Cada feudo tinhas seus próprios padrões monetários e, além disso, uma série de tributos era cobrada dos comerciantes, impostos, tarifas e até mesmo direitos de passagem castigavam tais mercadores. O ambiente não era propício para que os negócios prosperassem.
Além disso, havia sempre o risco de saques e assaltos praticados por bandidos e salteadores, quando não pelos próprios nobres.
Desta maneira, a classe burguesa buscou apoiar-se nos reis, que a época possuíam poderes apenas em seus feudos, no entanto contavam com as obrigações de respeito de outros nobres, seus vassalos.A
partir do século XI, na Europa, houve um aumento da produção agrícola, além de
um rápido crescimento da população e do número de moradores nas cidades. A
produção artesanal também cresceu com muitos artesãos trabalhando na fabricação
de tecidos de lã, ferramentas, joias, sapatos e objetos de madeira. O excedente
agrícola e os produtos artesanais eram comercializados entre os feudos e também
com povos de outros continentes.
Nessa época, os comerciantes, também chamados burgueses, foram se tornando mais numerosos e mais influentes na economia medieval. Inicialmente, os burgueses ocupavam uma posição social intermediária. Porém, por causa do desenvolvimento das atividades urbanas no final da Idade Média, eles tiveram condições de prosperar e enriquecer, passando a ocupar uma posição destacada na sociedade. As cidades foram se tornando importantes centros comerciais e, com isso, os burgueses conquistaram maior autonomia em relação aos senhores feudais. Essas transformações sociais acabaram provocando uma profunda crise no sistema feudal.
A burguesia e a nobreza apoiam o rei
Com os recursos vindos dos impostos, os reis passaram a manter uma administração centralizada. Os cargos das instituições administrativas do governo foram ocupados, em sua maioria, por nobres, possibilitando a eles a manutenção de diversos privilégios. Dessa maneira, assim como os burgueses, parte da nobreza tornou-se dependente do rei.
Mais poder ao rei
A centralização política
O apoio da burguesia e de parte da nobreza fortaleceu o poder dos reis e possibilitou, gradativamente, a centralização política dos reinos, que foram se constituindo em Estados, ou seja, grandes extensões territoriais que tinham suas próprias leis e um governo forte e centralizado.
A criação de exércitos permanentes, disciplinados e fiéis ao Estado e a imposição de uma única língua e uma religião oficial também foram imprescindíveis para a conquista da soberania desses territórios. Todos esses elementos estão presentes na formação dos Estados modernos.
Esse contexto histórico europeu ficou conhecido, especialmente na França, como Antigo Regime e se estendeu entre os séculos XVI e XVIII. Por causa do grande poder exercido pelos reis, as monarquias europeias desse período ficaram conhecidas como monarquias absolutas e o conjunto de práticas políticas estabelecidas pelos monarcas foi chamado Absolutismo
COMO
OCORREU A FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS?
Surgiram da união de interesses entre a burguesia, o rei e alguns membros da nobreza:
•Centralização do poder político na mão de uma única pessoa, o rei(nobre).
•O rei formou um exército e recebeu apoio dos burgueses e de alguns nobres.
•O que cada classe social recebia ou deixava de receber com a formação das monarquias nacionais?
- Para poder ter poder de fato sobre o seu reino, o rei precisava de apoio político e dos recursos econômicos da burguesia;
- Os nobres precisavam do rei para retomar alguns privilégios perdidos com o fracasso das Cruzadas e garantir a manutenção de suas terras;
- A
burguesia tinha interesse em unificar o território, pois conseguiria
vários benefícios: moeda única, padronização de pesos e medidas, leis
unificadas, melhorias em estradas, segurança pública, tributo único
devido ao rei.
O Estado moderno foi procurou harmonizar os interesses das elites, da burguesia, da nobreza e do clero. Todos esses interesses estavam, em maior ou em menor grau, comprometidos com o desenvolvimento economico, um novo sistema de exploração em que a camada camponesa _que representava cerca de 90% da sociedade_ praticamente permaneceu na mesma situação de marginalidade.
Mesmo com as novas medidas, a fortificação do novo regime político chamado Estado Moderno possibilitaria vantagens para os clérigos, principalmente para o alto clero. Fortemente alinhado com a nobreza, de onde vinham majoritariamente seus membros, o clero seria uma das forças políticas que possibilitaria a manutenção da sociedade extremamente desigual do Antigo Regime.
Nos séculos XVI e XVII, boa parte das relações entre a Igreja Católica e o estados europeus girou em torno de duas preocupações: a luta contra o protestantismo e o esforço para implantar a fé nos novos impérios coloniais nas Américas, África e Ásia.
✓Os burgueses desejavam unificar o território, o peso, a medida, os impostos e a moeda para facilitar a realização do comércio.
✓Os reis poderiam criar leis, aumentar o poder político, riquezas e prestígio.
✓Os nobres perderiam poder em relação ao período que eram senhores feudais, mas ofereceriam apoio com o objetivo de receber benefícios do soberano(rei).
Assim, as monarquias surgiram praticamente ao mesmo tempo em vários lugares diferentes devido aos mesmos motivos: a necessidade de reafirmação das classes dominantes e, talvez um ponto menos crucial, a ascensão da burguesia urbana que vinha tendo um grande avanço técnico e comercial e que deveria ser limitada em suas ações.
Renascimento comercial - Fim do feudalismo e o capitalismo comercial
A Europa ocidental sofreu grandes transformações econômicas e sociais entre os séculos 11 e 14. Pouco a pouco, desmoronou o sistema feudal que vigorou no continente ao longo de quase toda a Idade Média. Para isso, entre outros fatores, contribuíram as Cruzadas, que foram expedições militares patrocinadas pela Igreja católica e organizadas pela cristandade medieval para libertar Jerusalém do domínio muçulmano.
As Cruzadas ocorreram entre os anos de 1096 e 1270 e conduziram a Europa a um momento de renascimento comercial: ao voltarem das batalhas em terras orientais, os cruzados traziam consigo produtos de luxo, como tapetes persas, porcelanas chinesas, tecidos finos ou especiaria (temperos como cravo, canela e pimenta), que atraíam a população europeia, que já não conhecia esses requintes.
Burgos e burgueses
Graças a essa retomada do comércio, muitos europeus deixaram o campo e foram viver dentro dos burgos - vilas fortificadas com muralhas, construídas entre os séculos 9 e 10 e posteriormente abandonadas -, onde esperavam encontrar melhores condições de vida. Em pouco tempo, contudo, esses lugares tomaram-se pequenos e as pessoas viram-se obrigadas a se instalar do lado de fora de suas muralhas.
Essa população, formada principalmente por artesãos, operários e comerciantes, acabou dando origem a novos burgos em vários pontos da Europa. Seus habitantes, por oposição aos nobres que viviam em castelos, ficaram conhecidos como burgueses. Com o tempo, os centros urbanos tomaram-se mais importantes que as regiões rurais. Os negócios ali aumentaram, os artesãos abriram suas próprias oficinas, comerciantes passaram a organizar feiras nas quais vendiam seus produtos.
O dinheiro
Por essa razão, o uso de moedas tornou-se essencial, substituindo o escambo ou troca de mercadorias. Isso possibilitou o aparecimento das primeiras casas bancárias, responsáveis pelas operações de câmbio e empréstimos a juros. Toda essa dinâmica fez com que o dinheiro passasse a ganhar importância e a terra e a produção agropecuária deixasse de ser a base da riqueza na Europa.
Gradativamente, os mercadores e banqueiros, cada vez mais ricos, conquistavam maior status social e passaram a ansiar pelo poder político. A burguesia ganhava prestígio e aproximava-se dos reis, emprestando-lhes dinheiro em troca de medidas políticas favoráveis ao comércio. Ao mesmo tempo, os senhores feudais viam-se envolvidos em dívidas, muitas delas decorrentes das altas despesas com as Cruzadas.
Capitalismo comercial
A ascensão da burguesia, a expansão do comércio, o aparecimento da mão-de-obra assalariada, aliados ao fortalecimento do poder real - e a consequente formação dos Estados nacionais -, foram fatores que abalaram de vez a estrutura feudal da Europa e provocaram o fim desse sistema no continente. No século 15, os europeus já viviam sob uma nova ordem socioeconômica: o capitalismo comercial.
Sociedade Estamental na Idade Moderna
Na Idade Moderna, a sociedade europeia estava organizada em grupos chamados estamentos ou estados.
A idade moderna foi marcada pelo surgimento de uma nobreza cortesã que, junto com o clero, detinha diversos privilégios. Do ponto de vista social, o modelo estamental garantia privilégios por nascimento e restringia a possibilidade de mobilidade social. O terceiro estamento, composto por todos os não nobres, era responsáveis pelo pagamento de impostos.
Os estamentos privilegiados
Os privilegiados tinham vantagens: não pagavam a maioria dos impostos, eram proprietários de quase todas as terras, tinham tribunais próprios e detinham os principais cargos.
A nobreza
Embora na teoria a função da nobreza na Idade Moderna fosse defender a sociedade, muitos nobres evitavam servir o exército. Existiam três grandes grupos de nobres:
- O nível mais alto correspondia aos titulados ou nobres de sangue (duques, condes, marqueses etc). Eram donos de enorme poder político e econômico e mantinham um estilo de vida extremamente luxuoso. Entre os titulados havia ainda um grupo reduzido bastante próximo do rei.
- O nível médio era o dos cavaleiros. Eles eram proprietários de terras, das quais obtinham seus rendimentos, e tinham um padrão de vida alto e suntuoso.
- O nível mais baixo era ocupado pelos fidalgos, nobres por ascendência familiar, mas que, em geral, não tinham dinheiro nem tenras – muitos, inclusive, viviam na pobreza.
- Durante a Idade Moderna formou-se ainda a nobreza togada (ou de toga), composta por juizes e outros funcionários da administração, enobrecidos pelo rei por conta de serviços prestados ao Estado.
O clero
Sua função era buscar a salvação da sociedade por meio da oração, da pregação, dos ofícios religiosos e do ministério dos sacramentos. Existiam dois tipos de clero, o regular e o secular. O clero regular era aquele que seguia a regra de uma ordem religiosa, como era o caso dos franciscanos, dominicanos, jerônimos etc. Já o clero secular exercia os trabalhos sacerdotais, mas não seguia regras.
Dentro do clero também havia diferentes grupos:
- O alto clero era formado por cardeais, bispos, arcebispos etc, que detinham grande poder político e controlavam vultosas riquezas.
- O clero médio era constituído pelos abades e abadessas das ordens, pelos membros dos cabildos e pelos vigários das paróquias ricas. Seus cargos lhes proporcionavam altos rendimentos, permitindo-lhes viver na fartura.
- O baixo clero incluía os curas (vigários), os frades e as monjas, que viviam modestamente – alguns eram muito pobres, sobretudo os curas rurais.
Os não-privilegiados
Os que não eram nobres nem pertenciam ao clero faziam parte do grupo dos não-privilegiados, também chamados de plebe ou povo comum. Com a função de prover o sustento de toda a sociedade, pagavam impostos e dedicavam-se a atividades produtivas. Entre eles havia muitas diferenças:
- Os mais ricos, imitando a nobreza, viviam em grande luxo. Para enobrecer suas famílias, arranjavam o casamento de seus filhos com nobres em má situação financeira.
- As condições dos mais pobres eram péssimas: a maioria vivia em constante penúria, situação piorada pela frequente alta dos impostos. Mais de 80% da população era de camponeses, que nos meses de inatividade agrária alternavam as tarefas no campo com outros tipos de trabalho. Os não-privilegiados dedicavam seu tempo de lazer às celebrações religiosas e festas de todo o tipo.
O processo de centralização da monarquia Francesa
Entre as guerras que ocorreram, podemos destacar a Guerra dos Cem Anos, que iniciou em 1337, e teve fim em 1453.
Iniciada em 1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o rei britânico Eduardo III, neto do monarca francês Felipe, O Belo (1285 – 1314), reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Dessa forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político, principalmente da região de Flandres.
Nessa época, os comerciantes de Flandres apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos com a Inglaterra. Por conta desse apoio, os ingleses venceram as primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. Até aquele instante, observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses, era possível apostar na queda da monarquia francesa. Contudo, a decorrência da Peste Negra impôs uma pausa aos dois lados da guerra.
As batalhas só foram retomadas em 1356, quando a Inglaterra conquistou novas regiões e contou com apoio de alguns nobres franceses. No ano de 1360, a França se viu obrigada a assinar o Tratado de Brétigny. Pelo documento, a Inglaterra oficializava o seu domínio sobre parte da França e recuperava alguns territórios inicialmente tomados pelos franceses.
A ruína causada pela guerra provocou grandes problemas aos camponeses franceses. A falta de recursos, os pesados tributos e as fracas colheitas motivaram as chamadas jacqueries. Nesse instante, apesar dos episódios de violência contra a nobreza, os exércitos da França reorganizaram suas forças militares. Realizando a utilização de exércitos mercenários, o rei Carlos V conseguiu reaver uma parcela dos territórios perdidos para a Inglaterra.
Nas últimas décadas do século XIV, os conflitos tiveram uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da Inglaterra. Apesar da falta de guerra, uma paz definitiva não havia sido protocolada entre os ingleses e franceses. No ano de 1415, o rei britânico Henrique V retomou a guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Mais do que isso, através do Tratado de Troyes, ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem da monarquia francesa.
Em 1422, a morte de Carlos VI da França e de Henrique V da Inglaterra fizeram com que o trono francês ficasse sob a regência da irmã de Carlos VI, então casada com o rei Henrique V da Inglaterra. Nesse meio tempo, os camponeses da França se mostraram extremamente insatisfeitos com a dominação estrangeira promovida pela Inglaterra. Foi nesse contexto de mobilização popular que a emblemática figura de Joana D’Arc apareceu.
Alegando ter sido designada por Deus para dar fim ao controle inglês, a camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas e populações locais. Aproveitando do momento, o rei Carlos VII mobilizou tropas e passou a engrossar e liderar os exércitos que mais uma vez se digladiaram contra a Inglaterra. Nesse instante, temendo o fortalecimento de uma liderança popular, os nobres franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos.
Os ingleses, planejando matá-la, prenderam a heroína francesa. Julgada por um tribunal da Igreja, foi acusada de heresia e bruxaria, acabou condenada e queimada viva em Rouen, em 1431.
Mesmo com a entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção norte do país.A morte de Joana d’Arc estimulou ainda mais o nacionalismo dos franceses, que a partir de então, avançaram sobre os ingleses, conseguindo expressivas vitórias.
Por um lado, a guerra foi importante para se firmar o ideal de nação entre os franceses. Por outro, abriu caminho para que novas disputas alterassem a situação da monarquia inglesa.
Adorei professor Ricardo, me ajudou muito ❤️
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