segunda-feira, 6 de julho de 2020

1º Ano - PET Volume 2 - 2ª Semana (7ª Semana) - Colonização Portuguesa e Resistência.




Colonização Portuguesa e Resistência.  

O Brasil dos séculos XVII e XVIII presenciou diversas revoltas coloniais contrárias ao poder metropolitano exercidos em sua províncias, algumas delas, intimamente ligadas às políticas metropolitanas adotadas para a colônia.
A maior parte dessas reivindicações dessas revoltas foi o fator econômico, interesses de grupos locais que iam de frete aos interesses dos portugueses, como a  alta cobrança de impostos por parte da coroa portuguesa.
Outras derivaram de interesses específicos dos vassalos de Portugal, como disputa por terras, por territórios de mando, enfrentamento de grandes potentados, reações às políticas das câmaras, entre outros motivos.
A exploração excessiva que era feita pela metrópole portuguesa teve seus reflexos de descontentamento a partir do final do século XVII. Neste, ocorreu apenas um movimento de revolta, mas foi ao longo do século XVIII que os casos se multiplicaram. Entre todos esses movimentos, podem-se distinguir duas orientações nas revoltas: a de tipo nativista e a de tipo separatista. As revoltas que se encaixam no primeiro modelo são caracterizadas por conflitos ocorridos entre os colonos ou defesa de interesses de membros da elite colonial. Somente as revoltas de tipo separatista que pregavam uma independência em relação a Portugal.

Entre as revoltas nativistas mais importantes estão: Revolta de Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates e a Revolta de Filipe dos Santos.



A Revolta dos Beckman ocorreu no ano de 1684 sob liderança dos irmãos Manuel e Tomas Beckman. O evento que se passou no Maranhão reivindicava melhorias na administração colonial, o que foi visto com maus olhos pelos portugueses que reprimiram os revoltosos violentamente. Foi a única revolta do século XVII.
A Guerra dos Emboabas foi um conflito que ocorreu entre 1708 e 1709, em Minas Gerais, motivada pelo direito de exploração das jazidas de ouro que tinham acabado de serem descobertas naquela região. Os bandeirantes de São Paulo, que foram aqueles que descobriram primeiro o ouroachavam que o direito de explorar tais regiões fosse somente deles, já que foram os pioneiros a descobrir — isto é, a posse e o domínio sobre a região mineradora. Do outro lado, estava a Coroa Portuguesa, que via as jazidas como uma ótima forma de melhorar a vida do país europeu. Foi justamente essa diferença de pontos de vista que tornou a região de Minas Gerais em um verdadeiro palco para uma guerra que duraria cerca de dois anos. Os paulistas tinham uma identidade cultural peculiar, preservavam  a identidade de grupo. Falavam a língua geral, de origem indígena, tinham práticas culturais mestiças, como a arte de sobrevivência nos matos, vestiam-se de forma estranha,recusando-se a usar calçados,e mais importante, pautavam- -se por um código de valores assentado em ideais de bravura e honra. Os paulistas eram requisitados pela Coroa, eles encarnavam a mais formidável máquina de guerra da América portuguesa, acionada nos momentos em que a Coroa necessitava de sertanejos, experientes nas artes de sobrevivência e luta no mato.
A Guerra dos Mascates aconteceu logo em seguida, entre 1710 e 1711. A Guerra dos Mascates foi um movimento nativista que ocorreu na capitania de Pernambuco durante o período colonial. Tal movimento aconteceu por conta de rivalidades locais e não visava o rompimento com a metrópole, isto é, não era emancipacionista.
O conflito se deu entre os senhores de engenho de Olinda e os comerciantes portugueses de Recife, em uma disputa pelo poder loca. o desenvolvimento urbano e aimportância comercial alcançados por Recife levaram seus moradores a solicitar à Coroa a sua separação de Olinda e sua e sua elevação à vila, pedido que foi atendido por D. João V. Os oficiais da Câmara de Olinda não concordaram com a decisão real e pressionaram o governador paraque não a acatasse.Contudo, o governador Sebastião de Castro e Caldas, homem de pouca política e totalmente inábil, apoiou os moradores de Recife. A guerra recebeu esse nome devido a participação dos comerciantes portugueses, que eram chamados pejorativamente de mascates. 
A Revolta de Filipe dos Santos aconteceu em 1720. O líder Filipe dos Santos Freire representou a insatisfação dos donos de minas de ouro em Vila Rica com a cobrança do quinto e a instalação das Casas de Fundição. A Coroa Portuguesa condenou Filipe dos Santos à morte e encerrou o movimento violentamente.


São revoltas separatistas: Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana.

A Inconfidência Mineira, já com caráter de revolta separatista, aconteceu em 1789. A revolta dos mineiros contra a exploração dos portugueses pretendia tornar Minas Gerais independente de Portugal, mas o movimento foi descoberto antes de ser deflagrado e acabou sendo punido com rigidez pela metrópole. Tiradentes foi morto e esquartejado em praça pública para servir de exemplo aos demais do que aconteceria aos descontentes com Portugal.
A Conjuração Baiana, também separatista, ocorreu em 1798. O movimento ocorrido na Bahia pretendia separar o Brasil de Portugal e acabar com o trabalho escravo. Foi severamente punida pela Coroa Portuguesa.


 As interpretações historiográficas acerca das relações entre colônia e metrópole.

Ainda hoje, muitos historiadores pensam sobre como o Brasil conseguiu dar fim a dominação colonial exercida pelos portugueses. O interesse pelo assunto promove uma discussão complexa que interliga as transformações intelectuais e políticas que tomaram conta do continente europeu e o comportamento das ideias que sustentaram a luta pelo fim da ingerência lusitana. Por fim, tivemos que alcançar nossa autonomia graças ao interesse de sujeitos diretamente ligados ao poder metropolitano.
Isto não é muito fácil, porque há inúmeras interpretações historiográficas acerca de como essas relações foram configuradas e cada uma dessas versões explica a eclosão das revoltas de forma diferenciada. 

As revoltas que eclodiram na América Portuguesa estão, algumas delas, intimamente ligadas às políticas metropolitanas adotadas para a colônia. Outras derivaram de interesses específicos dos vassalos de Portugal, como disputa por terras, por territórios de mando, enfrentamento de grandes potentados, reações às políticas das câmaras, entre outros motivos. Para se entender as revoltas, é preciso, primeiro, entender as relações que se estabeleceram entre metrópole e colônia. Isto não é muito fácil, porque há inúmeras interpretações historiográficas acerca de como essas relações foram configuradas e cada uma dessas versões explica a eclosão das revoltas de forma diferenciada.
1ª interpretação: Até algum tempo atrás, acreditava-se que a colônia estava totalmente submetida à metrópole e não possuía uma vida própria. Essa interpretação defendia a ideia de que as colônias, em geral, eram satélites das potências europeias e só faziam responder os interesses econômicos metropolitanos. Nessa perspectiva, ficava difícil explicar como e por que as revoltas ocorriam, já que os colonos não possuíam interesses próprios.
As críticas a essa visão reducionista mostraram que, se havia interesses metropolitanos em jogo, os vassalos de Portugal, ou de qualquer outra metrópole, também acabavam desenvolvendo interesses próprios, conferindo à colônia uma dinâmica interna fundada nas relações de poder, de trabalho e na sociabilidade entre as populações coloniais.
2ª interpretação: Essa perspectiva torna bem mais fácil explicar a eclosão das revoltas, tanto aquelas Contrárias a determinadas medidas tomadas pelas metrópoles em relação às suas colônias quanto as quê surgiam, fruto dos conflitos entre os próprios atores coloniais. De acordo com essa versão historiográfica, as autoridades metropolitanas procuravam respeitar os costumes, as tradições e os interesses dos colonos, uma vez que, desrespeitados, eram motivo suficiente para iniciar uma revolta. Havia convenções estabelecidas entre o rei e seus vassalos, que deviam ser observadas para manter a paz na colônia. Entretanto, muitas vezes as convenções foram desrespeitadas.
3ª interpretação: Recentemente, uma nova interpretação da administração portuguesa em relação às suas colônias voltou a tornar difícil entender os conflitos de toda ordem que eclodiam na América Portuguesa. Segundo essa nova interpretação, havia uma interação de interesses entre o soberano português e seus vassalos, interação essa baseada no que é chamado de economia do dom. A economia do dom fundava-se na troca de favores entre o soberano e os colonos. O rei concedia mercês e favores aos seus vassalos e, em troca, recebia deles fidelidade incondicional. Como você pode perceber, se havia fidelidade incondicional dos vassalos, dificilmente haveria conflitos contra as determinações metropolitanas. E não foi isso o que aconteceu. Muitas vezes, o desrespeito das autoridades metropolitanas aos direitos dos vassalos era motivo da eclosão imediata de revoltas. Outra questão teórico-conceitual importante é a divisão das revoltas ocorridas na América Portuguesa em movimentos de contestação e movimentos de oposição. Nessa perspectiva, movimentos de contestação são aqueles também chamados nativistas, que não colocavam em pauta a separação da colônia de sua metrópole. Esses movimentos seriam característicos da primeira metade do século XVIII, ou anteriores a essa data. Já os movimentos de oposição seriam aqueles que pretendiam se livrar do jugo metropolitano e seriam caracterizados mais especialmente pelas inconfidências, características da segunda metade do século XVIII, conjuntura em que, por suposto, as ideias iluministas passaram a ter influência nos homens letrados da colônia e as revoluções Americana e Francesa foram exemplo para as conjurações na América Portuguesa. Hoje já é possível discordar dessa posição. Todas as revoltas coloniais tiveram muitas faces. Elas não foram só de contestação ou só de oposição.
Podemos concluir que as terras brasileiras estavam cada dia mais sendo exploradas, o que consequentemente gerou um descontentamento popular, o que ocasionou no final do século XVII em movimentos de revolta. No século XVIII, novas revoltas surgiram, denominadas de nativistas e separatistas.



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