Idade Contemporânea
Compreendido entre a Revolução Francesa de 1789 e os dias atuais, o período histórico conhecido como Idade Contemporânea é marcado por transformações profundas na organização da sociedade e também por conflitos de amplitude mundial.
A adoção da Revolução Francesa como ponto inicial da Idade Contemporânea remete ao impacto de seus efeitos em diversos locais do mundo. Porém, a Revolução Francesa iniciou também a configuração do poder político que iria ser característico da burguesia que estava em ascensão: republicano, constitucional, representativo, defensor da propriedade e com forças militares profissionalizadas.
A configuração do poder político burguês foi acompanhada também do desenvolvimento econômico capitalista que ao longo desse período histórico instaurou-se como forma de organização econômica para todos os continentes do mundo. Outra característica da Idade Contemporânea foi a formação dos Estados Nacionais e dos nacionalismos, que iriam estar na origem de inúmeras disputas territoriais na Europa e nas áreas coloniais. As próprias guerras mundiais que ocorreram no século XX tiveram no nacionalismo suas origens.
Em oposição ao capitalismo liberal surgiu ainda no início do século XX uma alternativa na organização social representada pela URSS, originada com a Revolução Russa. Essa experiência histórica, apesar de ser portadora de um desejo de igualdade entre todos os seres humanos, acabou reproduzindo a exploração e a divisão social.
No campo científico, as inovações e transformações foram também profundas. As pesquisas em medicamentos e em práticas médicas proporcionaram um aumento significativo da expectativa e da qualidade de vida das populações. As inovações em maquinários e técnicas de produção proporcionaram a base tecnológica para a expansão do capitalismo. Mas esse desenvolvimento tecnológico foi amplamente utilizado na área militar, resultando em armamentos cada vez mais letais, como as bombas atômicas.
As artes conheceram movimentos estéticos variados em seus diversos campos, resultando em produções artísticas geniais, como o surrealismo.
Entretanto, essas mudanças não alcançaram toda a população do planeta. Há ainda uma intensa desigualdade social tanto no interior dos países como entre países de diversas localidades do globo.
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Situação no fim do século
De certa forma, o século XX começou, de fato, em 1914, com o advento da Primeira Guerra. Isso porque esse acontecimento foi um marco na história mundial e na história das guerras. A dimensão catastrófica que a “A grande guerra”, como foi chamada, assumiu era sem precedentes. Mais uma vez o mapa da Europa foi radicalmente transformado, sobretudo após o Tratado de Versalhes. Os grandes impérios nacionalistas entraram em colapso, e novas formas de organização política e militar surgiram. A Revolução Russa, completada nos últimos meses de 1917, e a consequente formação da URSS são exemplos dessas novas formas de organização política, bem como a ascensão de regimes como o Nazismo e o Fascismo.
Em pouco mais de vinte anos (de 1918 a 1939) o mundo foi abarcado por uma nova guerra mundial, ainda mais catastrófica que a primeira. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) revelou várias formas de destruição em massa de vidas humanas, desde o holocausto dos judeus (um genocídio programado e executado em escala industrial) até o uso de bombas incendiárias e, por fim, o uso das bombas atômicas. Após 1945, mais uma vez, o mapa geopolítico foi transformado.
A chamada Guerra Fria dominou o cenário mundial de 1945 a 1989. Durante esse período, vários focos de guerra de diferentes tipos e por motivos diversos espalharam-se pelo mundo. A ordem geopolítica foi dividida entre as democracias ocidentais, de orientação liberal e lideradas pelos EUA, e os países comunistas, de orientação intervencionista e antidemocrática, liderados pela URSS. Vários são os pontos que caracterizaram esse período, desde as corridas armamentista e espacial até a Construção do Estado de Israel e as guerras no Oriente Médio. Marcaram esse período também a construção do Muro de Berlim e a sua posterior queda, o esfacelamento do império soviético, a hegemonia americana e a atual ascensão da China e da Rússia como novas potências hegemônicas.
Com o esfacelamento da URSS, em 1991, a Guerra Fria teve, definitivamente, fim. Todavia, em decorrência desse fim, novos conflitos setoriais desencadearam-se nos anos 1990, como as guerras na região dos Bálcãs – a Guerra Civil Iugoslava, por exemplo – e na região do Cáucaso, cujo exemplo mais significativo foi o conflito entre russos e chechenos na Primeira Guerra da Chechênia. Vale destacar também que foi na última década do século XX que houve a Guerra do Golfo contra a presença iraquiana (liderada pelo ditador Saddan Hussein) no Kwait. Essa guerra marcou a tentativa de estabelecimento da hegemonia estadunidense no Oriente Médio.
Focos de conflitos no mundo
No mundo existem regiões que vivem intensos conflitos oriundos de vários motivos, como luta por territórios, pela independência, por questões religiosas, recursos minerais, entre outros.
Em todos os continentes é possível identificar focos de tensão que colocam em risco a paz daqueles que vivem nos locais que estão envolvidos em uma das questões acima.Migração Internacional
O processo de migração internacional pode ser desencadeado por diversos fatores: em consequência de desastres ambientais, guerras, perseguições políticas, étnicas ou culturais, causas relacionadas a estudos em busca de trabalho e melhores condições de vida, entre outros. O principal motivo para esses fluxos migratórios internacionais é o econômico, no qual as pessoas deixam seu país de origem visando à obtenção de emprego e melhores perspectivas de vida em outras nações.
Os principais destinos da migração internacional são os países
industrializados, entre eles estão: Estados Unidos, Canadá, Japão,
Austrália e as nações da União Europeia. Os Estados Unidos possuem o
maior número de imigrantes internacionais – dos 195 milhões, 39 milhões
residem naquele país.
A migração internacional promove uma série de problemas socioeconômicos.
Em face das medidas tomadas pela maioria dos países desenvolvidos no
intento de restringir a entrada de imigrantes, o tráfico destes tem se
intensificado bastante. No entanto, esses mesmos países adotam ações
seletivas, permitindo a entrada de profissionais qualificados e
provocando a “fuga de cérebros” dos países em desenvolvimento, ou seja,
pessoas com aptidões técnicas e dotadas de conhecimentos são bem-vindas.
Outra consequência é o fortalecimento da discriminação atribuída aos imigrantes internacionais, processo denominado “xenofobia”.
Causas dos Conflitos no Oriente Médio
Em primeiro lugar, vamos falar apenas das causas dos conflitos mais recentes, que são os mais importantes para entender os problemas atuais da região.
Sendo assim, existem três pontos que você precisa ter em mente quando se trata de guerras e conflitos no Oriente Médio:
- A criação do Estado de Israel, em 1948;
- A Guerra Fria, ou o embate entre capitalismo e comunismo;
- A divisão interna do Islã, entre sunitas e xiitas.
Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, a Europa tinha milhões de refugiados, muitos deles, judeus perseguidos pelo regime nazista.
Entre as várias ideias da época sobre como resolver o problema do ódio aos judeus, estava a criação de um Estado judeu (Estado de Israel). Isso aconteceu em 1948, com o apoio das Nações Unidas. Assim, de um lado, os judeus passavam a ter o próprio país, mas de outro, este território seria criado no Oriente Médio.
Isso contribuiu para que muitos árabes e muçulmanos passassem a ver os judeus como invasores e, para piorar, a partir dos anos 1950, Estados Unidos e União Soviética passaram a disputar a hegemonia global.
Este período, conhecido como Guerra Fria, durou até o final dos anos 1980 e também contribuiu para adicionar pitadas de pólvora no Oriente Médio.
As duas potências imperialistas financiavam governos ou grupos rebeldes, dentro de cada país da região, conforme seus interesses particulares.
Além disso, também há uma divisão interna ao Islã, caracterizada por dois entendimentos diferentes da religião (sunitas e xiitas).
Conflitos no Oriente Médio: quando começaram?
A fé muçulmana se espalhou pela região a partir do profeta Maomé, que morreu no século VII (anos 600), sem que a comunidade islâmica tivesse um substituto com o qual todos concordassem.
Em função desta discordância, formaram-se duas correntes:
- Sunitas: muçulmanos ortodoxos que procuravam se guiar pelas ações e palavras de Maomé;
- Xiitas: muçulmanos que seguiam os descendentes de Maomé, se baseando em interpretações sempre em atualização dos preceitos religiosos.
Resumindo, desde o século VII, o Islã tem uma partição interna, que está representada em praticamente todos os países da região. Dentro deste ambiente conturbado, a ONU resolveu criar o Estado de Israel.
No auge da Guerra Fria, americanos e soviéticos disputavam a hegemonia política sobre a região, apoiando grupos sunitas ou xiitas em cada país, conforme seus próprios interesses.
Os muros que dividem o mundo
Embora os tempos de Globalização apregoem a maior aproximação das diferentes partes do planeta, com a diminuição das distâncias e dos obstáculos, ainda são vários os muros que dividem o mundo e que continuam a difundir-se por ele. Se, de um lado, temos a facilidade do deslocamento e da comunicação, por outro temos a adoção de políticas de contenção dessas facilidades, através da imposição de barreiras que visam, sobretudo, à divisão das pessoas e à materialização das fronteiras que existem somente na imaginação política dos governos e de alguns povos.
A seguir você poderá conferir um breve resumo dos principais muros do mundo na atualidade. Se, antes, o Muro de Berlim era alcunhado pelos países ocidentais capitalistas de “Muro da Vergonha”, o que dizer então dos muros atuais erguidos por esses mesmos países?
Muro de Israel
O Muro de Israel – também chamado de Muro da Cisjordânia – é um dos mais polêmicos muros da atualidade, pois se estabelece em torno da área onde se encontram os territórios dos povos palestinos, que perderam parte de suas áreas após a instauração do Estado de Israel pela ONU em 1947 e os desdobramentos posteriores a esse episódio histórico.
Imagem do Muro de Israel, na Cisjordânia
A construção desse muro iniciou-se em 2002 e ainda se encontra em fase de execução. Seu objetivo é isolar os povos islâmicos da Cisjordânia do território judeu sob a alegação de que, assim, evitar-se-ia a proliferação de atentados terroristas. A perspectiva é de que, ao final, o muro da Cisjordânia tenha pouco menos de 800 km.
Existem várias críticas direcionadas ao Muro de Israel, como a de que ele separaria famílias, isolaria os povos palestinos de suas fontes de trabalho e de recursos naturais, além de acusações que afirmam que esse muro estaria sendo construído em áreas para além da fronteira, reduzindo ainda mais o território já diminuto dos palestinos.
Muro do México
O Muro do México vem sendo construído desde 1994 pelos Estados Unidos, principalmente com a articulação dos acordos referentes ao NAFTA (Tratado de Livre Comércio da América do Norte). Construído em várias partes da fronteira entre os dois países e contando, atualmente, com mais de mil e cem quilômetros de extensão, o seu objetivo é conter a onda migratória de mexicanos e outros povos em direção aos EUA.
Muro construído nos arredores da cidade mexicana de Tijuana
Além da barreira em si, o Muro do México conta com fiscais dentro e fora de suas construções, além de equipamentos detectores de movimento e outras formas de vigiar a fronteira. No entanto, mesmo com a existência da barreira, são muitos os mexicanos que migram de uma área para outra, isso sem mencionar o número de pessoas que morrem durante o percurso, feito muitas vezes por especialistas em tráfico de pessoas, os chamados “coiotes”.
Esse muro é considerado por muitos um símbolo da ordem geopolítica atual, que é marcada pela divisão do mundo entre os países do norte desenvolvido e do sul subdesenvolvido, expressando, assim, as relações de desigualdade econômica e histórica, além das relações de dependência entre as diferentes partes do planeta.
As cidades de Ceuta e Melilla encontram-se no extremo norte do continente africano, no Marrocos, e são banhadas pelo Mar Mediterrâneo. No entanto, elas são de domínio espanhol, sendo consideradas como cidades autônomas da Espanha. Por esse motivo, são muitos os imigrantes africanos que se deslocam para essas áreas com vistas a alcançar o território espanhol.
Muro construído na cidade de Melilla *
Sendo assim, a Espanha também decidiu pela criação de dois muros, um em cada cidade. Mesmo assim, o número de imigrantes é muito alto e não são raras as pessoas que morrem partindo em direção ao território espanhol através do Mar Mediterrâneo. A extensão desses muros é de 20 km.
Muro do Chipre (linha verde)
O Muro do Chipre, também chamado de Linha Verde, é uma barreira dentro da ilha europeia que já foi dominada por vários povos ao longo da história. Após a independência do país, iniciaram-se vários conflitos envolvendo a maioria turca e a minoria grega. Por essa razão, foram promovidas várias tentativas de paz que culminaram no estabelecimento da linha verde pela ONU e na construção do muro na cidade de Nicósia, em 1974.
Vista do Muro do Chipe, na linha verde de Nicósia
Apesar de parte do muro ter sido destruída e de haver certa tensão entre os dois lados, ele ainda existe. No entanto, é permitido cruzar de um lado para outro, embora a barreira ainda sirva como uma espécie de vigilância e também como uma forma de demarcação territorial.
Além de todas essas barreiras, ainda existem vários outros muros espalhados pelo mundo, como o construído pelo Egito na região de fronteira com a Faixa de Gaza; o que divide o Kwait do Iraque e até mesmo um muro entre Índia e Paquistão na Caxemira, além de outros casos. De toda forma, a existência desses muros derruba o mito de que, com os avanços tecnológicos, as fronteiras estariam mais fluidas e menos fortes. Pelo contrário, a fixação dessas fronteiras ainda continua sendo uma tônica no contexto geopolítico global contemporâneo.