideologia nazista chamado “lebensraum”, conhecido em português como “espaço vital”.

O primeiro passo para que a ideia do “espaço vital” fosse implementada seria o fortalecimento militar da Alemanha. No entanto, a militarização desse país estava proibida pelo Tratado de Versalhes, imposto pelos países vencedores da Primeira Guerra Mundial. Hitler passou, então, a desobedecer as determinações desse tratado.

A reação de britânicos e franceses com o desrespeito alemão ao Tratado de Versalhes foi bastante moderada e não passou de reprovações em declarações diplomáticas. Além disso, Reino Unido e França foram condescendentes com a política expansionista de Hitler, uma vez que realizaram concessões territoriais para impedir que as tensões existentes resultassem em declaração de guerra. Essa atitude de Reino Unido e França ficou conhecida como política de apaziguamento e manifestava o temor de ambos os países com a possibilidade de início de um novo conflito de grandes proporções na Europa.

O conceito de Lebensraum popularizou-se no século XIX, após a Unificação Alemã, por meio dos trabalhos do geógrafo Friedrich Ratzel.

Ratzel, passou a conceber uma doutrina geopolítica que defendia que toda “raça ou povo com dotes civilizacionais superiores” precisaria de um vasto espaço físico para o seu pleno desenvolvimento. A conquista desse “espaço vital” dependia da subjugação de “povos ou raças inferiores”, ocupantes de territórios “indignos” deles.

A perspectiva de Ratzel teve grande repercussão entre os nacionalistas alemães após a Primeira Guerra Mundial, haja vista que o Império Alemão havia ruído com a guerra e, com isso, perdido partes importantes de seu território, como a Alsácia-Lorena, e também suas colônias na África. Quando Hitler começou a amadurecer as ideias nazistas, na década de 1920, o conceito elaborado por Ratzel caiu-lhe como uma luva. Como aponta o historiador estadunidense Timothy Snyder, em sua obra Terra Negra – o holocausto como história e advertência, para Hitler, o espaço vital era encarado não apenas no sentido político-econômico, mas também no sentido propriamente ecológico, isto é, de habitat.

Esse elemento da ideologia nazista defendia a formação de um grande império germânico nos territórios do Leste Europeu que historicamente eram ou haviam sido povoados por povos de origem germânica (arianos). A construção desse império (chamado de Terceiro Reich), segundo Hitler, era um direito do povo alemão por causa de sua “superioridade” em comparação com os outros povos.

Esse “pensamento ecológico” de Hitler teve sua aplicação máxima quando houve a Operação Barbarossa, isto é, a operação de ataque à União Soviética em 1941. O grande projeto nazista de expansão territorial tinha como principal alvo o Leste europeu, sobretudo as estepes férteis, como as da Ucrânia. Os eslavos eram considerados por Hitler integrantes de uma raça desorganizada, sem capacidade de administração de seus vastos territórios e, por isso, deveriam ser subjugados e escravizados. Com o avanço sobre o Leste, proporcionado pelo recuo das forças soviéticas, os nazistas começaram a elaborar projetos de construção do seu espaço vital nessa região.

Os alimentos produzidos na Ucrânia e em outras terras seriam desviados para alimentar a população alemã e de outras nações da Europa Ocidental submetidas ao III Reich. Para tanto, seria necessário destruir a URSS e, com ela, dezenas de milhões de eslavos. O início desse processo começou com o extermínio dos judeus que viviam no Leste, sobretudo poloneses (só em Auchwitz foram mortos cerca 1.500.000).

O segundo passo seria matar de fome a população eslava. O próprio Stalin já havia feito isso em 1932-1933 com os ucranianos, mas com outros propósitos. Hitler pensava na mesma estratégia, só que com vistas à colonização total da região.

De acordo com a ideia de “espaço vital”, os alemães (arianos) deveriam ser sustentados pelo trabalho dos povos “inferiores” (principalmente os eslavos). A constituição desse território almejado pelos nazistas incluiria os territórios que pertenciam à Alemanha até a Primeira Guerra Mundial, além de outros territórios de outras nações.

A lógica cruel da noção de Lebensraum de Hitler também se apoiava na ideia de que os recursos alimentícios poderiam tornar-se escassos para qualquer nação que tivesse um número populacional elevado. Hitler acreditava que uma nação, para garantir o alimento para sua “raça”, precisava retirar o alimento de outras raças à força – incluindo eliminar a raça mais fraca para que não houvesse a necessidade de alimentá-la.

Propaganda nazista

 
 

A propaganda nazista foi um dos meios mais eficazes de controle das massas durante o III Reich, valendo-se de instrumentos como o cinema.

Quando se estuda o Nazismo e o processo de instituição do Terceiro Reich por Adolf Hitler, uma das características mais evidentes é a retórica antissemita, isto é, o conjunto de discursos elaborados contra a população judaica europeia. Entretanto, é necessário ressaltar que a esses discursos estavam associados outros, que se referiam propriamente ao “sequestro” da consciência da própria população alemã, que foi progressivamente “inflamada” pela linguagem do nazismo, ou, como dizem alguns autores, a linguagem do Terceiro Reich. A função da propaganda e o uso dos meios de comunicação de massa foram cruciais nesse processo.

Antes de tudo, é necessário compreender que não apenas o nazismo, mas também o Fascismo e as demais variações políticas totalitárias do início do século XX só foram possíveis em face da formação da sociedade de massas, advinda do processo de industrialização da Europa, completado no século XIX.

Meios de comunicação como o rádio tornaram-se muito populares nesse contexto e sua utilização para transmissão de discursos políticos de líderes como Hitler foi peça chave para a cooptação das massas que viam em tal líder uma figura “redentora”, “messiânica”. O pesquisador Luiz Sérgio Krausz assinalou que: “A gradativa entrega ao fanatismo que se observa na Alemanha dos anos 1933-1945 revela-se como o triunfo de uma retórica e de uma língua cujo objetivo é conduzir à criação de hordas e não de um corpo de consciências individuais. (KRAUSZ, Luis Sérgio. Consciência e inconsciência do nazismo. Pandaemonium ger., São Paulo. n. 15, 2010. p 194.)

"Hitler considerava que a propaganda sempre deveria ser popular, dirigida às massas, desenvolvida de modo a levar em conta um nível de compreensão dos mais baixos. As grandes massas, dizia ele, têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca. Por isso mesmo, a propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente...Tudo interessa no jogo da propaganda: mentiras, calúnias; para mentir, que seja grande a mentira, pois assim sendo, nem passará pela cabeça das pessoas ser possível arquitetar uma tão profunda falsificação da verdade ". (Lenharo, Alcir, Nazismo, "o triunfo da vontade". 6ª ed., São Paulo, Ática, 1998, p.47-48.)

O Nazismo utilizou-se da propaganda para construir uma imagem grandiosa da Alemanha, para louvar seu líder Adolph Hitler e para estimular a perseguição a grupos considerados perigosos, traidores e inferiores à raça ariana.

No caso específico da propaganda nazista, a máquina de fabricação de discursos políticos que enalteciam os feitos do Terceiro Reich, a figura do Füher e a figura da raça ariana e, ao mesmo tempo, demonizavam os judeus, os poloneses, os comunistas, os cristãos, ciganos, deficientes físicos, etc., era habilmente controlada por Joseph Goebbels (1897-1945), ministro da propaganda de Hitler.

Não foi à toa, portanto, que Goebbels, Ministro do Povo e da Propaganda de Adolf Hitler, conseguiu despertar um sentimento de elevação da autoestima na Alemanha, enaltecendo que esta somente seria livre se o Estado fosse forte e sua população pura, sob o ponto de vista étnico, responsabilizando os judeus – mas, não só eles - por grande parte do infortúnio experimentado pela nação germânica.

Goebbels ficou conhecido pela frase “uma mentira dita cem vezes torna-se verdade”, que sintetiza a proposta de implicação psicológica da propaganda nazista. A elaboração da máquina de propaganda nazista contava com a instrumentalização de intelectuais e pessoas ligadas às artes (arquitetos, escultores, pintores, músicos, cineastas etc.). Um dos exemplos mais notórios foi o da cineasta Leni Riefenstahl (1902-2003), que produziu o famoso documentário O Triunfo da Vontade, em 1934.

Nesse filme, Riefenstal buscou retratar a formação da sociedade disciplinada e militarizada criada pelo III Reich. Dessa forma, além da gravação dos discursos de Hitler e seus ministros proferidos para centenas de milhares de pessoas em praça pública, em O Triunfo da Vontade, pode-se observar ainda soldados em treinamento exibindo os corpos atléticos que, segundo a linguagem visual do nazismo, encarnavam a essência da raça ariana. Os desfiles e paradas militares também foram retratados com uma linguagem visual que pretendia dar o “ar de triunfo”, de espetacularização do poder dominador nazista, que se preparava para a Segunda Guerra Mundial.

Além de filmes e discursos apologéticos, outras formas comuns de disseminação da ideologia nazista foram cartazes e painéis com caricaturas ridicularizando os principais alvos nazistas, como os judeus, bem como panfletos com o mesmo conteúdo.

A HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO E A PÓS VERDADE - TRIUNFO DA VONTADE:  https://www.youtube.com/watch?v=AthRLWlsZGc

Nazismo: Alemanha (1933 - 1945) - Aula IX O Triunfo da Vontade: Regimes Totalitários: https://www.youtube.com/watch?v=1rscFcE3JJk

O Holocausto

Em 1945 com o termino da guerra, uma tragédia sem paralelo na história da sociedade humana, veio à tona.  Com a libertação pelo Exército Vermelho (Exército Soviético) dos presos nos campos de concentração do Leste Europeu, o mundo tomou conhecimento de que na verdade se tratava de campos de extermínio, nos quais milhões de prisioneiros judeus, ciganos, eslavos, homossexuais e comunistas foram eliminados.

O horror provocado pela revelação desse verdadeiro genocídio  gerou inúmeras polêmicas e perguntas variadas, muitas sem respostas conclusivas: de quem foi a responsabilidade? Quem sabia? O que os aliados poderiam ter feito para evitar essa tragédia? Quantos foram os mortos?  Tratou-se de uma obra coletiva ou de um trabalho realizados por poucos?

Os massacres de prisioneiros se multiplicaram à medida que a Alemanha nazista procurava construir a sua hegemonia no continente europeu. Muitos historiadores já procuraram fornecer explicações para esse massacre. Por que os nazistas teriam ódio dos judeus, a ponto de querer extermina-los?

É uma questão complexa. Na tentativa de esclarecê-la, muitos atribuem esta frase ao ministro da propaganda Goebblls  “Se os judeus não existissem, teríamos que inventa-los” . Mesmo que Goebbels não a tenha pronunciado, ela nos fornece uma pista para compreendermos o problema.

Quando os nazistas assumiram o poder, a Alemanha ainda estava sob os efeitos negativos da Crise de 1929, com milhões de desempregados. Os nazistas sabiam muito bem de que só conseguiriam reerguer o pais se tivessem o apoio maciço da população. Ma scomo conseguir levantar a moral de um povo a beira do desespero?

Era necessário encontrar um “bode expiatório”, isto é, alguém ou algum grupo a quem pudesse atribuir a responsabilidade pelos males que a Alemanha enfrentava. Descoberto esse responsável começaria a elimina-lo e, assim, o povo voltaria a acredita em sua própria força. Afinal, diziam os nazistas, os alemães eram a única raça pura, eram superiores.

Apenas tinham chegado aquele estágio de miséria por causa de uma “apunhalada nas costas”.

ENCONTRANDO INIMIGOS

 

Quem teria apunhalado a Alemanha? Segundo os nazistas, os judeus e  os comunistas! Se eles fossem eliminados, nada mais seria capaz de impedir o crescimento da Alemanha.

Os comunistas deveriam ser eliminados por que o nazismo tinha caráter anticomunista. Com relação aos judeus a questão é um pouco mais complexa. Envolve uma longa história, com origem na Idade Média,  época em que os judeus eram “bodes expiatórios” preferidos para acalmar a fúria da população quando, por exemplo, as colheitas não eram suficientes ou quando alguma epidemia se alastrava. O preconceito contra os judeus é antigo na Europa.

O que a propaganda nazista fez, portanto, foi encontrar “inimigos visíveis” para tentar fazer a população sair daquele estado de desânimo, de baixa autoestima em que se encontrava. Além disso, os alemães passariam a confiar no Estado para eliminar esses supostos “inimigos”. O que, evidentemente, reforçava o poder estatal, consolidando a ditadura nazista.

A eliminação dos judeus foi uma política do Estado Alemão chamada “solução final”. Inicialmente, os judeus foram confinados em setores especiais das cidades, denominados guetos. O gueto de Varsóvia, na Polônia, foi o maior de todos. Depois eram levados para os campos de concentração. Alguns foram assassinados por pelotões de fuzilamentos, outros morreram de inanição ou em experiências realizadas por médicos ou cientistas alemães. A maioria, contudo, morreu nas câmeras de gás.

Os horrores dos campos de concentração e extermínio revelam a dimensão da paranoia hitlerista. O economista Roney Cytrynowicz afirmou:

“O extermínio dos judeus nas câmeras de gás, durante a Segunda Guerra Mundial, é evento sem precedente na história da humanidade. Os campos de extermínio constituíram a mais brutal máquina de matar já construída pelo homem. As câmaras de gás não representava apenas nova “técnica” de matar. Os nazistas colocaram em prática nova lógica de destruição: o assassinato em massa de inocentes, segundo critério de eficiência industrial que no limite chegou a aproveitar os próprios cadáveres como matéria-prima para a indústria”.

"Inimigos do Estado”
 

O povo judeu transformou-se em bode-expiatório, sendo acusado de todas as desgraças vivenciadas pela Alemanha naquelas últimas décadas.

Considerados como os principais inimigos do regime nazista, os judeus, desde o início, eram apontados como os responsáveis pela derrota da Alemanha na guerra, pela humilhação imposta pelo Tratado de Versalhes, pela instabilidade econômica do país e da República de Weimar, etc.

A propaganda do regime nazista – apresentava os judeus como fonte principal dos problemas sociais e econômicos alemães. O fator psicológico contou muito para eficácia deste método.

Embora os judeus fossem os alvos principais do ódio nazista, não foram os únicos a serem perseguidos. Outros indivíduos e grupos também eram considerados “indesejados” e “inimigos do Estado”. Após haverem silenciado a voz de seus opositores políticos, os nazistas expandiram o terror a outros povos “marginalizados”.

Assim como os judeus, os ciganos (Romani) eram alvos dos nazistas por serem considerados “não-arianos” e racialmente “inferiores”. Os ciganos viviam na Alemanha desde o século XV, e desde então sofriam com preconceitos. Eles também foram vítimas da discriminação oficial muito antes de 1933 [OBS: início do regime nazista]. Sob o regime nazista, as famílias ciganas nas principais cidades foram cercadas, fotografadas, tiveram suas impressões digitais registradas, e foram obrigadas a viver como prisioneiras em campos especiais sob guarda policial.

Os membros de um pequeno grupo cristão, as Testemunhas de Jeová, tornaram-se vítimas não por razões raciais, mas devido às suas convicções religiosas que as proibiam de se alistarem no exército ou mostrarem obediência a qualquer governo por meio de saudação à bandeira ou, no caso da Alemanha nazista, erguendo o braço para fazer a saudação “Heil Hitler”. Logo após Hitler assumir o poder, as Testemunhas de Jeová foram enviadas para campos de concentração, e as que não foram presas, em sua maioria, perderam seus empregos, benefícios de seguridade social, seguro-desemprego e todos seus direitos civis. No entanto, eles continuaram se reunindo, pregando e distribuindo panfletos religiosos.

Os homossexuais tornaram-se vítimas dos nazistas devido à sua opção sexual. Os nazistas consideravam as relações homossexuais um comportamento “anormal” e “efeminado”, que por não produzir descendentes ameaçavam as políticas nazistas de encorajamento à reprodução de “arianos”. Assim que Hitler assumiu o poder, as Tropas de Choque (SA) começaram a realizar batidas em bares homossexuais, onde muitos foram detidos e levados como prisioneiros para campos de concentração, dentre eles, dezenas e dezenas de adolescentes.

 
 
 

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