quarta-feira, 12 de agosto de 2020

3º Ano - PET 3 - 3ª Semana (12ª Semana) - A afirmação das superpotências (Bipolaridade: EUA X URSS)

 

A Guerra Fria e a ameaça de um terceiro conflito mundial

Problematização do tema

O término da Segunda Guerra Mundial em 1945 foi possibilitado pela mobilização das tropas Aliadas que após seis anos de luta conseguiram deter a expansão das forças do eixo nazifascista. No entanto, à expressiva vitória dos Aliados seguiu-se as relações políticas internacionais.

As grandes potências, responsáveis pela derrota do nazifascismo, curiosamente, sustentavam-se em ideologias antagônicas.
Por um lado, os Estados Unidos, expressão maior do modelo capitalista mundial e, por outro, a URSS, primeira nação socialista do planeta.
A divisão ideológica do globo começaria a ser desenhada e percebida, na verdade, já nos primeiros acordos do pós-guerra definidos pelas potências vitoriosas.

A polaridade ideológica naturalmente acabaria estimulando, por sua vez, a definição de relações políticas mais tensas entre as respectivas potências.
Pactos militares, acordos econômicos, zonas de informação, propaganda ideológica, corrida armamentista, corrida espacial.

  • De que maneira o ideário socialista defendido pela URSS se propagou após a Segunda Guerra Mundial:

  • O que explica o uso da expressão “Guerra Fria”?

  • Quais as estratégias defendidas pelas potências nesse tipo de conflito?

  • Como se caracterizam a sociedade e a cultura no mundo da Guerra Fria?
A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra muito peculiar. Pois, como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, ‘a guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida’. A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do Breve Século XX, foi sem dúvida um desses períodos. Gerações inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares globais que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a qualquer momento, e devastar a humanidade. Na verdade, mesmo os que não acreditavam que qualquer um dos lados pretendia atacar o outro achavam difícil não ser pessimistas [...] Á medida que o tempo passava, mais e mais coisas podiam dar errado, política e tecnologicamente, num confronto nuclear permanente baseado na suposição de que só o medo da ‘destruição mútua inevitável’ [...] impediria um lado ou outro de dar o sempre pronto sinal para o planejado suicídio da civilização. Não aconteceu, mas por cerca de quarenta anos pareceu uma possibilidade diária. HOBSBAWN, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991, São Paulo: Cia. das Letras, 1995. p. 224.

Segundo Hobsbawn, o que impediu a possibilidade do ‘planejado suicídio da civilização’ no período da Guerra Fria, o medo da 'destruição mútua inevitável'.

A afirmação das superpotências: ‘American way / American Dream’

 

A imagem retrata aspectos relacionados aos novos hábitos e padrões de consumo estabelecidos pela sociedade norte-americana na conjuntura do pós-Segunda Guerra Mundial. Apresentados pelos diferentes instrumentos da mídia ocidental, como símbolos do progresso e do bem-estar material, os fetiches da cultura norte-americana passaram a influenciar a conduta e os valores da ordem capitalista mundial.
Após a superação da depressão econômica da década de 1930, a sociedade norte-americana vivenciou a emergência de um novo ciclo de prosperidade e crescimento econômico.
Contribuiria em nível interno para essa nova realidade o programa ‘Fair Deal’ (Justo Trato) do presidente Harry Truman (1945-1952).
Preservando a linha intervencionista do New Deal, do seu antecessor, Franklin Roosevelt, Truman assegurou a manutenção da política de aumentos salariais, a estabilização dos preços agrícolas a partir de subsídeos aos produtores rurais e o investimento em programas habitacionais, favorecendo a geração de empregos além da queda dos aluguéis.
O ‘Well Farestate’, ensaiado pelo New Deal e consolidado pelo Fair Deal, avalizava-se, na verdade, como estratégia política que afiançava a segurança e o bem-estar da sociedade norte-americana..
A Previdência Social, o seguro desemprego e os programas de saúde pública, priorizando pobres e idosos, promoviam um novo contorno nas relações entre o Estado e os cidadãos norte-americanos.
Por sua vez, a política sindical norte-americana, através do Taft-Hartley Act de 1947, conseguiu limitar o poder de mobilização da classe operária, impondo estreitos limites para o movimento grevista, contribuindo, dessa forma, para a emergência do ‘sindicalismo de resultados’.
Assim, estabeleceu-se um novo tipo de sindicalismo que se orientara pela obtenção dos benefícios econômicos do que propriamente políticos, dos trabalhadores dentro da ordem capitalista.
Em nível externo, a economia norte-americana foi singularmente estimulada em razão do processo de reconstrução dos países europeus abalados pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial.
Nesse sentido, o Plano Marshall (1947), proposto pelo governo norte-americano para financiar a reconstrução europeia, reabriu os mercados do continente para os produtos e equipamentos norte-americanos, reacelerando o crescimento econômico da grande potência ocidental.
Na década de 1950, já era possível constatar que boa parte das famílias de classe média norte-americana era detentora de automóvel, aparelhos de televisão e telefone.
Cada vez mais, a formação da opinião pública passou a se definir por pesquisas formuladas pelos novos meios de comunicação, como a televisão, que ditava os novos hábitos e padrões de um sociedade que se aglomerava em torno de iluminadas vitrines localizadas em atraentes ilhas de consumo definidas como shopping centers.
Na carona desse novo momento de crescimento, reafirma-se o princípio do ‘American Way of life’, ou ‘American Dream’.
O progresso econômico, a segurança social e o elevado poder de consumo da sociedade norte-americana no pós-II Guerra restauravam a crença no ‘sonho americano’.
O ‘estilo americano de vida’ está relacionado ideologicamente a um ethos nacionalista, enraizado na Declaração de Independência redigida por Thomas Jefferson, enfocada na valorização dos inalienáveis direitos à vida, à liberdade e à procura da felicidade.
‘American Dream’ e ‘American Way’, no contexto da Guerra Fria, foram, na verdade, expressões instrumentalizadas pelos meios de comunicação como forma de evidenciar a distinção entre as respectivas propostas de sociedade capitalista e socialista.
Em contraposição aos rigores do planejamento econômico e da estrutura social soviética, valorizava-se na cultura norte-americana o princípio do ‘self made man’, identificado com a ideia de que o indivíduo, independentemente das circunstâncias do seu passado, seria capas de se superar e aumentar a qualidade de sua vida, através do trabalho, determinação e de seu potencial criativo.
Nesse sentido, a existência do regime democrático colocava-se, politicamente, como a pré-condição para assegurar as bases de um mercado de trabalho competitivo que possibilitasse pelo princípio do mérito a livre ascensão dos indivíduos.

A cultura norte-americana, caracterizada pelo elevado padrão de consumo, tornar-se-ia modelo para o mundo ocidental, veiculada tecnologicamente pelos novos meios de comunicação em franco desenvolvimento, como o cinema, a televisão, além do rádio.

Ultrapassando as suas próprias fronteiras, a cultura norte-americana, caracterizada pelo elevado padrão de consumo, tornar-se-ia modelo para o mundo ocidental, -veiculada tecnologicamente pelos novos meios de comunicação em franco desenvolvimento, como o cinema, a televisão, além do rádio. Ultrapassando as suas próprias fronteiras, a cultura norte-americana se impôs sobre diferentes povos e culturas do mundo ocidental, padronizando hábitos, costumes e valores, identificados como parâmetros do progresso e do bem estar.

Analise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas

Da década de 1960 em diante, as imagens que acompanhavam os seres humanos do mundo ocidental, do nascimento até a morte, passavam a ser as que anunciavam ou encarnavam o consumo, ou as dedicadas ao entretenimento comercial de massa.

Os sons que acompanhavam a vida urbana, dentro e fora de casa, eram os da música pop comercial. [...]

As palavras que dominavam as sociedades de consumo ocidentais não eram mais as dos livros [...], mas as marcas comerciais de produtos ou do que se podiam comprar. Eram estampadas em camisetas, pregadas em outras peças de roupa como amuletos por meio dos quais o usuário adquiria o mérito espiritual do estilo de vida (geralmente juvenil) que esses nomes simbolizavam ou prometiam.

As imagem apresentada estabelece relação com o texto do historiador Eric Hobsbawn. Na medida em que retrata os ícones da ordem capitalista evidenciados nas grandes marcas comerciais que dominaram o mercado em diferentes áreas de mercado.
 
As imagens que se tornavam ícones de tais sociedades eram as das diversões e consumo de massa: estrelas de cinema e produtos enlatados. Não surpreende que na década de 1960, no coração da democracia de consumo, a principal escola de pintores abdicasse diante de fabricantes de imagens tão ou mais poderosas que a arte tradicional. A pop-art (Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Robert Rauschemberg) passava o tempo reproduzindo, com tanta exatidão e insensibilidade quanto possível, os badulaques visuais do comercialismo americano: latas de sopa, bandeiras, garrafas de coca-cola, Marylin Monroe. HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos. O breve século XX, 1914-1991. 2. ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. p. 495-6.


A partir da década de 1960, as imagens e os sons produzidos no cotidiano do cidadão ocidental,acompanhavam a vida urbana, dentro e fora de casa,  anunciavam ou encaravam o consumo, ou aquelas dedicadas ao entretenimento comercial, que se tornaram ícones de tais sociedades, eram as das diversões e consumo de massa. A cultura de massa, em especial, era dirigida para os grupos juvenis. A pop-art está relacionada à sociedade de consumo, na medida em que retrata os ícones da ordem capitalista evidenciados nas grandes marcas comerciais que dominaram o mercado em diferentes áreas de mercado, reproduzindo com exatidão e insensiblidade, os badulaques visuais do comercialismo americano, produtos enlatados, como latas de sopa, bandeira, garrafas de coca-cola, Marylin Monroe, estrelas de cinema .

Os artistas da pop art passaram a usar signos estéticos massificados da publicidade e do consumo como forma de arte.



 

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