terça-feira, 1 de setembro de 2020

2º ANO - PET 4 - 1ª Semana - (14ª semana) - MERCANTILISMO E O TRÁFICO DE ESCRAVIZADOS

 



A TRANSNACIONALIZAÇÃO (GLOBALIZAÇÃO) DA CULTURA E DA ECONOMIA.

 

Transnacionalização: Processo pelo qual algo ultrapassa as fronteiras nacionais, englobando mais do que um país.

Podemos dizer que o início da Globalização desenvolveu-se na Idade Moderna por ter sido nessa época o período das grandes navegações, em que novas rotas para as Índias em busca de especiarias foram definidas, além da descoberta de novos territórios, entre eles, o Brasil. Com isso, além de uma maior expressão para o mercado mundial, houve também os novos fluxos migratórios tanto para a exploração quanto para o povoamento das novas colônias. Assim, foram observados os primeiros traços de transformação e interação cultural entre os diferentes povos.

Além disso, esse panorama estruturou uma Divisão Internacional do Trabalho, que consiste no papel desenvolvido por cada território no trabalho e no comércio mundial. Enquanto, de um lado, as colônias produziam matérias-primas, como produtos agrícolas, minérios e recursos naturais, do outro, as metrópoles transformavam esses materiais em produtos manufaturados.

Houve também nesse período a intensificação do modo de trabalho escravo, em que centenas de grupos étnicos de origem africana foram transportados e forçados a trabalhar em terras coloniais, com destaque para o Brasil, que, segundo alguns dados, recebeu cerca de 40% do total de negros capturados nos diferentes domínios da África.

Nesse período, portanto, a Europa portava-se como o centro mundial econômico e político, com frentes de poder lideradas por centros urbanos, tais como Londres, Paris e Lisboa. As principais potências desse período eram: Inglaterra, França, Portugal, Holanda e, mais tarde, os Estados Unidos.

Apesar desse período ser considerado, aqui, a primeira fase da globalização, existem outras concepções teóricas que marcam esse início para outros momentos da história, como a Revolução Industrial ou as revoluções burguesas na França e na Inglaterra. De toda forma, podemos considerar que, sem o processo de expansão marítima e colonização promovido pelos países europeus, a formação do capitalismo e a construção da globalização teriam sido, ao menos, dificultadas, senão impedidas de serem executadas.

A GLOBALIZAÇÃO NO SÉCULO XVI


As Grandes navegações contribuíram para uma radical transformação da visão da história da humanidade. Houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra e uma verdadeira Revolução Comercial, a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos, africanos e americanos.

A seguir, algumas das principais mudanças:

  • Decadência das cidades italianas.
  • Mudança do eixo econômico ­do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico.
  • Formação do Sistema Colonial.
  • Enorme afluxo de metais para a Europa proveniente da América.
  • Retorno do escravismo em moldes capitalistas
  • Eurocentrismo, ou a hegemonia europeia sobre o mundo.
  • Processo de acumulação primitiva de capitais resultado na organização da formação social do capitalismo.

 

A expansão marítima impulsionou a Transnacionalização da cultura e da economia no mundo moderno, alterando o mundo do trabalho e deslocando populações no mundo.

Desde a época das viagens marítimas do século XVI, o processo de globalização começou a despontar, isto é, a transnacionalização da cultura e da economia. Assim, entende-se que a transnacionalização no século XVI foram estratégias fundamentais das mudanças implementadas pelo sistema mercantilistalista, que influenciaram fortemente a economia da época. No campo cultural, esse processo de transnacionalização provocou um choque do estilo imposto por culturas excêntricas com as forças das culturas locais: indígenas, negras e dos povos originários. Desse encontro de culturas diferentes só poderia resultar um choque, pois se tratava de culturas muito diversas: a européia, poderia resultar em um choque, pois se tratava de culturas muito diversas: a Europa,  já milenar e consolidada, com a cultura de outros povos, na maior parte, por povos de cultura fora do contexto europeu.

 

A expansão marítima trouxe profundas mudanças de cunho político, econômico, religioso e cultural, advindas principalmente dos contatos e trocas com culturas, religiões e costumes até então pouco conhecidos pelo europeus.

Desta forma, entendemos que o processo expansionista provoca modificações políticas, econômicas e sociais não apenas nos povos “descobertos”, mas também, de igual forma, nos “descobridores”.

 

Culturalmente, os denominados descobrimentos cooperaram ativamente para uma mudança significativa na sociedade portuguesa e europeia como um todo. As viagens dos descobrimentos alteraram de maneira contundente o próprio conhecimento de mundo que se tinha na época. Além disso, os contatos culturais que os portugueses tiveram, principalmente nas suas viagens ao Oriente, trouxeram consigo uma gama de informações novas sobre outras culturas e religiões. Os descobrimentos mostraram que o mundo era maior do que aquilo que usualmente se imaginava. Os portugueses, a partir de fins do século XV e durante o XVI, terão de lidar com a ideia e o projeto de uma extensão territorial e populacional muito mais abrangente que a sua parte da Península, ou seja, o projeto de dominação e controle que se constituirá no Império Português. Sobre o significado cultural da expansão portuguesa.


As motivações que impulsionaram os descobrimentos portugueses são das mais variadas, um dos motivos que levaram ao investimento nas navegações e conquistas do além-mar seria uma espécie de sentimento de segurança política e territorial para a Coroa Portuguesa.

Além das necessidades materiais do Reino de Portugal, uma crescente burguesia desejosa em aumentar o comércio, expandir rotas comercias, encontrar novos produtos, assim como novos consumidores, compradores. Somado a tudo isso, destacamos o clero e a Igreja, em busca de mais cristãos, e, outrossim, os reis de Portugal, aos quais se dava a responsabilidade divina de granjear almas para o seio da madre Igreja.

Os “descobrimentos” não foram resultados de aleatoriedades, mas se desencadearam sob uma vontade política, um projeto pensado, arquitetado para dar a Portugal domínios culturais, políticos e econômicos além de suprir as fontes de riqueza que lhes eram necessárias naquele momento.

 

Outro fator importante são os avanços científicos que ocorreram no século XV, os quais deram as condições materiais necessárias às navegações. A fabricação naval foi significativamente aprimorada, as ciências náuticas e os conhecimentos geográficos provaram um salto quantitativo e qualitativo também, sendo que tudo isso foi essencialmente indispensável ao sucesso das navegações. Assim, o empreendimento expansionista dependeu, para além de condições políticas, de condições culturais/intelectuais/científicas que amparassem seu desenvolvimento.


 


ECONOMIA

O fator econômico é certamente outro determinante a ser levado em conta quando da análise da expansão ultramarina portuguesa. A procura pelas especiarias, pelo ouro, por terras para cultivo e, posteriormente, também por mão-de-obra escrava, foram alguns dos grandes negócios na empresa dos descobrimentos lusitanos. Como já afirmado, Portugal, à época de suas primeiras empreitadas de conquista, sofria sob um grande déficit de alimentos no Reino, principalmente cereais. Havia também certa escassez de ouro em terras portuguesas, para além de outras mercadorias que também fariam movimentar o comércio português pós-expansionista.

Essa busca englobava o desejo por novos espaços, novos povos, novos cristãos, acarretando seguramente também a formação de novos domínios para a Coroa. Por consequência, o comércio com o Oriente desencadeou, ainda, a conquista de novos mercados, tanto fornecedores como também consumidores dos produtos trazidos da metrópole.

 

O MERCANTILISMO

O mercantilismo esteve presente no contexto político do Absolutismo Monárquico como um conjunto de medidas econômicas que garantia às monarquias acumular internamente grande quantia de metais preciosos, tendo como base para isso os lucros com as atividades mercantis e principalmente pela exploração das colônias. Devido ao privilégio dado às atividades mercantis, essa política econômica ficou denominada como mercantilismo. Teve inicio no séc XV durante a expansão marítima e comercial, com o interesse de enriquecer a nação (principalmente a burguesia) e reforçar o poder real (Estado), o mercantilismo perdurou até o século XVIII, passando por varias transformações e adaptações para adequar-se à realidade e a conjuntura econômica de cada país.

 

A ESCRAVIDÃO

A opção pela escravidão do negro decorreu, na verdade, da natureza do sistema que ordenava as relações entre a metrópole e as colônias de exploração, denominado sistema colonial, o qual era parte de um receituário econômico que, ao lado do protecionismo, dos monopólios e das medidas de apoio às manufaturas, compunha o mercantilismo.

No contexto dessa estratégia, cabia à colônia complementar a economia metropolitana suprindo, de um lado, as necessidades de consumo e, de outro, fornecendo produtos que pudessem ser exportados com vista à obtenção de uma economia estável.

O tráfico negreiro garante o acúmulo de capital primitivo, pois a burguesia mercantil lucra na compra e venda e na exploração do trabalho. O escravo era mercadoria, retirava riqueza mineral e também produzia riqueza na agricultura. Dessa forma, a metrópole acumularia ouro e prata, metais considerados pelos pensadores mercantilistas expressão da riqueza e do poder dos Estados durante a Idade Moderna.

A captura do negro na África e a sua venda para as colônias na América eram um instrumento de poder sobre a colônia (pois controlava o fluxo da mão-de-obra, vital para a produção colonial) e, ao mesmo tempo, o negócio mais lucrativo entre todos os que envolviam o comércio colonial.

O tráfico atendia, portanto, às exigências do sistema colonial e do mercantilismo, pois gerava uma via de comércio que proporcionava acumulação de capitais na metrópole. Seu papel decisivo levou alguns historiadores a afirmar que não foi a escravidão que gerou o tráfico, mas o tráfico que gerou a escravidão.

CONSEQUÊNCIAS DA ESCRAVIDÃO

Esses acontecimentos ultrapassaram fronteiras, vimos que o tráfico de escravos alterou o sistema econômico do mundo e aproximou culturas diferentes, intensificou a miscigenação cultural de povos, sendo o Brasil um grande exemplo dessa síntese cultural, devido a dominação dos europeus sobre os povos indígenas e o tráfico de escravos trazidos da África para a América.

           

A escravidão no Brasil atendia à demanda dos portugueses por trabalhadores braçais (tipo de trabalho que os portugueses desprezavam) e, nos séculos XVI e XVII, isso está relacionado, principalmente, com o trabalho nas roças. A princípio, a relação de trabalho utilizada pelos portugueses foi a do escambo com os indígenas, mas logo optaram por implantar a escravidão.

A escravidão no Brasil foi tão cruel e a quantidade de africanos que foram trazidos durante três séculos foi tão grande que a imagem do trabalhador escravo em nosso país associou-se com a cor de pele do africano. Um sintoma evidente do racismo que estava por trás da instituição da escravidão em nosso país.

 

A escravidão no Brasil foi cruel e desumana e suas consequências, mesmo passados mais de 130 anos da abolição, ainda são perceptíveis. A pobreza, violência e a discriminação que afetam os negros no Brasil são reflexo direto de um país que normalizou o preconceito contra esse grupo e o deixou à margem da sociedade.

Importante nos atentarmos que a escravidão também afetou milhões de indígenas e disseminou preconceitos em nosso país contra esse grupo também. O reflexo direto disso, além do próprio preconceito contra os indígenas, foi a redução populacional desses povos que de milhões de habitantes, no século XVI, passaram para cerca de 800 mil, atualmente, segundo o IBGE.

 


 



 

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