TEMA – Rebeliões Coloniais em meio à Crise Portuguesa
As Companhias de Comércio
Com o objetivo de aumentar os lucros comerciais com a exploração das
colônias, aprimorar o processo produtivo e ultrapassar os países
concorrentes, as nações europeias organizaram as Companhias de Comércio.
Apesar de apresentarem administração independente, estes órgãos
possuíam uma parte do capital que provinha do Estado. Durante os séculos
XVII e XVIII, Portugal, que era o país colonizador do Brasil,
organiza-se em quatro Companhias de Comércio: Companhia Geral do
Comércio do Brasil, Companhia do Comércio do Maranhão, Companhia Geral
do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão e Companhia Geral do Comércio de
Pernambuco e Paraíba.
Entre essas, a primeira a ser criada foi a Companhia Geral do
Comércio do Brasil (1649) e seu objetivo era referente às primeiras
necessidades dos colonizadores no País. Fornecia escravos e garantia a
locomoção do açúcar no território europeu, mantinha o auxílio à
resistência de Pernambuco contra aos invasores da Holanda e apoiava a
recuperação da agricultura de cana-de-açúcar na região nordeste após os
tumultos com os holandeses.
A segunda companhia de comércio foi fundada no ano de 1682 e tinha o
nome de Companhia do Comércio do Maranhão. O intuito desta companhia era
fornecer crédito para a exportação de algodão e açúcar e o transporte
de produtores e escravos. No século XVII, estas foram as mais
importantes Companhias de Comércio.
Porém, durante o século XVIII, Portugal apresenta mais duas companhias. Por intermédio do Marquês de Pombal,
surge, em 1755, a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e do
Maranhão. Quatro anos depois, é fundada a Companhia Geral do Comércio de
Pernambuco e Paraíba. Nesta época, a mineração de pedras preciosas como
o diamante e o ouro estava em amplo desenvolvimento no território
brasileiro que ficou conhecido como as “minas gerais”. Porém, mesmo com a
alta desta atividade comercial, havia necessidade de reforçar o
extrativismo na região Norte e Nordeste do País. Neste ponto, as duas
Companhias de Comércio do século XVIII foram importantes.
Entre as principais características referentes às Companhia de
Comércio, estão: estabelecimento de condições de pagamento e formas de
financiar, independência na organização do transporte ultramarino e
monopólio em compras e vendas de produtos dentro de sua área de ação.
Por meio das Companhias de Comércio, Portugal garantia a manutenção
das plantações de fumo, algodão, além dos engenhos açucareiros. Desta
forma, conseguia manter os lucros da burguesia e os impostos cobrados
pela Coroa. O declínio das companhias ocorreu devido à má administração e
falta de capital.
Revolta de Beckman
A grande insatisfação dos comerciantes,
proprietários rurais e população em geral com a Companhia de Comércio do
Maranhão, instituída pela coroa portuguesa em 1682. Os comerciantes reclamavam do monopólio da Companhia. Os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais a Companhia pagava por seus produtos.
Já grande parte da população maranhense
estava insatisfeita com a baixa qualidade e altos preços cobrados pelos
produtos manufaturados comercializados pela Companhia na região. Outros
produtos como trigo, bacalhau e vinho chegavam à região em quantidade
insuficiente, demoravam para chegar e ainda vinham em péssimas condições
para o consumo.
Havia também o problema de falta de mão
de obra escrava na região. Os escravos fornecidos pela Companhia eram
insuficientes para as necessidades dos proprietários rurais. Uma solução
seria a escravização de indígenas, porém os jesuítas eram contrários.
Objetivo principal:
Finalizar as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão, para acabar com o monopólio.
Na noite de 24 de fevereiro de 1684, os
irmãos Manuel e Tomás Beckman, dois proprietários rurais da região, com o
apoio de comerciantes, invadiram e saquearam um depósito da Companhia
de Comércio do Maranhão. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas da
região e tiraram do poder o governador.
A corte portuguesa enviou ao Maranhão um novo governador para acabar com a revolta e colocar ordem na região.
Os revoltosos foram presos e julgados. Os irmãos Beckman e Jorge Sampaio foram condenados a forca.
Conclusão
A Revolta de Beckman foi mais um
movimento nativista que mostra os conflitos de interesses entre os
colonos e a metrópole. Foi uma revolta que mostrou os problemas de mão
de obra e abastecimento na região do Maranhão. As ações da coroa
portuguesa, que claramente favoreciam Portugal e prejudicava os
interesses dos brasileiros, foram, muitas vezes, motivos de reações
violentas dos colonos. Geralmente eram reprimidas com violência, pois a
coroa não abria mão da ordem e obediência em sua principal colônia.
A Guerra dos Mascates aconteceu entre 1710 e 1711. A Guerra dos Mascates foi
um movimento nativista que ocorreu na capitania de Pernambuco durante
o período colonial. Tal movimento aconteceu por conta de rivalidades
locais e não visava o rompimento com a metrópole, isto é, não era
emancipacionista.
O
conflito se deu entre os senhores de engenho de Olinda e
os comerciantes portugueses de Recife, em uma disputa pelo poder loca. o
desenvolvimento urbano e a importância
comercial alcançados por Recife levaram seus moradores a solicitar
à Coroa a sua separação de Olinda e sua elevação à vila, pedido
que foi atendido por D. João V. Os oficiais da Câmara de Olinda não
concordaram com a decisão real e pressionaram o
governador para que não a acatasse.Contudo, o governador Sebastião de
Castro e Caldas, homem
de pouca política e totalmente inábil, apoiou os moradores de Recife. A
guerra recebeu esse nome devido a participação dos comerciantes
portugueses, que eram chamados pejorativamente de mascates.
A Colônia do açúcar se rebela
O nordeste brasileiro foi centro econômico do Brasil colônia no período em que o açúcar era o principal produto exportado pela sociedade brasileira. Grandes cidades foram consolidadas devido inicialmente a presença dos grandes engenhos e, principalmente, após a permanência dos holandeses na primeira metade do século XVII, aumentando a infraestrutura e modernizando a produção, como foi estudado em unidades anteriores.
A solução encontrada por Portugal para reaver os lucros nesse tempo de crise na colônia foi justamente aumentar a carga de impostos e elevar o valor das mercadorias, causando grande insatisfação na sociedade colonial que se viu obrigada a arcar com os prejuízos causados pela crise portuguesa. Rebeliões coloniais não tardaram a acontecer e receberam o nome Rebeliões Nativistas, por estarem ocorrendo em solo brasileiro. Importante lembrar que essas revoltas não desejavam independência de Portugal e sim, ter mais autonomia comercial.
Em 1.649 foi criada a Companhia Geral do Comércio do Brasil, com o objetivo de manter o monopólio da produção dos estados do Rio Grande do Norte e do sul da colônia. Em 1.682 foi criada a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão que tinha como missão abastecer a região com 500 escravos anuais, além de ter o monopólio sobre tudo o que era produzido nesta capitania, comprando dos locais e fornecendo outras mercadorias.
Foi neste contexto que eclodiu a Revolta de Beckman no Maranhão em 1.684. Os colonos reclamavam que a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão não estava cumprindo com suas promessas de abastecer a região com escravos, causando prejuízos à produção, além de pagar valores muito baixos pelos produtos locais e fornecer mercadorias importadas de baixa qualidade.
Considerados líderes da revolta, os irmãos Manuel e Tomás Beckman, liderando outros cidadãos locais, tomaram o poder em São Luís, depondo o governador e criando um governo provisório na região. Eles expulsaram os jesuítas, bem como o capitão-mor e fecharam a órgãos administrativos coloniais. Sem contar com apoio de outras capitanias, a rebelião foi facilmente sufocada pelas tropas portuguesas e seus líderes punidos com penas que variaram de açoites a execução. Como resultado, a Companhia de Comercio de Estado do Maranhão foi extinta.
Outra revolta importante ocorreu em Pernambuco nos anos de 1710-1711. Neste período, Recife era o mais importante centro econômico da região, mas ainda não tinham o título de vila. Todas as decisões políticas ficavam a cargos dos grandes fazendeiros de sua vizinha Olinda, que apelidavam pejorativamente os comerciantes recifenses de mascates. No ano de 1710, depois de inúmeras reivindicações dos recifenses, a coroa eleva Recife à condição de vila, causando profunda insatisfação dos fazendeiros de Olinda. Uma revolta armada comandada pelos fazendeiros foi organizada, iniciando um conflito entre as duas vilas, no que foi chamada Guerra dos Mascates. Depois de um ano e com auxílio de tropas reais, os mascates saem vitoriosos e Recife é elevada a condição de sede da capitania de Pernambuco
ATIVIDADE 1 – Cite três órgãos administrativos criados pela Coroa Portuguesa para reaver
o monopólio comercial nas colônias.
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ATIVIDADE 2 – Quais eram as obrigações da Companhia de Comércio do Estado do
Maranhão em relação à sociedade colonial?
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ATIVIDADE 3 – Explique como ocorreram as Revoltas de Beckman e Guerra dos
Mascates.
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