quarta-feira, 5 de agosto de 2020

2º Ano - PET 3 - 2ª Semana (11ª Semana) - Os Tratados de 1810



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https://www.youtube.com/watch?v=ou_xRFWE0zY&t=2s

https://www.youtube.com/watch?v=Hw27wMSn384&t=168s

As bases dos séculos XVI e XVII


A primeira base econômica séria do País foi a produção de açúcar. O clima e os solos de se revelaram ótimos, e os portugueses encontraram assim, o grande produto de exportação que justificava e permitia uma sólida ocupação. Eraintensa a demanda por esse produto raro,leve e facilmente estocável. De fato, o Brasil se posiciona, na primeira metade do século XVII, o
principal produtor mundial de açúcar

As consequências dessa expansão foram de várias ordens. Primeira: Era necessário, para cultivar a cana, importar escravizados africanos: os primeiros chegaram em 1532, e o tráfico três séculos, até que, a partir de 1842, a Grã-Bretanha fizesse respeitar, pela força, sua proibição. Partindo do Golfo da Guiné, inicialmente, e de Angola e Moçambique que, em seguida, milhões de africanos foram deslocados para trabalhar nas plantações do Brasil. Em outra escala, o ciclo do açúcar gerou ciclos secundários que marcaram outros espaços. Para pagar os escravos, os colonos portugueses instalados no Brasil necessidade de uma mercadoria de troca. Não ocorreu nesse caso a modalidade clássica do "comércio triangular" com produtos da metrópole, mas a troca direta, com pagamento em fumo: o Recôncavo Baiano, região próxima a Salvador, foi especializado nessa produção. Era necessário também produzir o alimento para os escravos. Na região do açúcar ninguém queria perder tempo nem espaço para uma produção alimentar e ainda criar os bois para impulsionar os moinhos que esmagavam a cana.

Essas necessidades provocaram a criação de zonas especializadas: as culturas alimentares no agreste(a zona de transição para o interior seco) e a criação extensiva de gado no sertão. Nessa vasta zona semi-árida não se podia pensar em produção agrícola, e a pecuária permitiu conquistá-la, subindo os rios, notadamente o São Francisco. Dessa época e desse ciclo econômico data, por conseguinte, a formação de um complexo nordestino cujos traços sobreviveram por não terem sofrido alteração por nenhum ciclo posterior.

A primeira base da economia foi, portanto, o açúcar, e a unidade do Brasil deveu-se muito ao controle político do território exercido pela Coroa. Porém sua expansão foi graças a seus exploradores e seus pecuaristas. A tarefa de estender realmente o território, de ocupá-lo, de traçar rotas certas e duradouras, foi dos pecuaristas. Assistiu-se a uma conquista fulminante, a uma verdadeira explosão territorial, cuja consolidação e valorização vieram graças a seus pacientes esforços para estabelecer estradas, fazendas e pousadas. Presentes desde a época do açúcar, os pecuaristas tinham ocupado a mata semi-árida do sertão, criando bois para fornecer às plantações do litoral a carne seca, o couro e os animais indispensáveis para girar os moinhos dos engenhos. As minas de ouro também precisaram deles, e o movimento de expansão da criação prosseguiu para o interior, para o norte e para o sul. Os pecuaristas, que já tinham ocupado o alto São Francisco antes da descoberta do ouro, reforçaram sua presença, porque as minas constituíam novos mercados. Essa criação, apoiada nas estradas e feiras estabelecidas, deu impulso decisivo à extensão do domínio português para o sul, frente aos espanhóis.

Foi, portanto, a pecuária, mais do que o ouro, que contribuiu para dilatar o espaço brasileiro, tanto que ela durou após o colapso aurífero, criando estradas e ponto de apoio estáveis: as fazendas eram estabelecimentos fixos, duradouros, amparos úteis nestas extensões imensas. A partir delas, o gado ia para o litoral seguindo caminhos fixosde rio em rio, as estradas boiadeiras, comparáveis aos trails do oeste americano. Ao longo dessas pistas, que fixaram o traçado das estradas de hoje, povoados ofereciam etapas, pastos para descanso ou engorda e feiras periódicas. Muitas delas tornaram-se grandes cidades, como Feira de Santana (Bahia) ou Campina Grande (Paraíba). Mundo sem escravos, violento, porém mais igualitário que o universo das plantações e das minas, o mundo da pecuária prolongou as zonas do açúcar e do ouro -uma fronteira móvel, mas organizada, onde se manteve o espírito pioneiro dos bandeirantes, consolidando e homogeneizando o espaço que tinham conquistado.

A expansão e a consolidação - séculos XVIII e XIX


Faltava, contudo, conquistar a imensa bacia amazônica para dar ao País a sua atual dimensão, o que foi feito a partir do fim do século XVIII. A Coroa portuguesa tinha sido levada a tomar posse da foz do Amazonas para responder à ameaça dos corsários estrangeiros. Em seguida ocorreu um duplo movimento, o dos militares e dos jesuítas, ambos fixando seus estabelecimentos, fortes ou missões cada vez mais longe, rio acima. Eram ambos ansiosos de avançar o mais rapidamente possível, porque, no mesmo momento, outros militares e outros missionários progrediam também na bacia do Amazonas-os emissários do rei da Espanha. Graças a essa disputa, que continuou mesmo quando as coroas da Espanha e de Portugal tinham se unido (União-Ibérica: 1580 -1640), a progressão foi rápida, apesar dos parcos recursos. O forte de Manaus foi fundado em 1669, e as missões escalonaram-se ao longo de todo o rio a partir da metade do século XVII. Quando os jesuítas foram expulsos, em 1661, a conquista estava praticamente terminada. No século XVIII, o movimento ampliou-se, progredindo ao longo dos afluentes.

A exploração econômica reduzia-se à caça e à extração de algumas plantas, raízes, borracha e resinas, e os sonhos de riqueza, alimentados por mitos recorrentes (o lago Pari-ma, o Eldorado), nunca se materializaram. O motor da conquista foi a vontade dos portugueses, agentes daCoroa e da Igreja, de estender seu domínio. Dois fatores favoreceram essa ambição. Por um lado, era mais fácil avançar rio acima, beneficiando-se da navegação franca da bacia do Amazonas, enquanto nos domínios espanhóis a cordilheira dosAndes constituía um formidável obstáculo. Por outro lado, a resistência espanhola foi frouxa e descontínua, porque a Amazônia pesava pouco em um império assentado principalmente sobre as populações e as minas do Peru e do México, cujas linhas de comunicação passavam mais pelo Caribe e pelo Rio da Prata do que por este rio remoto e pouco cômodo.

Em 1750, no Tratado de Madri, que definia e delimitava em alguns trechos os impérios espanhóis e portugueses. É notória a expansão territorial desde Tordesilhas.

O século XIX e o início do século XX foram marcados pelos últimos "ciclos", sem dúvida os que mais contribuíram para modelar o território. O mais curto foi o da borracha. A demanda mundial de pneumáticos cresceu muito rapidamente com o desenvolvimento do automóvel, e para satisfazê-la instaurou-se todo um sistema. No patamar superior estavam as casas de importação e exportação de Belém e Manaus, e no inferior os seringueiros.

A maior parte vinha do Nordeste, menos atraídos pela borracha do que expulsos pela terrível seca que devastou o sertão a partir de 1877. Mais deum milhão de nordestinos vieram, assim, instalar-se na Amazônia, e muitos ficaram após o desmoronamento do sistema da borracha. Com esse episódio, começou a primeira onda de migrações internas, prova de que a população brasileira tinha atingido sua massa crítica e já era, então, bastante numerosa para alimentar correntes internas, das regiões mais consolidadas para as terras novas, sem depender totalmente da imigração.

A maior parte vinha do Nordeste, menos atraídos pela borracha do que expulsos pela terrível seca que devastou o sertão a partir de 1877. Mais deum milhão de nordestinos vieram, assim, instalar-se na Amazônia, e muitos ficaram após o desmoronamento do sistema da borracha. Com esse episódio, começou a primeira onda de migrações internas, prova de que a população brasileira tinha atingido sua massa crítica e já era, então, bastante numerosa para alimentar correntes internas, das regiões mais consolidadas para as terras novas, sem depender totalmente da imigração.A partir de 1910 -quando a Amazônia produzia 80% da borracha mundial -, as plantações inglesas e holandesas do sudeste da Ásia chegaram à maturidade, e a sua produção, mais regular e menos dispendiosa que o extrativismo amazônico. Durante esse curto período, a Amazônia brasileira foi percorrida, ampliada, e os avanços pioneiros foram oficializados pelos tratados com a maior parte dos países vizinhos, como o de 1903, que permitiu anexar o Acre. Foi também povoada: sua população passou de 300.000 habitantes a 1.500.000 entre 1872 e 1920. Privada dos recursos da borracha, entrou em letargia, da qual saiu apenas no início dos anos de 1970.

Nesse mesmo período, a onda do café transformou o sul do País e assegurou a sua decolagem econômica. Introduzido no Brasil no século XVIII, o café desenvolveu-se magnificamente. No momento em que a demanda mundial para a nova bebida aumentava, o país podia oferecer climas e solos bem adaptados às exigências dessa planta delicada, encontrando, assim, o novo recurso que lhe faltava para impulsionar novamente a economia. Essa nova cultura podia, além disso, servir-se dos antigos sistemas, aqueles da cana-de-açúcar, e inicialmente não provocou nenhuma mudança de estrutura. As plantações de café, originalmente próximas do Rio de Janeiro, estenderam-seprogressivamente para Minas Gerais e, sobretudo pelo vale do Paraíba do Sul, para São Paulo. O café encontrou nos planaltos ocidentais sua terra preferida, onde, sob florestas intactas, estendiam-se solos férteis, a famosa terra roxa, a terra avermelhada pela decomposição do basalto.

No entanto, o ciclo do café não constituiu uma réplica tardia e meridional do ciclo do açúcar. O sistema escravista da plantação, dominado pela casa-grande, já era, no século XIX, um anacronismo insuportável. Externamente, a Grã-Bretanha, por razões diversas, algumas nobres e outras nem tanto, liderava a campanha pela abolição da escravatura e impunha a proibição ao tráfico sobre todos os mares. Era também insuportável internamente, para as elites intelectuais, cujo ponto de vista, apoiado em considerações humanitárias e práticas, acabou influenciando a decisão do imperador. A queda do Império seguiu-se à abolição da escravatura, proclamada em 1888, e essa conjunção, não fortuita, marcou em todos os planos a entrada do Brasil em uma nova era.

A cultura do café foi inicialmente desorganizada pelo fim da escravidão, mas a resposta foi rapidamente encontrada: substituiu-se a mão-de-obra servil, pouco qualificada e evidentemente pouco motivada, por uma mão-de-obra assalariada ou sob contrato constituída essencialmente de europeus, cuja imigração era organizada e parcialmente custeada pelos fazendeiros e pelo governo de São Paulo. Esse brusco fluxo de população permitiu estender as plantações e, em pouco tempo, todo o sistema se organizou em torno da ferrovia, que permitia fazer avançar a frente dedesmatamento e exportar o café. Sobre os espigões dos planaltos ocidentais montou-se uma rede que ligava as cidades regularmente espaçadas.

Esse novo ciclo econômico alterou profundamente as estruturas do País. Como os ciclos precedentes, dominou de maneira quase exclusiva a economia nacional, modelou uma nova região, e, posteriormente, começou a declinar. Porém, tinham sido introduzidos novos fatores que permitiriam continuar o processo de desenvolvimento em outras bases, e a antiga região do café é hoje notável por muitas outras atividades, que lhe asseguram uma supremacia esmagadora na economia brasileira.

Dessa longa sucessão de ciclos, o País saiu profundamente marcado em sua estrutura regional e em seu estilo de desenvolvimento. Vestígios dos ciclos são ainda bem visíveis no arquipélago brasileiro, pois o deslocamento do centro de gravidade deixou atrás de si três tipos de regiões. Aquelas que são apenas ruínas de ciclos anteriores, as que puderam sobreviver ao seu fim e, por último, aquelas em que se acumulam atividades dinâmicas, recursos e poder. Os desequilíbrios regionais, tão evidentes no Brasil, são, em grande parte, produtos dessa história contrastada.

Assim, a organização atual do espaço brasileiro incorpora, por conseguinte, as heranças de sua história econômica, da gênese de sua economia e de sua sociedade. O Sudeste beneficiou-se, após o ciclo do café, das condições acumuladas que foram fundamentais para o desenvolvimento industrial quemudou o ritmo da história econômica brasileira.

O MARANHÃO E A FALSA EUFORIA DO FIM DA ÉPOCA COLONIAL


Veja o site:

https://www.academia.edu/37537272/Resumo_de_Forma%C3%A7%C3%A3o_Econ%C3%B4mica_do_Brasil_-_parte_4_-_Celso_Furtado

 

Conforme cita Furtado o último quartel do século XVIII é representado por um declínio na economia, tanto açucareira quanto áurea, causando um grande impacto na economia geral.

 

“A renda per capita, ao terminar o século, provavelmente não seria superior a cinquenta dólares de poder aquisitivo atual –admitindo uma população livre de dois milhões –, sendo esse provavelmente o nível de renda mais baixo que haja conhecido o Brasil em todo período colonial”(FURTADO, 2007, P. 138).

 

 No final do século XVII, a agroexportação brasileira viveu um período de expansão. A Revolução Americana, a independência do Haiti e outros conflitos abriram o mercado externo aos produtos brasileiros.

 

A economia brasileira possuía um conjunto sistêmico, cujo alguns se interligavam entre si e outros eram independentes, esse conjunto circundava dois eixos fundamentais, a economia açucareira e a áurea. O eixo açucareiro interligava-se de maneira sútil à pecuária nordestina e ao núcleo do ouro o pecuário provindo da região sul que ia de SãoPaulo ao Rio Grande. Na região norte dois centros independentes se desenvolviam, um na região do Maranhão e outro na região do Pará, este tinha como base uma economia focada no extrativismo, onde provinha da extração de produtos da floresta com o uso de mão-de-obra indígena, já o Maranhão embora autônomo, possuía uma ligação sucinta com a região açucareira por intermédio da periferia pecuária. Sendo assim o único centro totalmente independente era o Pará. Desta forma o escritor conclui que “os três principais centros econômicos –a faixa açucareira, a região mineira e o Maranhão –se interligavam, se bem que de maneira fluida e imprecisa, através do extenso hinterland pecuário.” (2007, p. 139).

Nesses últimos vinte e cinco anos deste século, frente á esses sistemas, o que teve o maior avanço foi o da região maranhense, devido à atenção do governo português, especificamente Pombal, pois o mesmo enfrentava uma batalha com os jesuítas, dos quais eram inimigos de primeira mão dos maranhenses. Com isso Pombal fezum alto investimento, tornando o Maranhão um estado apto para grandes exportações de algodão.

 

“A produção maranhense encontrou, assim, condições altamente propícias para desenvolver-se e capitalizar-se adequadamente. A pequena colônia, em cujo porto entravam um ou dois navios por ano e cujos habitantes dependiam do trabalho de algum índio escravo para sobreviver, conheceu excepcional prosperidade no fim da época colonial, recebendo em seu porto de cem a 150 navios por ano e chegando a exportar 1 milhão de libras” (FURTADO, 2007, p. 140)

 

Segundo Furtado, exceto o Maranhão, todas as demais regiões passavam por sérias dificuldades econômicas. Nos primeiros vinte anos do ultimo quartel deste século, houve uma sucessão de acontecimentos políticos externos que interferiram diretamente na economia brasileira. A guerra dos EUA e sua influência na região maranhense, A Revolução Francesa e as consequências para as regiões produtoras de mercadorias tropicais e finalmente “as guerras napoleônicas, o bloqueio e o contra bloqueio da Europa, e a desarticulação do vasto império espanhol da América.” (2007, p. 140).

A expansão da produção e exportação brasileira estava vivendo uma realidade de curta duração. Tão logo as guerras e conflitos se encerrassem e os países voltassem a colocar os seus produtos no mercado mundial, a produção brasileira teria de diminuir em razão do aumento da oferta e da diminuição da demanda.

Em 1789 a colônia francesa do Haiti sofreu uma grande crise, criando um novo ciclo de progresso na economia açucareira. Com a elevada demanda de algodão durante a guerra, somada a crescente evolução do desenvolvimento industrial, resultou no desenvolvimento do nordeste, juntamente com o Maranhão, investimento para produção deste material. Outro acontecimento que também influenciou diretamente em nossa economia foi as atribulações vividas nas colônias espanholas, refletindo nas economias baseadas na produção de couro e produtos tropicais. Esse momento prospero vivido era passageiro, pois todas essas economias estavam baseadas em momentos de instabilidades políticas,que conforme iam se restabelecendo passavam a depender menos desse mercado.

Com a queda das exportações, o Brasil passou a viver sérios problemas econômico-financeiros. Os déficits da balança comercial se acumulavam, o que obrigava o governo a contrair novos empréstimos externos, aumentando ainda mais a dívida externa brasileira.

PASSIVO COLONIAL, CRISE FINANCEIRA E INSTABILIDADE POLÍTICA

O professor de economia prossegue afirmando neste capitulo que as contribuições europeias no final do século XVIII e no início do seguinte, embora tenham contribuído para um avanço no cenário político do país, serviu para favorecer o inicio de uma crise no declínio da economia áurea. Houve então a abertura dos portos e a independência da colônia, porém para que isso acontecesse o Brasil teve que conceder à Inglaterra vantagens que num futuro próximo o levaria a graves consequências.

Com a independência de Portugal, o Brasil conseguiu se colocar frente ao mercado europeu do qual dependia. No entanto houve uma incoerência entre os líderes da economia brasileira e os ingleses, devido ao acordo comercial que privilegiava somente a Inglaterra que possuía inúmeras vantagens econômicas sob o Brasil, esse desacordo causou uma série de dificuldades econômicas para o país. Em seu livro Furtado explica de forma sucinta o estado em que se encontrava a situação econômica e política deste país.


“O governo central, que enfrenta extraordinária escassez de recursos financeiros, vê sua autoridade reduzir-se por todo o país, numa fase em que as dificuldades econômicas criavam um clima de insatisfação em praticamente todas as regiões. As províncias do norte –Bahia, Pernambuco e Maranhão –atravessam um momento de sérias dificuldades econômicas. Os preços do açúcar caem persistentemente na primeira metade do século, e os do algodão, ainda mais acentuadamente. Na Bahia e em Pernambuco, e em especial no Maranhão, a renda per capita deve haver declinado substancialmente durante esse período. Na região sul do país as dificuldades econômicas se acumularam como reflexo da decadência da economia do outro, principal mercado para o gado produzido no sul. As inúmeras rebeliões armadas do norte e a prolongada guerra civil do extremo sul são o reflexo de empobrecimento e dificuldades.” (2007, p. 146).

 

É no auge desses acontecimentos que começa a aparecer o café, uma nova origem de riqueza para esta nação.

 

CONFRONTO COM O DESENVOLVIMENTO DOS EUA

 

Para Furtado, o Brasil enfrentou sérios problemas em sua economia, causando um extenso período de crise econômica, devido à queda substancial dos valores dos produtos frente à exportação e conjuntamente com a inexperiência de um novo governo e uma nação em processo de solidificação política.

Para o Brasil aplicar um modelo econômico baseado no modelo utilizado nos EUA, não passe de teoria, para explicar melhor o escritor começa explicando que “o protecionismo surgiu nos EUA, como sistema geral de politica econômica, em etapa já bem avançada do século XIX, quando as bases de sua economia já se haviam consolidado” (2007, p. 152).

Conforme citado nos capítulos cinco e seis, os EUA passou por um processo de independência diferente do Brasil.

 

O método de controle da metrópole inglesa era diferente, essa preocupava-se em manter na colônia apenas investimentos quenão abrisse um mercado concorrente ao seu e sim que somasse, com o intuito de diminuir o número de importação de origens estrangeiras. Já as colônias enfrentavam problemas para obter matéria-prima importada, sendo assim para suprir suas necessidades acabaram encontrando formas para se desenvolverem e, portanto, suprirem suas carências. Outro passo importante que marcou o desenvolvimento desta colônia é a questão naval, pois devido a sua localização frente aos países europeus, acabou desenvolvendo uma indústria para a construção de navios, que teve o ápice do seu desenvolvimento durante as guerras napoleônicas.

“A Guerra da Independência, cortando por vários anos todo suprimento de manufaturas inglesas, criou um forte estimulo à produção interna, que já dispunha de base para expandir-se. Logo em seguida teve início a etapa de grandes transtornos políticos na Europa, os quais criaram estímulos extraordinários para o desenvolvimento da economia norte-americana. (...) Para que se tenha ideia dessa prosperidade, basta ter em conta que de 1789 a 1810 a frota mercante norte-americana cresceu de 202 mil para 1,425 milhão de toneladas, e que todos esses barcos eram construídos no país” (FURTADO, 2007, p.154)

 

Embora os EUA tivessem uma posição favorável frente à economia, ainda dependia da exportação de produtos básicos como o algodão, responsável pelo avanço econômico devido ao ápice da Revolução Industrial. Para elucidar o autor mostra em dados essa alta, que entre os anos de 1780 e 1850, a exportação cresceu de 2 mil toneladas para aproximadamente 250 mil anuais.

 

DECLÍNIO A LONGO PRAZO DO NÍVEL DE RENDA: PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX


Conforme Furtado explica, para que o Brasil tivesse se desenvolvido no mesmo ritmo que os EUA, seria necessário que tivesse uma demanda intensa de exportações, no entanto o Brasil não possuía uma indústria desenvolvida para tal. O país estava sobrevivendo basicamente da produção e do consumo interno, pois os ciclos econômicos estavam em decadência.

Sendo assim o economista conclui queo principal motivo do declínio da economia foi a queda no volume de exportações. “Durante esse período, a taxa de crescimento médio anual do valor em libras das exportações brasileiras não excedeu 0,8 por cento, enquanto a população crescia a uma taxa anual de cerca de 1,3 por cento” (2007, p. 160).

Levando em consideração qualquer margem de erro, o autor considera que este foi o período em que a renda per captafoi a mais baixa em todo o período da colônia.

Tratados Brasil e Inglaterra


Em 1808, logo que chegou ao Brasil, D. João VI assinou o primeiro decreto beneficiando a Inglaterra: instituiu na Carta Régia a abertura dos portos às Nações Amigas, pondo fim ao antigo Pacto Colonial, que era a forma de comércio onde a Metrópole tinha exclusividade no comércio com o Brasil, ou seja, o Brasil só poderia vender e comprar de Portugal. Com esse decreto, que se torna permanente dois anos depois, a Inglaterra poderia comprar e vender diretamente do Brasil. O contrabando diminuiu drasticamente e houve aumento dos produtos ingleses no país.

O Tratado de Comércio e Navegação foi um acordo assinado entre Portugal e a Inglaterra em 19 de fevereiro de 1810, com a finalidade de "conservar e estreitar" as relações de aliança entre as duas monarquias. Os ingleses eram bastante prejudicados pelo chamado Bloqueio Continental, imposto por Napoleão, e necessitavam urgentemente de uma abertura de novos mercados. Com esse decreto, a Inglaterra poderia comprar e vender diretamente do Brasil.

O Tratado era ilimitado: sua duração e as suas obrigações e condições eram perpétuas e imutáveis. Havia, entretanto, a possibilidade de revisão após quinze anos. Essa ressalva, excluía alterações por motivo de mudança de sede da monarquia para Portugal.

Em 1810, D.João VI assinou vários tratados com a Inglaterra, sendo o de maior interesse o de Comércio e Navegação, cuja concessão essencial foi a permissão de entrada de mercadorias inglesas pagando apenas o direito de 15% ad valorem. As decisões dos decretos de 28 de janeiro e de 11 de junho de 1808 foram revogadas pelo Tratado de 1810, que estabelecia a taxa de 15% para os comerciantes lusos, sobre as mercadorias inglesas; mantinha os 16% sobre as mercadorias portuguesas; e 24% sobre as mercadorias de outras origens, a liberação do porto de Santa Catarina para os navios ingleses a garantia de imunidade aos súditos ingleses as discussões sobre a gradual abolição do tráfico negreiroOs ingleses dominaram o mercado brasileiro. Multiplicaram-se as firmas inglesas por todo o Brasil e a entrada de todo tipo de mercadorias, fossem ou não adequadas ao clima, aos hábitos e aos costumes dos brasileiros. Os direitos preferenciais dados pelo Tratado, no Brasil, eram estendidos para portos portugueses na Europa, Ásia e África.



Como consequências dos Tratados de 1810, podemos assinalar: anulação da burguesia mercantil lusa no comércio com o Brasil, em favor do crescimento do comércio britânico; invalidação, na prática, do Alvará de Liberdade Industrial, retardando o desenvolvimento industrial brasileiro; início da preponderância britânica sobre o Brasil, que seria incorporado à órbita do capi­talismo inglês.

Para o Brasil, esse acordo estabeleceu o acesso de novas mercadorias, aumento dos produtos ingleses, com o acordo  acabou o pacto colonial que era prejudicial aos comerciantes e diminuiu o custo de vida. Para os portugueses era o fim de grandes lucros, em contrapartida o contrabando diminuiu drasticamente, ao contrário dos ingleses, que teriam lucro e autonomia grandes no Brasil.




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