Contracultura e a juventude brasileira
A contracultura foi um movimento cultural da juventude que influenciou diversos artistas brasileiros na produção de novos ritmos e costumes. É um movimento de questionamento e negação da cultura vigente que visa quebrar tabus e contrariar normas e padrões culturais que dominam uma determinada sociedade. Em geral, as ações de contracultura surgiram de jovens descontentes com a vida e os padrões estabelecidos por seus pais.
A juventude representa possibilidades de mudanças e inovações na sociedade. Nas décadas de 60 e 70, jovens de várias partes do mundo iniciaram uma fase conhecida por movimento de Contracultura. Aproveitando as mudanças pelas quais a humanidade estava passando, como a descolonização da África e da Ásia e, principalmente, a explosão do maio de 1968, em Paris, a juventude mundial inaugurou uma era de rebeldia e de desapego material.
A principal característica do movimento de Contracultura foi a profunda crítica ao sistema capitalista e aos padrões de consumo desenfreado. Os jovens que integraram esse movimento de contestação aos valores morais e estéticos da sociedade global promoviam revoluções em seus modos de vestir. Suas roupas e penteados tornavam-se símbolos desse universo paralelo que eles elaboraram para romper com os modismos capitalistas das elites.
Os festivais de Rock, o consumo de drogas e a postura underground afirmavam a identidade desses jovens que por meio da arte e da música mostravam suas posições e suas alternativas de vida. Músicos como Jimi Hendrix e Janis Joplin entoavam o hino de luta por um mundo mais poético e menos incerto. Esses movimentos contestatórios chegaram ao Brasil dando origem ao grupo chamado de “Tropicália”, que contava com artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé.
Esse movimento musical no Brasil inovou bastante a música popular brasileira, trazendo em suas letras versos irreverentes que rompiam com o tipo de música feito até então. Em suas roupas e estilos também havia a influência do estilo hippie que contestava os padrões elitistas da sociedade. O cinema brasileiro, com o cineasta Glauber Rocha, contribuiu para o nascimento do chamado Cinema Novo, em que os filmes criticavam a pobreza e as desigualdades sociais no Brasil.
Não se pode deixar de mencionar também o importante papel que o escritor José Agrippino teve na difusão de ideias revolucionárias através de seus trabalhos, pois ele retratava temas centrais sobre alguns personagens, como Che Guevara, sinônimo de ideais socialistas. Essas inovações inspiraram artistas brasileiros mais adiante, como foi o caso do poeta da música Raul Seixas, que gritou ao mundo versos como “Viva a sociedade alternativa”, empolgando o surgimento de bandas de rock and roll no Brasil a partir da década de 1980. Assim, outros hinos foram entoados em solo brasileiro criticando temas relacionados à política e à desigualdade social, como nos casos das bandas Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs etc.
A contracultura nesse sentido seria uma forma de contestação dos padrões elitistas vigentes no mundo. A prioridade dos jovens que encabeçavam esses ideais era a de criar novas maneiras de viver e novos estilos que se diferenciassem dos modelos eruditos das classes dominantes. No Brasil, portanto, houve representantes que soltaram sua voz através de sua arte, como uma maneira de criar, antes de tudo, outra cultura fora dos padrões dominantes.
01 – Leia com atenção a letra da Música abaixo:
“Pra não dizer que não falei das flores”
Geraldo Vandré em 1968
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas campos construções
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Pelas ruas marchando indecisos cordões
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Vem vamos embora que esperar não e saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer.
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