sábado, 27 de junho de 2020

1º ANO - PET Volume 2 - 1ª Semana - (6ª Semana) - COLONIZAÇÃO PORTUGUESA; ECONOMIA AÇUCAREIRA



 
COLONIZAÇÃO PORTUGUESA; ECONOMIA AÇUCAREIRA


A MONTAGEM DA ÁREA DE PRODUÇÃO AÇUCAREIRA 
O açúcar foi o produto escolhido para iniciar, em 1534, a colonização sistemática do Brasil, uma vez que tinha mercado garantido na Europa e possibilidade de gerar altos lucros para a metrópole portuguesa. Além disso, havia o especial interesse de os flamengos investirem na nova área de produção, um tipo de solo altamente favorável à cultura canavieira em Pernambuco, e o recurso possível ao trabalho compulsório, inicialmente os indígenas e, posteriormente, os africanos. E, principalmente,os portugueses já tinham experiência com o produto,uma vez que o cultivavam nas ilhas africanas das costas do Atlântico.Em1498, comerciantes genoveses e portugueses vendiam açúcar da Ilha da Madeira até Constantinopla e,nos séculos XV e XVI, quase todas as Ilhas africanas do Atlântico exportavam açúcar para o mercado europeu. Sendo assim, a extensão do cultivo do açúcar para o Brasil era mais do que natural. 
O ENGENHO COLONIAL 
A grande propriedade de produção açucareira acabou assimilando a denominação de engenho, que era apenas um dos seus elementos. A propriedade englobava as terras de plantação de cana-de-açúcar, o setor agrícola da plantation, e o engenho propriamente dito, o setor fabril da plantation, responsável pela transformação da cana em açúcar. O termo plantation substitui a tradicional denominação do tripé da agricultura de exportação: latifúndio, monocultura e escravidão. O que diferencia a plantation de outras culturas agrícolas é a existência, nela, de um setor fabril para o beneficiamento do produto agrícola cultivado. 

O engenho, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente, por dois grandes setores: o agrícola - formado pelos canaviais -, e o de beneficiamento - a casa-do-engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente.


Os engenhos apresentavam tipos diferentes quanto a força motriz usada para girar as engrenagens. Basicamente, no período colonial foram utilizados três tipos de engenho:
  • Alçaprensa ou alçaprema: engenho movido a força humana. Geralmente usado nas chamadas engenhocas (pequenos engenhos), os quais fabricavam rapadura ou aguardente para consumo interno. Poderiam também fabricar pequenas quantidade de açúcar para uso caseiro. 


  • Almanjarra, trapiche, molinote, atafona ou de bois: engenho movido pela força de animais, geralmente bois, mas havia casos que se usava cavalos. 


  • Água ou real: engenho movido pela força da água, usando-se uma roda d'água. Foram considerados os mais eficientes, por longos séculos. 
 


 A partir do século XIX, na época do Império, surgiram outros tipos:
  • Banguê: engenho movido a vapor. O termo também foi usado anteriormente para se referir a engenhos que produziam garapa. 
  • Entrosa: pequeno engenho movido paus. Usava-se também a força humana.
  • Gangorra: pequeno engenho de madeira manual com dois cilindros. Usava-se também a força humana.
  • Fogo-morto: Usado para se referir a um engenho inoperante.
Dos engenhos uns se chamam reais, outros inferiores vulgarmente engenhocas. Os reais ganharam este apelido, por terem todas as partes, de que se compõem, e todas as oficinas perfeitas, cheias de grande número de escravos, com muitos canaviais próprios, e outros obrigados à moenda; e principalmente por terem a realeza de moerem com água, à diferença, de outros, que moem com cavalos e bois, e são menos providos e aparelhados; ou pelo menos com menor perfeição, e largueza, das oficinas necessárias, e com pouco número de escravos, para fazerem como dizem, o engenho moente e corrente”.
Nem todos os proprietários de engenho, principalmente os donos de engenhos reais, movidos a água, plantavam cana-de-açúcar, poderiam ceder parte de suas terras para arrendatários, como também recebiam a produção de lavradores menores, para ser moída em seu engenho.
"Embora o proprietário explore, em regra, diretamente suas terras (como ficou entendido acima), há casos freqüentes em que cede partes delas a lavradores que se ocupam com a cultura e produzem a cana por conta própria, obrigando-se contudo a moerem sua produção no engenho do proprietário".
Os senhores de engenho preferiam beneficiar a cana de arrendatários e lavradores livres, lucrando no beneficiamento, ou seja, com a renda industrial, em geral metade do açúcar levado para ser beneficiado em seu engenho. Já os lavradores e arrendatários lucravam muito menos do que o senhor de engenho com a renda da terra, ou seja, a quantidade de cana produzida.
Os donos das pequenas terras também podiam plantar cana e vender para os grandes proprietários de engenho. Acabavam sempre ficando dependentes de quem possuía grandes posses uma vez que não tinham o mecanismo para produzir o açúcar em si, nem a mão de obra.
São as chamadas fazendas obrigadas; o lavrador recebe metade do açúcar extraído da sua cana, e ainda paga pelo aluguel das terras que utiliza uma certa porcentagem, variável segundo o tempo e os lugares, e que vai de 5 a 20%. Há também os lavradores livres, proprietários das terras que ocupam, e que fazem moer a sua cana no engenho que entendem; recebem então a meação integral. Os lavradores, embora estejam socialmente abaixo dos senhores de engenho, não são pequenos produtores, da categoria de camponeses. Trata-se de senhores de escravos, e suas lavouras, sejam em terras próprias ou arrendadas, formam como os engenhos grandes unidades".
Além dos engenhos reais, havia também os trapiches, engenhos menores movidos a força animal; e as engenhocas, essas últimas geralmente dedicadas à produção de rapadura e aguardente.
A configuração espacial do engenho estava ligada ao processo de fabricação do açúcar, que consistia basicamente em três etapas principais: moagem da cana, cozimento do caldo e purga.
No engenho havia várias construções: a casa-grande, moradia do senhor e de sua família; a senzala, habitação dos escravos; a capela; e a casa do engenho. Esta abrigava todas as instalações destinadas ao preparo do açúcar: a moenda - onde se moía a cana para a extração do caldo (a garapa); as fornalhas - onde o caldo de cana era fervido e purificado em tachos de cobre; a casa de purgar - onde o açúcar era branqueado, separando-se o açúcar mascavo (escuro) do açúcar de melhor qualidade e depois posto para secar. Quando toda essa operação terminava, o produto era pesado e separado conforme a qualidade, e colocado em caixas de até 50 arrobas. Só então era exportado para a Europa.

O engenho colonial era um grande complexo que apresentava uma estrutura básica, o qual era dividido em diversas partes, a saber:

  • Canavial: onde o açúcar era cultivado nas grandes extensões de terra denominadas de latifúndios. Ali começava o processo, ou seja, o plantio e a colheita do produto.
  • Moenda: local para moer ou esmagar o produto utilizado principalmente, pela tração animal, onde era esmagado o caule e extraído o caldo da cana. Podiam também ter moendas que utilizavam a energia proveniente da água (moinho) ou ainda ela força humana: dos próprios escravos.
  • Casa das Caldeiras: aquecimento do produto em tachos de cobre.
  • Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam o produto e o transformavam em melaço de cana.
  • Casa de Purgar: local onde era refinado o açúcar e finalizado o processo.
Muitos engenhos possuíam também destilarias para produzir a aguardente (cachaça), utilizada como escambo no tráfico de negros da África.








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