quinta-feira, 29 de outubro de 2020

1º Ano - PET 5 - 4ª Semana - A Crise de 1929

 


A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte recessão econômica que atingiu o capitalismo internacional no final da década de 1920. Marcou a decadência do liberalismo econômico, naquele momento, e teve como causas a superprodução e especulação financeira.

Os Estados Unidos antes da crise econômica

Antes da crise de 1929 estourar, os Estados Unidos já ocupavam o posto de maior economia do mundo. Antes mesmo da Primeira Guerra Mundial, a economia americana já possuía índices que comprovavam essa supremacia, e os eventos da guerra só acentuaram a posição de potência econômica internacional dos Estados Unidos.

Em virtude do rápido crescimento da economia americana após a guerra, a década de 1920 foi um período de grande euforia econômica, o qual ficou conhecido como Roaring Twenties (traduzido para o português como Loucos Anos Vinte). Esse momento da história americana ficou marcado principalmente pelo avanço do consumo de mercadorias, consolidando o American way of life, o estilo de vida americano.

O avanço da economia americana tornou o país responsável pela produção de 42% de todas as mercadorias feitas no mundo. A nação também era a maior credora do mundo e emprestava vultuosas somas de dinheiro para as nações europeias em processo de reconstrução (após a Primeira Guerra). No quesito importação, os Estados Unidos eram responsáveis por comprar 40% das matérias-primas vendidas pelas quinze nações mais comerciais do mundo.

Essa euforia econômica refletia-se na população a partir de um consumismo acelerado, levando as pessoas a comprarem carros e artigos eletrodomésticos de maneira desenfreada. Esse consumismo ancorava-se, em parte, na expansão do crédito que acontecia no país sem nenhum tipo de regulação ou intervenção estatal. A expansão do crédito também cumpria importante papel no financiamento de diferentes atividades econômicas.

Com esse quadro, os Estados Unidos viviam um momento de pleno emprego e rápido crescimento industrial. Entre 1923 e 1929, os Estados Unidos possuíam uma taxa média de desemprego de 4%, a produção de automóveis no país aumentou 33%, o número de indústrias instaladas no país aumentou por volta de 10% e o faturamento do comércio quintuplicou.

Por causa do boom econômico e da onda de euforia, as pessoas passaram a investir de maneira intensa no mercado financeiro, disparando a especulação monetária. Durante a década de 1920, os investimentos nas ações das empresas na bolsa de valores de Nova Iorque tiveram saltos consideráveis.

O sentido de especulação financeira aqui está relacionado com pessoas que compravam ações na bolsa, esperando que estas se valorizassem para logo em seguidas revendê-las. Esse processo fazia com que os valores das ações aumentassem – pois havia muitos compradores – e criava uma falsa sensação de prosperidade. A continuidade desse falso cenário de prosperidade financeira e a superprodução resultaram na quebra da economia americana.

Quebra da bolsa de Nova Iorque

Toda essa prosperidade estava amparada em bases extremamente frágeis. O crédito desregulado e o crescimento da especulação financeira criaram uma bolha de falsa prosperidade que estava à beira do precipício. A sociedade tornou-se incapaz de perceber o que estava prestes a acontecer. Esse processo foi explicado por Hobsbawm da seguinte maneira:

O que acontecia, como muitas vezes acontece nos booms de mercados livres, era que, com os salários ficando para trás, os lucros cresceram desproporcionalmente, e os prósperos obtiveram uma fatia maior do bolo nacional. Mas como a demanda da massa não podia acompanhar a produtividade em rápido crescimento do sistema industrial nos grandes dias de Henry Ford, o resultado foi superprodução e especulação. Isso, por sua vez, provocou o colapso1.

A questão salarial que foi mencionada no trecho acima é muito importante para entendermos uma das facetas da crise: a superprodução. Na década de 1920, a indústria dos Estados Unidos expandiu-se e a produtividade do trabalhador aumentou. Esse aumento na produção, no entanto, não foi acompanhado de aumentos salariais, pois os salários permaneceram estagnados. Assim, o mercado não tive condições de absorver a quantidade de mercadorias que eram produzidas (nem o mercado americano nem outros países conseguiam absorver essas mercadorias). Isso abalou a esperança de rápida prosperidade de muitos que tinham ações de empresas americanas.

Milhares de pessoas resolveram vender as suas ações no dia 24 de outubro de 1929, no que ficou conhecido como Quinta-feira Negra. Nesse dia, mais de 12 milhões de ações foram colocadas à venda, o que deixou o mercado em pânico. Essa situação se estendeu por dias e na segunda, dia 28, mais 33 milhões de ações foram colocadas à venda. Imediatamente o valor das ações despencou, e bilhões de dólares desapareceram. A economia americana quebrou.


Consequências da Crise de 1929

Os efeitos da crise para a economia dos Estados Unidos foram imediatos e espalharam-se pelo país como um efeito dominó. O período mais crítico foi de 1929 a 1933; logo após, os efeitos da crise foram enfraquecendo-se, principalmente por causa da intervenção do Estado na economia com o New Deal (Novo Acordo).

Leia também: O programa de recuperação econômico aplicado durante a Grande Depressão

Separamos abaixo alguns dados que evidenciam o impacto da crise na economia dos Estados Unidos:

  • PIB nominal dos Estados Unidos caiu aproximadamente 50%

  • O desemprego disparou e alcançou 27% (era 4% antes da crise)

  • Importações caíram 70%

  • Exportações caíram 50%

  • Diminuíram em 90% os empréstimos internacionais

  • Produção industrial caiu, no mínimo, 1/3

  • Produção de automóveis foi reduzida em 50%

  • Salário médio na indústria caiu 50%

  • Falência de milhares de empresas e bancos

Milhares de pessoas perderam instantaneamente todo seu patrimônio, uma vez que ele estava investido em valores da especulação que haviam desaparecido com a quebra da bolsa. Os efeitos da crise espalharam-se pelo mundo, por isso, a economia de diversos países entrou em recessão, e o desemprego disparou mundo afora.

A situação era tão crítica que o desemprego alcançou níveis altíssimos nos seguintes países:

  • Grã-Bretanha: 23%

  • Bélgica: 23%

  • Suécia: 24%

  • Áustria: 29%

  • Noruega: 31%

  • Dinamarca: 32%

  • Alemanha: 44%

A maioria desses países teve dificuldade em reduzir esses índices mesmo após 1933. Vale dizer também que esses dados nos dão uma pista do motivo pelo qual o fascismo e os ideais de extrema-direita tiveram tanta repercussão nos quadros políticos da Europa durante a década de 1930. Ao todo, o comércio internacional foi reduzido em aproximadamente 1/3.


 

Consequências da Crise de 1929 no Brasil

O Brasil também sentiu os impactos da Crise de 1929. A área que sofreu mais com a recessão econômica foi a de produção do café – o principal produto de exportação do país. O Brasil era responsável por cerca de 70% do café comercializado no mundo, e o principal consumidor da nossa mercadoria eram os Estados Unidos (compravam cerca de 80% do nosso café).

Com a recessão, o café estagnou-se no mercado brasileiro, e o preço do produto despencou. Os cafeicultores tiveram prejuízos gigantescos. No auge dessa crise, o país enfrentou transformações políticas profundas com o acontecimento da Revolução de 1930. O novo governo teve Getúlio Vargas como presidente provisório.

A mudança política em si que aconteceu nesse período já é levantada pelos historiadores como uma consequência indireta da recessão sobre o nosso país. Além disso, as exportações do café brasileiro reduziram-se por volta de 60%, e o preço do café no mercado internacional caiu cerca de 90%. Com isso, o governo resolveu agir.

A medida de Vargas na economia foi a de proteger o principal produto do país. Para isso, foi criado o Conselho Nacional do Café (CNC) em 1931. Para conter a queda no valor do café, o governo decidiu realizar a compra das sacas que estavam paradas para aumentar o valor do café no mercado internacional. As sacas que foram compradas pelo governo eram incendiadas. Essa prática estendeu-se durante treze anos, resultando na destruição de 78,2 milhões de sacas de café.

A Grande Depressão 

A maior crise do capitalismo, chamada a Grande Depressão, decretou o enfraquecimento das elites oligárquicas e o fim da Primeira República no Brasil. 

Nos Estados Unidos, epicentro da crise, a especulação na bolsa de valores levaram os investidores a ter ganhos três vezes maior que o valor inicialmente investido, sem esforço do capital produtivo. Muitas empresas para obter um lucro maior, aumentaram artificialmente o valor de suas ações no mercado financeiro, no entanto, esse valor não correspondia ao preço real da ação. Os investidores percebendo o risco começaram a oferecer as ações para venda, mas não haviam mais compradores, levando a que-bra da bolsa de valores de Nova York, pois o preço das ações perderam quase todo o seu valor. Esse evento ficou conhecido com a Crise de 1929. 

As razões da Grande Depressão foram: a concentração de riqueza que restringiu o consumo e resul-tou no aumento dos estoques; a crise agrícola, pois produziram além da capacidade de consumo e os agricultores não conseguiram honrar as dívidas com os bancos; a Europa começou a recuperar, após ser destruída no contexto da Primeira Guerra mundial, e voltar a produzir, e consequentemente, a con-correr com o Estados Unidos, comercialmente. Esses fatores potencializaram a falta de reajuste nos salários e o desemprego, o que desacelerou ainda mais o consumo. Contudo a produção acelerava ainda mais o ritmo, sem mercado consumidor para acompanhar, o que ocasionou a crise de superprodução. 

O resultado foram a fome, miséria, o desemprego, a falência, a depressão social, descrença no libe-ralismo capitalista, protesto de trabalhadores, onde crianças carregavam cartazes que questionavam “Porque nós passamos fome e outras crianças não passam?” “Porque o meu pai não consegue emprego?”

Desde 1890 o Brasil já produzia mais café do que a capacidade de compra dos países estrangeiros. O aumento da oferta de café derruba os preços. Para garantir o preço do café foi assinado o Convênio Taubaté, onde o governo compraria e estocaria o café. Sendo assim, o prejuízo do cafeicultor passou a ser do Estado o que levou ao aumento dos impostos pagos pelos brasileiros.  

A Crise de 1929 afetou todo o Mundo. Os Estados Unidos cortaram investimentos externos e suspen-deram os empréstimos. O Brasil sem esse crédito, fica impedido de manter a política de valorização do café. A crise brasileira agrava no momento que os Estados Unidos reduzem as importações, e conse-quentemente, elevam os estoques de café no Brasil e o preço do produto reduz drasticamente, arrui-nando os cafeicultores e aumentando o desemprego. A sociedade que não tinha acesso a cidadania e a democracia recebia um agravamento na miséria.  

Agrava-se a crise política brasileira, os cafeicultores perderam dinheiro e poder político. As elites não conseguiam mais chegar em um acordo, a sociedade desejava um país com oportunidades, o que decretou o fim da Primeira República com a deposição do então Presidente Washington Luís, e o poder entregue a Getúlio Vargas.

 Responda de acordo com o texto:

 1 – Caracterize a Grande Depressão.

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2 – Quais foram as razões da Grande Depressão?

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 3 – Indique uma consequência da Crise de 1929 na economia brasileira.

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