domingo, 31 de maio de 2020

7º ANO - 3ª SEMANA - MATÉRIA - A Idade Moderna e suas especificidades.

  A Colonização Portuguesa

O processo de consolidação de colônias portuguesas iniciou em 1415, com a Conquista de Ceuta, na costa africana e de algumas ilhas do Oceano Atlântico. Esse primeiro momento da expansão marítima portuguesa alcançou seu ápice quando os navios portugueses ultrapassaram o Cabo das Tormentas (atual Cabo da Boa Esperança), que até então era um dos limites do mundo conhecido.

No ano de 1497, o navegador Vasco da Gama empreendeu as últimas explorações que concretizaram a rota rumo às Índias, via a circunavegação do continente africano. Com essa descoberta o projeto de expansão marítima de Portugal parecia ter concretizado seus planos.

O processo de expansão marítima português chegou ao seu auge quando, em 1500, com a descoberta das terras brasileiras.

A colonização da África pelos europeus remonta ao século XV, quando Portugal dominou os primeiros territórios na costa atlântica do continente. Na busca por uma rota para as Índias, os portugueses encontraram ali grande oportunidade de atender a seus anseios mercantilistas.

Após os primeiros contatos, nem sempre amigáveis, com aldeias e reinos africanos, os lusitanos passaram a instalar feitorias no litoral. A partir delas, como em Angola, podiam-se explorar metais preciosos, marfim, produtos agrícolas e escravos.
No entanto, foi a mão de obra escrava o carro-chefe da economia portuguesa na África. O tráfico negreiro contava com a participação das elites locais, que trocavam cativos por mercadorias trazidas pelos europeus, como tabaco, aguardente e diversos produtos manufaturados. A princípio, os cativos eram levados para as plantações de açúcar existentes nas ilhas do norte do continente e, em menor escala, para Portugal. A partir do século XVI, porém, o Brasil passou a ser o principal mercado consumidor de escravos,
A descoberta de um caminho marítimo para a Ásia intensificou os contatos entre os europeus e alguns povos asiáticos.  Em 1510, os portugueses conquistaram a cidade de Goa, na costa oeste da Índia, e aí instalaram uma feitoria (fortificação primitiva onde eram armazenadas e comercializadas mercadorias), as especiarias existentes no Oriente e cobiçadas pelos europeus, um dos principais pontos comerciais portugueses no Índico foi Goa, onde comercializavam: pimenta, gengibre, canela, cravo, noz-moscada, açafrão,  para além de dezenas de drogas de produção oriental.
Durante o período colonial no Brasil, de 1500 a 1822, desenvolvem-se no Brasil múltiplas atividades econômicas de subsistência e de exportação. As que mais interessam à metrópole e a sua política mercantilista são aquelas dirigidas para o mercado externo, submetidas direta ou indiretamente ao monopólio e à tributação real.
A primeira atividade econômica da colônia, o Brasil, é a exploração do pau-brasil, mas ela perde a importância quando as árvores começam a escassear na região da mata Atlântica.
Destacam-se então as monoculturas exportadoras de cana-de-açúcar, algodão e tabaco e a mineração de ouro e diamante, ramos em geral baseados na grande propriedade e na escravidão. Paralelamente, a criação de gado, vista como um meio de subsistência, contribui para a colonização do interior do país.

Mercantilismo

Mercantilismo é o conjunto de práticas e ideias econômicas desenvolvidas na Europa entre o séc. XV e XVIII.  O mercantilismo tinha por objetivo fortalecer o Estado e enriquecer a burguesia, para isso, era preciso ampliar a economia para dar mais lucro afim de que a população pudesse pagar mais impostos. 

Consideravam que a exportação (na linguagem de hoje) é que traria riquezas e vantagens e assim começou uma competição comercial. Ocorreu então o metalismo, que era o acumulo de moedas dentro do país, que quantificava a riqueza de acordo com a quantidade de metais preciosos possuídos, e isso era considerado um sinal de que o objetivo havia sido alcançado. O único recurso encontrado então foi aplicar uma balança comercial favorável para manter o equilíbrio monetário que para eles era exportar mais e importar menos. 

O Estado teve que tomar medidas para desenvolver o monopólio já que este era aplicado com dificuldade. O Estado percebeu que o acumulo de riquesas se dava mais por operações mercantis e então condicionou todas as necessidades do comércio exterior. O Mercantilismo Comercial e Marítimo - baseava-se na teoria de comprar barato e vender caro. Os mercantilistas defendiam a tese de que a riqueza de uma nação era medida pela quantidade de metal que acumulassem.

Um dos maiores críticos a esse sistema foi Adam Smith, considerado por muitos como o criador do liberalismo econômico. Isso porque, segundo ele, a riqueza de uma nação não deve ser proveniente do acumulo de metais e sim através do trabalho.

Veja o site:  
 https://www.youtube.com/watch?v=Pw_sBBciJTM  
 https://www.youtube.com/watch?v=F5sl0kfxzN4 



O conceito de balança comercial fez refêrência à diferença entre exportação e as importações por parte de um país em um dado período. É um importante indicador para a análise econômica e serve de parâmetro de comparação entre diferentes nações.

Importação e Exportação

  • ImportaçãoÉ quando um país compra mercadorias ou produtos originados em outro país. Exemplo: O Brasil compra equipamentos eletrônicos da China.
  • ExportaçãoÉ a saída de um produto ou mercadoria de um país para outro. Exemplo: O Brasil vende soja para a Europa.

Deficit e Superavit

Deficité o termo que define o saldo negativo da balança comercial. Nesse caso, as importações superaram as exportações, ou seja, o país comprou mais do que vendeu no período estabelecido.
Superavité o termo que define o saldo positivo da balança comercial. Nesse caso, as exportações de um país superaram as importações, ou seja, no período de apuração, entrou mais dinheiro no país do que saiu.
Em geral, os países desenvolvidos exportam produtos com alto valor agregado, como veículos, medicamentos, aparelhos eletrônicos e produtos de tecnologia, enquanto os países subdesenvolvidos vendem produtos primários, resultantes das atividades econômicas da agricultura, pecuária e extrativismo.
A balança comercial de um país tem relação direta com o Produto Interno Bruto (PIB). À medida que aumenta a produção e exportação de um país, o seu PIB acompanha esse crescimento e, quando as exportações passam por declínio, ocorre queda no Produto Interno Bruto do país. O crescimento econômico é medido em função do Produto Interno Bruto (PIB) de determinado período de tempo. 

Economia Brasileira

A economia brasileira apresenta um perfil sólido, sendo um grande exportador de uma variedade de produtos, o que fomenta o desenvolvimento econômico. As principais atividades que contribuem para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são a agropecuária, o setor de serviços, indústria e comércio, isto é, a produção, alocação e consumo de bens e serviço.
Sendo o maior país em extensão territorial do mundo, o Brasil tem muitas possibilidades de desenvolver variadas atividades que contribuem para o desenvolvimento financeiro. Além da exploração de riquezas minerais, a vasta extensão de terra é favorável para agricultura.
Com alto potencial exportador, a economia brasileira gira em torno dos principais produtos de exportação do país, se sustenta na agricultura, pecuária, na produção de minério de ferro e de peças para o suprimento das categorias aeronáuticas e automotivas, um dos mais relevantes produtores de petróleo.
A economia atual não visa o acumulo de metais preciosos, podemos dizer que o universo da economia é um leque de opções, caminhos ou maneiras para gerar riquezas para um país utilizando-se dos seus recursos disponíveis. Não, Há uma série de outros elementos importantes para a economia do país, tanto materiais quanto imateriais. 
Do ponto de vista material, outros setores da economia, como a indústria, serviços e agricultura são hoje, na maioria dos países, mais importantes que a exploração de metais preciosos. Já no aspecto imaterial, boas relações políticas e diplomáticas com outros países, sistemas de impostos racionais e facilidade para que os negócios sejam desenvolvidos são alguns elementos fundamentais para a saúde econômica de um país.A cada momento novos desafios (problemas) para o mundo da economia vêm surgindo. Um deles é satisfazer as necessidades humanas e que determinado bem econômico, seja ele, um bem material (concreto, ou seja, bens em que se pode mensurar, dá características, ex. uma casa, um barco, etc.) ou bem imaterial (abstrato,ou seja,bens em formas de serviços,ex.: a consulta do médico com o seu paciente,o ensino da professora ,os serviços bancários e dos correios,etc.) possa ter repercussão no mercado.

A exportação é uma das principais operações econômicas de um país, por meio dela é possível compreender a situação econômica.
Vale lembrar que, para o equilíbrio da balança comercial, o saldo das exportações precisa ser igual ou mais alto que o saldo de importações.     
Os principais produtos que o Brasil exporta são: soja, petróleo, minério de ferro, celulose, milho, carne de frango, produtos manufaturados, carne bovina, farelo de soja, açúcar.
Os produtos mais importados pelo país são: produtos manufaturados, medicamentos (humano e veterinário), óleo combustível, parte e peças para veículos automotores e tratores, circuito integrado e micro conjunto eletrônico, defensivos agrícola (inseticida, formicida, herbicida e produtos semelhantes), compostos heterocíclicos e seus sais e sulfonamidas, plataformas de perfuração ou de exploração, dragas, etc, naftas (para a produção de propeno, eteno, benzeno, xileno e tolueno), automoveis de passageiros.
Principais parceiros comerciais de importação (compra): Estados Unidos, União Européia, Argentina, Arábia Saudita , Japão, Venezuela, México, Uruguai, Chile, China, Coréia do Sul, Kuwat, Nigéria.
Alemanha, Espanha, México,  Espanha, Holanda.
Principais parceiros comerciais de exportação (vende): China, Estados Unidos, Argentina, Holanda, Chile, Alemanha, Espanha, México, Japão, Índia. 

Links dos sites usados nas respostas:

Produtos mais importados: https://www.fazcomex.com.br/blog/principais-produtos-importados-brasil/

Produtos mais exportados: https://santandernegocioseempresas.com.br/app/internacionalizacao/produtos-mais-exportados-pelo-brasil Países que vendem para o Brasil: https://alunosonline.uol.com.br/geografia/comercio-exterior-no-brasil.html#:~:text=Os%20principais%20parceiros%20que%20o,do%20Sul%2C%20Kuwait%20e%20Nig%C3%A9ria Países que mais compram do Brasil: https://www.allog.com.br/blog/comercio-internacional-os-10-paises-que-mais-importam-do-brasil/ Metais importantes para a indústria: https://www.docsity.com/pt/metais-e-ligas-metalicas-2/4913351/#:~:text=3.Metais%20Importantes%20para%20ind%C3%BAstria,Cobre%2C%20Chumbo%2C%20Magn%C3%A9sio

A indústria é um setor essencial para o desenvolvimento econômico, setor gerador de empregos, o setor industrial é um grande termômetro da nossa economia. Se ela vai mal, a economia sofre, se ela vai muito bem, a economia avança.
Ficando atrás apenas do agronegócio neste quesito, cerca de 15% dos brasileiros economicamente ativos trabalham na indústria. O setor gera empregos anualmente, mas a sua maior importância está no desenvolvimento econômico. A produção do setor industrial é um dos mais importantes alicerces da evolução da sociedade em diversos países.
Das maiores indústrias brasileiras em valores de vendas, destacam-se as dos setores de energia, mineração, química, automotiva e de bens de consumo, como dos segmentos alimentícios e de bebida.
Figurando sempre entre as primeiras posições nos rankings de produção, volume de vendas e presença no mercado, estão as grandes estatais, como Petrobras e Vale; as processadoras de aço e minério de ferro e as gigantes montadoras automotivas multinacionais. Mas outros setores como a produção de máquinas, têxteis e vestuário, químicos e fertilizantes, eletroeletrônicos e equipamentos de telecomunicação também fazem parte da composição de uma indústria diversificada e de forte presença nas importações e exportações.

Temos indústrias cuja fabricação é baseada no uso de metais.
Os principais metais industriais mais importantes são: Alumínio, Zinco. Ferro, Ouro, Prata, Cobre, Chumbo, Magnésio, Aço, Bronze, Latão, Magnálio.




terça-feira, 26 de maio de 2020

1º ANO - 2ª SEMANA - PLANO DE ESTUDO TUTORADO - ATIVIDADES



SITE PARA PESQUISA

3º ANO - MATÉRIA - 2ª SEMANA


O coronelismo e o voto de cabresto

No final do século XIX, a economia brasileira continuava a ser agrária: a maioria da população residia e trabalhava na zona rural e era controlada pelos grandes proprietários de terra, chamados coronéis.
Por sua vez, a Constituição republicana havia instituído o voto aberto, não secreto.
Os coronéis, então, criaram maneiras para controlar o processo eleitoral: impunham o nome de determinado candidato aos eleitores e os coagiam por meio da atuação dos jagunços. Além disso, em troca do voto prometiam aos eleitores favores de diversas espécies, como proteção, dinheiro, roupas, emprego e cuidados médicos, que nem sempre eram cumpridos. Essa prática ficou conhecida como o voto de cabresto.
Além de controlar o eleitorado, os coronéis fraudavam as eleições para garantir o resultado desejado. Habilitavam, por exemplo, eleitores fantasmas, substituíam os votos das urnas e alteravam as planilhas com o resultado final.
Voto de Cabresto
O voto de cabresto representou uma forma eleitoral impositiva e arbitrária imposta pelos coronéis.
Definição
Voto de cabresto é uma expressão dada pela superposição de duas palavras. Assim, temos Voto, que é o exercício pleno da democracia; e a palavra Cabresto, do latim capistrum, que significa "mordaça ou freio".
Dessa maneira, temos um conceito quase paradoxal, na medida em que representa a democracia amordaçada e guiada como um animal de carga.

Voto de Cabresto na República Velha
 
Nas regiões mais carentes do Brasil, especialmente no nordeste, esse clientelismo é uma prática recorrente desde os tempos do Império.
Fora lugar comum durante a República Velha e talvez perdure até os dias de hoje.
Isso acontecia porque nosso sistema eleitoral era frágil e fácil de ser adulterado e manipulado segundo os interesses escusos das elites agrárias.
Nesse caso, o eleitor só necessitava entregar pessoalmente um pedaço de papel com o nome do seu candidato.
Note que ele poderia ser escrito pelo próprio coronel, já que a maioria desses eleitores nem mesmo sabia ler, e depositá-lo numa urna, num saco de pano.
É notável, nesse contexto, a troca de favores que constituiu o sistema de "voto em aberto", o qual ficara então conhecido como "voto de cabresto",

Voto de Cabresto e Coronelismo

Não é possível pensar em voto de cabresto sem considerar o Coronelismo ou a violência deste regime.
É conhecido o fato de o coronel ser um fazendeiro muito rico. Ele lançava mão de seu poder econômico e militar para garantir a eleição dos seus apadrinhados políticos.
Não raramente, esses coronéis obrigavam sua clientela, até mesmo com violência física, em casos extremos, podiam chegar a morte.
Esse domínio político sobre uma região é denominado "curral eleitoral" os quais elegem os candidatos apoiados pelo líder local.
Já que o voto era aberto, ou seja, era possível identificar cada eleitor, os votantes eram pressionados e fiscalizados por jagunços do coronel.
Esta situação só teve fim (ou foi reduzida), após a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas ascende ao poder, combatendo o coronelismo.
Mais adiante, em 1932 entra em vigor o primeiro Código Eleitoral do Brasil, que garante o voto secreto e, com isso, golpeia duramente o poder das elites rurais.

Tipos de Voto de Cabresto

Para garantir o controle político de seu “curral eleitoral”, os coronéis manipulavam o poder político. Destacam-se o abuso de autoridade, a compra de votos ou a utilização da máquina pública.
Não era raro também, a criação de "votos fantasmas", troca de favores e fraudes eleitorais. Essas, eram forjadas a partir de documentos falsificados para que menores e analfabetos pudessem votar.
Outra maneira recorrente era a fraude da contagem de votos, quando os coronéis desapareciam com urnas para adulterar seu resultado. Contudo, a forma mais eficaz era a coerção pela violência física e psicológica.
Atualmente, as práticas de “voto de cabresto” tornaram-se mais sofisticadas. Elas continuam a vigorar, inclusive nos centros urbanos, onde a figura paramilitar a exercer a violência são as milícias.
Logo, a vontade do eleitor é violada por narcotraficantes, milícias, líderes religiosos e pela manipulação das massas. E, seus imaginários, são levados por meio do clientelismo gerado pelos programas assistenciais.
Merece destaque, nos dias de hoje, o chamado "voto de cajado", do qual pastores e líderes espirituais “impõem” aos fiéis um certo candidato da igreja.
O reflexo disso é o fortalecimento da bancada religiosa no Congresso e outras instâncias representativas brasileiras.

A política dos governadores

Durante o Governo de Campos Sales (1898-1902), iniciou-se a chamada política dos governadores. A prática consistia num acordo em que os governadores estaduais, em apoio ao governo federal, ajudavam a eleger deputados e senadores favoráveis ao presidente da República. Em troca, este prometia não intervir no governo estadual, o que garantia a continuação do poder dos grandes fazendeiros locais.
Nesse período também foi criado um órgão sob controle do presidente, chamado Comissão de Verificação. Esse órgão tinha a função de dar a palavra final sobre a posse de deputados e senadores eleitos. Aqueles que fossem da oposição sofriam a degola, isto é, não eram empossados, em geral sob a acusação de fraude.
No plano municipal, os governadores recebiam o apoio dos coronéis. Criava-se, assim, uma corrente que, de um lado, ligava os poderes dos grandes fazendeiros estaduais aos redutos eleitorais nos municípios, e de outro, associava esses fazendeiros ao governo federal.


A Política dos Governadores foi um acordo político firmado durante o período da República Velha (1889-1930).
O intuito era unir os interesses dos políticos locais marcado pelas oligarquias estatais da época juntamente ao governo federal, para assim, garantir o controle do poder político.

Contexto Histórico
Durante o governo do paulista Campos Salles (1898-1902) o poder federal uniu-se às oligarquias estaduais concentrada nas mãos dos latifundiários. O intuito era estabelecer uma relação amistosa entre as partes.
Dessa forma, a troca de favores era clara: o governo federal concedia poder e liberdade política e ainda benefícios econômicos para as oligarquias estaduais.
Em troca, favoreciam a escolha dos candidatos por meio do voto aberto, comandadas e manipulada pelos coronéis, os quais representavam a força local.
Com isso, fica claro que as elites locais dominavam a cena política e econômica dos estados, sendo monopolizada por famílias nobres e muitas vezes comandadas pelos coronéis.
Esse movimento ficou conhecido como "coronelismo", em que eles partilhavam a metodologia do voto de cabresto (voto aberto). Isso viabilizou a corrupção desde fraudes eleitorais e compra de votos. Ademais, o aumento da violência por meio da dominação dos coronéis nos denominados “currais eleitorais”.
Através da “Comissão Verificadora dos Poderes”, a legitimação dos governadores eleitos nos estados era manipulada.
Isso reforçava a política dos governadores diante da triagem feito pelos coronéis apoiados e confiantes do poder federal.
Se caso fosse necessário, ocorria a exclusão dos políticos da oposição, os quais sofriam a “degola”, ou seja, a fraude eleitoral, sendo impedidos de tomar a posse do cargo.
Essa política foi confundida com a política do café com leite. Nesse modelo, os fazendeiros de minas, que dominavam a produção leiteira e os latifundiários paulistas, produtores de café, revezavam o poder na presidência do país.
No entanto, diferente dessa, a política dos governadores impulsionou tal estrutura necessária para sua consolidação mais adiante.
Com efeito, São Paulo e Minas Gerais dominavam a cena política e econômica do país. Na segunda metade do século XIX, o Brasil era o maior produtor e exportador de café.
Desde a Proclamação da República, em 1889, cujo modelo monárquico foi substituído por uma estrutura presidencialista republicana, a figura do presidente passava a ser a mais importante.
As oligarquias que possuíam e controlavam o poder local estatal, passaram a desenvolver estratégias junto ao poder federal.
Esse método de benefício dos grandes fazendeiros e do governo federal somente terminou com a Era Vargas (1930-1945) e como consequência fortaleceu a figura dos coronéis.
Além do governo de Campos Sales, o criador da política, outros presidentes do período de república velha usufruíram do sistema da Política dos Governadores:
  • Rodrigues Alves (1902 a 1906)
  • Afonso Pena (1906 a 1909)
  • Nilo Peçanha (1909 a 1910)
  • Hermes da Fonseca (1910 a 1914)
  • Venceslau Brás (1914 a 1918)
  • Delfim Moreira (1918 a 1919)
  • Epitácio Pessoa (1919 a 1922)
  • Arthur Bernardes (1922 a 1926)
  • Washington Luís (1926 a 1930)
O acordo do café com leite


São Paulo e Minas Gerais representavam, durante a Primeira República, as principais forças econômicas do país: o primeiro estado era responsável pela maior parte da produção de café e Minas, além de produzir café, respondia também pela criação do gado leiteiro.
Ao mesmo tempo, ambos estados eram populosos e tinham o maior número de eleitores. Isso tornava os fazendeiros desses dois estados os mais fortes do Brasil. Os líderes políticos de São Paulo e Minas indicavam e sustentavam o presidente de acordo com seus interesses e eram respaldados pelos grupos dominantes dos demais estados.
Em Minas Gerais, o Partido Republicano Mineiro (PRM) e, em São Paulo, o Partido Republicano Paulista (PRP), uniam as elites regionais e estaduais. Atuando de forma coesa, controlavam a política nacional, num esquema que passou à história com o nome de política do café com leite. Assim, buscaram garantir que a partir de Campos Sales, os presidentes da República fossem indicados por paulistas ou mineiros. E assim conseguiram nas eleições presidenciais até 1930, com apenas duas exceções: a do alagoano Hermes da Fonseca e a do paraibano Epitácio Pessoa.

Política do Café com Leite

A política do café com leite foi uma estrutura de poder empregado no Brasil durante a República Velha (1889-1930), que consistiu no predomínio político dos cafeicultores de São Paulo e dos fazendeiros de Minas Gerais, que se revezavam ocupando a presidência do país.
Desde os tempos do Império a aristocracia cafeeira dominava a vida política do país, de modo a defender seus interesses econômicos.
Durante os primeiros governos republicanos, os cafeicultores que não participaram diretamente do golpe militar que proclamou a República foram descriminados.
Com isso, a influência política dos produtores de café só voltou a ser significativa a partir do terceiro governo republicano, quando Prudente de Moraes o primeiro presidente civil, assumiu a Presidência.
O controle do voto da população rural pelos coronéis ficou conhecido popularmente como "voto de cabresto". Por meio do voto de cabresto eram eleitos os chefes políticos locais (municipais), regionais (estaduais) e federal (o governo central). A fraude, a corrupção, e o favorecimento permeavam todo o processo eleitoral de modo a deturpar a representação política.

No âmbito municipal os coronéis locais dependiam do governador para obtenção de auxílio financeiro para obras públicas e benfeitorias gerais, daí a necessidade de apoiar e obter votos para os candidatos de determinada facção das oligarquias estaduais. As oligarquias estaduais também dependiam de votos para conquistarem ou assegurarem seu domínio político, daí a necessidade de barganharem com os coronéis locais. Semelhante condição de dependência política se manifestava nas relações do governo federal com os governos estaduais.
A Política dos Governadores estabelecia que os grupos políticos que governavam os estados dariam irrestrito apoio ao presidente da República, em contrapartida o governo federal só reconheceria a vitória nas eleições dos candidatos ao cargo de deputado federal pertencentes aos grupos que o apoiavam.
As raízes da liderança paulista e mineira na política brasileira, durante a República Velha, encontravam-se na própria Constituição republicana, promulgada em 24 de fevereiro de 1891.
A Constituição de 1891 determinava a forma federativa com ampla autonomia dos estados e a sua representação proporcional na Câmara dos Deputados, isto é, cada estado elegia um número de Deputados Federais proporcional ao número de seus habitantes.
Os estados de São Paulo e Minas Gerais possuíam mais de um terço da população brasileira e formavam os maiores colégios eleitorais do país.
A supremacia política nacional, desses dois estados, se convencionou chamar de “Política do Café com Leite”, que só se definiu em suas linhas completas, a partir da Política dos Governadores, que consistia numa troca mútua de favores entre os governantes estaduais (oligarquias) e o Governo Federal.

A “Política do Café com Leite” caracterizou-se pela liderança dos chefes políticos do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM).