segunda-feira, 20 de julho de 2020

7º ANO - PET Volume 2 - 4ª Semana (9ª semana) - As descobertas científicas e a Expansão marítima.

A partir do século XV, sob a liderança de portugueses e espanhóis, os europeus começam um processo de intensa globalização, a chamada Expansão Marítima. Este fato também ficou conhecido como as Grandes Navegações e tinha como principais objetivos: a obtenção de riquezas (atividades comerciais) tanto pela exploração da terra (minerais e vegetais) quanto pela submissão de outros seres humanos ao trabalho escravo (indígenas e africanos), pela pretensão de expansão territorial, pela difusão do cristianismo (catolicismo) para outras civilizações e também pelo desejo de aventura e pela tentativa de superar os perigos do mar (real e imaginário).

Sendo assim, preconizaremos nossa análise no desejo de aventura e superação dos perigos do mar. Será que no momento das Grandes Navegações os europeus acreditavam realmente que o planeta Terra tinha o formato de um quadrado? E que nos mares existiam monstros tenebrosos?

Sempre que lemos textos sobre a Expansão Marítima Europeia é comum encontrarmos referências aos perigos dos mares, a inexperiência e inexatidão dos navegadores, esses textos nos dão a impressão de que os europeus não tinham nenhum aparato técnico e tecnológico para a época, e parece-nos que quando iriam lançar-se ao mar, estariam caminhando na escuridão, sem visão e sem destino. Quem nunca ouviu dizer ou leu sobre a chegada dos portugueses ao território do atual Brasil, que esses queriam ir às Índias e se perderam e acabaram chegando à América! Então, chegaram aqui por acaso?

Primeiramente devemos pensar como essas ideias (terra quadrada, mar tenebroso, monstros, zonas tórridas) foram surgindo no pensamento e mentalidade dos europeus no século XV. Desde a Idade Média a Igreja Católica era detentora de enormes poderes políticos e espirituais (religioso). Portanto, a Igreja disseminava teorias sobre as coisas naturais, humanas e espirituais para exercer prontamente o seu poder. Geralmente, aqueles que contrariavam as teorias Teocêntricas da Igreja sofriam sérias perseguições. Além do mais, o catolicismo exercia a proibição e a censura de certos livros, principalmente dos filósofos da antiguidade clássica (Platão, Aristóteles, Sócrates).

Esta situação somente começou a mudar com o advento do renascimento urbano e comercial. Permitindo outras possibilidades de leituras do mundo, das coisas naturais, humanas e espirituais. Sendo assim, o infante português D. Henrique iniciou em Sagres (Sul de Portugal) um local de estudos que reuniu navegadores, cartógrafos, cosmógrafos e outras pessoas curiosas pelas viagens marítimas.

Este local de estudos ficou conhecido como Escola de Sagres, nesta escola desenvolveram novos estudos sobre técnicas de navegação, aperfeiçoaram a bússola, o astrolábio (ferramentas de orientação geográfica), produziram constantes mapas das rotas pelos oceanos e criaram novos tipos de embarcação, por exemplo, as caravelas, mais leves e movidas por velas latinas de formato triangular, que facilitavam as manobras em alto mar e propiciavam percorrer maiores distâncias.

As diferenças são nítidas entre o acaso de navegar e a precisão nas navegações, se analisarmos mapas feitos anteriormente à Escola de Sagres, percebemos nestes a presença de monstros nas ilustrações dos oceanos como obstáculos dos navegadores, outro aspecto importante nestes mapas era a presença de anjos desenhados no céu, representando a proteção aos navegadores, como se esses anjos estivessem protegendo as embarcações.

Além de superar os perigos reais (as tempestades, as danificações nas embarcações, encalhes, naufrágios e lugares desconhecidos, as doenças, a fome e a sede), os navegadores, pela mentalidade medieval, ainda tinham que superar os medos imaginários (os monstros marinhos, histórias narrando que na altura da linha do Equador os navios se incendiariam: a zona tórrida, de que a Terra era achatada quanto mais navegavam mais próximos estariam do abismo: dimensão plana do planeta). 
Há existência de estórias de navegadores europeus terem visto sereias, antípodas (criaturas com os pés virados para trás), cinocéfalos (criaturas com corpo humano e cabeça de cachorro que comiam carne humana), ciclopes (monstro caracterizado por ter um único olho no meio da testa), e outras tantas  criaturas monstruosas e maravilhosas, quando viajaram por regiões desconhecidas.
 
Nessa imagem estão retratados alguns monstros que os europeus (sobretudo os portugueses e espanhóis) acreditavam existir. Até os séculos XV e XVI, quando ocorreram as grandes viagens marítimas, acreditava-se que esses monstros habitavam a região das Índias. Porém, a medida que os navegadores foram chegando a tais regiões e desmistificando-as, passaram a acreditar que as criaturas monstruosas estavam em outras terras que ainda eram desconhecidas. Dessa forma o oceano Atlântico e o “Novo Mundo”, ou o Continente Americano, passaram a ser o reduto onde habitavam esses monstros.

Acreditamos que a presença dos medos imaginários existiu, mas as inovações técnicas e tecnológicas (Escola de Sagres) propiciaram outro “olhar” para as navegações, permitindo a Expansão Marítima Europeia.  

A difusão da ideia da chegada ao continente americano por parte dos portugueses não passa de um possível enaltecimento dos feitos lusitanos, que teriam enfrentado o mar tenebroso e heroicamente encontrou o “Novo Mundo”. Sobre a desconstrução do acaso (se perderam e chegaram a América), temos relatos que comprovam que outros navegadores chegaram antes de Pedro Álvares Cabral (abril de 1500), forma eles: o italiano Américo Vespúcio (1499), o espanhol Vicente Pinzón (1499), e Diego de Lepe (janeiro de 1500), mas não tomaram posse da terra.

Portanto, se outros navegantes passaram pelo litoral do atual Brasil antes da esquadra de Cabral, possivelmente eles saberiam o trajeto para chegar. Nos relatos dos tripulantes, não há referência a tempestades e turbulências no mar; pois mesmo se estivessem perdidos no mar a bússola e o astrolábio (tecnologia da época) orientariam os navegadores geograficamente, e com certeza saberiam a posição que se encontravam.

Os europeus usavam as especiarias para conservar a carne e tornar o seu sabor mais agradável (na época não havia geladeira), no preparo de remédios e perfumes.




No período das grandes navegações, havia alguns produtos que não existiam na Europa e, em função disso, eles eram muito valorizados e procurados pelos europeus. Eram chamados de especiarias. As especiarias não podiam ser cultivadas na Europa em função do clima do continente. Esses produtos tinham um valor muito alto e eram encontrados em sua grande maioria no Oriente. Em busca do lucro e das vantagens que essas especiarias ofereciam, muitos países se lançaram ao mar rumo às terras do Oriente.



INSTRUMENTOS NÁUTICOS 

A expansão portuguesa obrigou a uma evolução bastante rápida da Ciência Náutica, uma vez que se tornou necessário superar novos obstáculos. Os Portugueses praticavam uma navegação de cabotagem, utilizando a barca e o barinel, embarcações pequenas e frágeis, até ao século XV, altura em que foram substituidos pela Caravela e pela Nau. O desenvolvimento da navegação astronómica com novos instrumentos e técnicas de navegação e os progressos da Cartografia permitiram que os portugueses se aventurassem «por mares nunca dantes navegados».

 ASTROLÁBIO

 
O astrolábio era um instrumento naval antigo, usado para medir a altura dos astros acima do horizonte e para determinar a posição dos astros no céu, tendo sido usado, durante muito tempo, como instrumento para a navegação marítima.
 QUADRANTE

O quadrante, que tinha a forma de um quarto de círculo graduado de 0º a 90º e um fio de prumo no centro, tinha duas pínulas com um orifício, por onde se fazia pontaria à Estrela Polar. Este instrumento permitia determinar a distância entre o ponto de partida e o lugar onde a embarcação se encontrava, cujo o cálculo se baseava na altura desse astro.

SEXTANTE

Instrumento utilizado para calcular o posicionamento global na navegação estimada, mas serve também para o cálculo de distância com base no tamanho aparente de objetos.

 BÚSSOLA

A bússola foi provavelmente o instrumento de navegação e orientação mais usado durante os descobrimentos. Esta “pequena caixa” de madeira é compostas por uma agulha magnetizada colocada num plano horizontal e suspensa pelo seu centro de gravidade, que aponta sempre para o eixo norte-sul, ao seguir a direcção do norte magnético da Terra, indicando-nos o Norte.

 BALESTILHA












Este instrumento, que se supõe ter sido inventado pelos portugueses, é extremamente simples, sendo constituído por uma vara de madeira de secção quadrada e tendo cerca de 80 centímetros de comprimento. A sua função era medir a altura (em graus) que une o horizonte ao astro e, dessa forma, determinar os azimutes, antes e depois da sua passagem meridiana.

 CARAVELA
A caravela foi uma embarcação criada pelos portugueses e usada durante a época dos descobrimentos nos séculos XV e XVI. Era uma embarcação rápida, de fácil manobra, capaz de bolinar e que, em caso de necessidade, podia ser movida a remos. Com cerca de 25 m de comprimento, 7 m de boca e 3 m de calado deslocava cerca de 50 toneladas, tinha 2 ou 3 mastros, convés único e popa sobrelevada. As velas latinas (triangulares) permitiam-lhe bolinar (navegar em ziguezague contra o vento).

 NAU

Nau é uma denominação genérica dada a navios de grande porte até o século XV usados em viagens de grande percurso. Durante a época dos Descobrimentos, houve uma evolução dos tipos de navio utilizados.
De grande porte, como castelos de proa e de popa, com dois, três ou quatro mastros, e com duas ou três ordens de velas sobrepostas, as naus eram imponentes e de armação arredondada, chegando a ter 600 toneladas no auge da Carreira da Índia.  


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