quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

2º Ano - PET 7 - 4ª Semana - Movimento ambientalista e movimento negro no Brasil


O movimento negro começou a surgir no Brasil durante o período da escravidão. Para defender-se das violências e injustiças praticadas pelos senhores, os negros escravizados se uniram para buscar formas de resistência. Ao longo dos anos, o movimento negro se fortaleceu e foi responsável por diversas conquistas desta comunidade, que por séculos foi injustiçada e cujos reflexos das políticas escravocratas ainda são visíveis na sociedade atual.

História do movimento negro

 

O movimento negro no Brasil surge, ainda de forma precária e clandestina, durante o período escravagista. Grandes personagens se insurgiram contra o sistema e impulsionaram o movimento.

Dentre eles, um dos mais conhecidos é Zumbi dos Palmares (líder do Quilombo dos Palmares). Vale lembrar que os escravizados utilizavam-se da quilombagem (fuga para os quilombos e outros tipos de protestos) e do bandoleirismo (guerrilha contra povoados e viajantes) para rebelar-se contra a escravidão.

Ainda no mesmo período, o Movimento Liberal Abolicionista passa a ganhar força, desenvolvendo a ideia de fim da escravidão e comércio de escravos. Como resultado, foi promulgada em 13 de Maio de 1888 a Lei Áurea, encerrando o longo período escravagista. A população negra inicia então um novo desafio: a luta contra o preconceito e desigualdade social.

O movimento negro após a abolição da escravatura

Ao final do século XIX e durante uma grande parte do século XX, circulam jornais e revistas voltados aos negros. Os periódicos são fundados por associações dos mais diversos tipos, desde carnavalescas, até literárias. As publicações começam com o intuito de discutir a vida da população negra em geral e promover assuntos interessantes à época.

Porém, esses periódicos acabaram se tornando meios de denúncia de atos praticados contra os negros, das dificuldades desse grupo no período pós-escravagista, da desigualdade social entre negros e brancos e das restrições sofridas em decorrência do preconceito racial. O agrupamento de todas as publicações passou a ser conhecido como Imprensa Negra Paulista. Dentro deste mesmo período, em 1931, é fundada a Frente Negra Brasileira. Esse movimento viria a se transformar em partido político, extinto com os demais na criação do Estado Novo.

Portal da Imprensa Negra Paulista da Universidade de São Paulo

Portal da Imprensa Negra Paulista da Universidade de São Paulo

Após o Estado Novo, esses grupos começam a se organizar, formando entidades importantes na história pelo direito dos negros, tendo como exemplo a União dos Homens de Cor e o Teatro Experimental do Negro. Já na década de 60, a caminhada dos grupos no Brasil ganha novas influências e referências, como o Movimento dos Direitos Civis nos EUA e a luta africana contra a segregação racial e libertação de colônias. Destacam-se personalidades como Rosa Parks, Martin Luther King, Nelson Mandela e Abdias Nascimento. Assim como influências advindas do movimento conhecido como “Black is Beautiful”. Para entrar no clima, escute a essa interpretação da música que leva o mesmo nome do movimento:

O movimento negro a partir dos anos 70

Alguns anos depois, nas décadas de 70 e 80, vários grupos são formados com o intuito de unir os jovens negros e denunciar o preconceito. Protestos e atos públicos das mais diversas formas passam a ser realizados, chamando a atenção da população e governo para o problema social – como a manifestação no Teatro Municipal de São Paulo, que resultaria na formação do Movimento Negro Unificado.

A Marcha Zumbi, realizada em Brasília em 1995, contou com a presença de 30 mil pessoas, despertando a necessidade de políticas públicas destinadas aos negros, como forma compensatória e de inclusão nos campos socioeducativos. Com dados alarmantes do IBGE e IPEA , um decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População Negra.

Porém, a instauração de medidas práticas passa a ser realizada só após a Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatadas de Intolerância (Durban, África – 2001). A partir desse momento, o governo brasileiro passa a ter interesse em demonstrar, efetivamente, o cumprimento de resoluções determinadas internacionalmente pelos órgãos de Direitos Humanos.

Desse momento em diante, são criados programas de cotas raciais, iniciativas estaduais e municipais, e em 2003, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR).

O que o movimento negro busca hoje?

Após a abolição, os negros passaram a habitar guetos e comunidades, como forma de proteção, e em razão da falta de oportunidades. Entre as reivindicações do movimento negro hoje em dia está a compensação por todos os anos de trabalho forçado e à falta de inclusão social após esse período; a falta de políticas públicas destinadas a maior presença do negro no mercado de trabalho e nos campos educacionais. Também, a efetiva aplicabilidade das leis que buscam a criminalização do racismo e a plena aceitação e respeito à cultura e herança histórica.

Histórico do Movimento Ambientalista

O movimento ambientalista inicialmente foi impresso na história do homem pelos teólogos e filósofos, cujo pensamento se baseava neste sentido, em colocar foco sobre Deus e a natureza. E a primeira notícia específica trata-se de Francisco de Assis (1181 a 1226), que reconhecidamente amava os animais e a natureza, embasando suas ideias na fraternidade e vivência do homem com respeito às outras criaturas da natureza (MIRAMEZ; MAIA, 1997).

Ao século XVI remontam as primeiras questões do homem comum em relação ao contato estreito com a natureza, nas primeiras grandes navegações e ampliações das fronteiras mundiais para os continentes novos (HERCULANO, 1992). Principalmente no choque cultural ocorrido em relação à cultura europeia e costumes com os ritos e relações com o meio ambiente percebido nos habitantes das terras do novo mundo.

No ano de 1500 com a carta de Pero Vaz de Caminha enviada ao rei de Portugal, na qual este relatava a natureza, os animais e a impressão causada pelos habitantes das novas terras recém “descobertas” pelos portugueses, é um marco documental nesta diferença de culturas e costumes (GOLDSCHEIDER, 1971).

Mas foi no século XVIII que a revolução industrial e tecnológica intensificou esta preocupação na relação homem e natureza, pois com o advento das indústrias em grande quantidade começam a haver as manifestações evidentes na natureza e nos animais de que o ser humano estaria modificando os ambientes naturais de forma drástica (SATO, 1996; CAVALCANTI, 1995).

Com a revolução industrial na Inglaterra, temos o exemplo clássico das mariposas Biston betularia que existiam em maior quantidade na forma clara antes do advento da poluição pelas fábricas. E como nos mostra Darwin na seleção natural, estas mariposas foram selecionadas, pois os liquens nas cascas das árvores morreram por causa da poluição, e as mariposas brancas não puderam mais se camuflar nos liquens brancos, sendo vistas pelos pássaros que se alimentavam delas. Então a forma negra da referida mariposa passou a dominar numericamente a forma branca, chegando a representar 90% das mariposas (DARWIN, 2009).

O movimento ambientalista organizado iniciou realmente após a triste ocorrência das duas bombas atômicas lançadas na segunda guerra mundial em 1945 em Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos. Pois foi a partir deste episódio que o ser humano percebeu o imenso potencial destruidor que podemos ter (PAUL, 1981. BLOT, 1978). Destruindo a natureza e todos os seres vivos que nos cercam, inclusive nós mesmos!

O surgimento dos hippies nas décadas de 1960 e 1970 é considerado o movimento ambientalista mais suave e tranquilo de que se têm notícias.

O símbolo da paz foi desenvolvido na Inglaterra como logo para uma campanha pelo desarmamento nuclear, e foi adotado pelos hippies americanos que eram contra a guerra nos anos 60. O lema dos hippies era “paz e amor”! Adotavam um estilo de vida comunitário em comunhão com a natureza e as questões ambientais, que eram ideias respeitadas pela comunidade. Assim, como temas de religiões como o Budismo e o Hinduísmo.

Em 1948 foi fundada na França a UICN, na época conhecida como União Internacional para a Proteção da Natureza (International Union for the Protection of Nature - IUPN). E em 1958 o nome da instituição foi modificado para União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources) com as siglas IUCN (Union internationale pour la conservation de la nature et de ses ressources – UICN, em francês).

Atualmente conhecida como UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza é a primeira organização mundial voltada para ações no sentido da conservação do meio ambiente. Autoridade líder em temas conservacionistas do meio ambiente e desenvolvimento sustentável (Site UICN).

No Brasil o movimento ambientalista teve início na década de 1950 com ações de grupos ambientalistas e preservacionistas. A União Protetora do Ambiente Natural (UPAN) foi fundada em 1955 pelo naturalista Henrique Roessler no Rio Grande do Sul, e a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) é criada em 1958 no Rio de Janeiro concentrando atuações na preservação da fauna e da flora ameaçados de extinção (VIOLA; LEIS, 1992).

Na década de 1970 começam a entrar em vigor no Brasil entidades sem fins lucrativos, denominadas organizações não governamentais (ONGs) como a WWF que na data de sua criação era uma sigla que significava World Wildlife Fund, que em português se traduz como Fundo Mundial para a Natureza, mas atualmente devido ao simbolismo causado pela sigla WWF ao redor do mundo e pelo conhecimento das ações iniciadas em favor da natureza, a entidade é conhecida simplesmente por WWF, não sendo mais traduzida com nenhum significado literal.

A primeira ação da entidade no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro em 1971 com o projeto ‘Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado’, que é um dos projetos do gênero mais bem sucedidos do mundo. E a partir da década de 1980 vêm auxiliando projetos como o ‘Projeto Tamar’ e outros pelo Brasil (Site WWF).

Em 1971 um grupo de ambientalistas e jornalistas sai do porto de Vancouver no Canadá, para protestar contra os testes nucleares realizados pelos Estados Unidos. Nascia o Greenpeace. Organização global e independente que atua para defender o meio ambiente e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos.

O Greenpeace é uma organização sem fins lucrativos que não aceita doações de governos ou partidos políticos. E a atitude de seus membros é pautada na não violência, utilizando-se de métodos criativos de confronto pacíficos para chamar a atenção do público para os problemas ambientais. Defendendo que a mudança de atitudes individuais pode fazer uma grande diferença para o futuro do planeta (Site Greenpeace). No início da década de 1990 o Greenpeace inicia uma série de ações no Brasil, no sentido de proteger o meio ambiente. Dentre as ações do Greenpeace no Brasil podemos destacar as campanhas contra a entrada de lixo radioativo no país, provenientes de usinas nucleares de países desenvolvidos; a investigação sobre a exploração ilegal e predatória de madeira na Amazônia; o “Greenfreeze” que foi a campanha para a troca na utilização dos gases CFC (cloro-flúor-carbono) por outros que não causam danos na camada de ozônio; e a campanha dos transgênicos, exigindo a prova de que os organismos geneticamente modificados não causam danos à saúde humana e nem ao meio ambiente.

Ainda em 1966 a Campanha pela Defesa e Desenvolvimento da Amazônia (CNNDA) é iniciada e em 1971 é criada a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN).

Nesse ínterim começam a acontecer as conferências e encontros ambientalistas ao redor do mundo e a necessidade de normas e leis para assegurar o respeito à natureza e ao meio ambiente começam a se tornar visivelmente necessárias para evitar problemas ambientais.

Coincidindo com os planos nacionais de desenvolvimento e instalação de indústrias poluentes e energético-minerais no Brasil, em 1973 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) com a função de gerir normas para a conservação do meio ambiente e o aproveitamento sustentável dos recursos naturais (CAVALCANTI, 1995).

Com esta ação também são criadas agências ambientais para controle de poluição, como a Fundação de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) no Rio de Janeiro e a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB) no estado de São Paulo (FERREIRA; FERREIRA, 1992).

Entre os anos de 1975 a 1988, Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, foi um ativista ambiental brasileiro, seringueiro e sindicalista. Defendeu a preservação da Amazônia, do meio ambiente e dos seringais amazônicos. Conhecido mundialmente foi agraciado com o prêmio “Global 500”, oferecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) pela sua luta em defesa do meio ambiente e da Amazônia. Foi assassinado a tiros no ano de 1988 por fazendeiros que eram contra as ações ambientais deste que é um símbolo brasileiro na luta pela preservação da floresta amazônica (SOJA, 1993).

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário